Com Portugal de fora para “proteger as mulheres”, Mundial arranca no Qatar

Invocando os regulamentos, a covid-19 e o incumprimento dos direitos das mulheres, a federação portuguesa renunciou ao XV Campeonato do Mundo de padel que começa nesta segunda-feira em Doha.

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Ricardo Oliveira, presidente da Federação Portuguesa de Padel Nelson Garrido

Do cartaz constam as grandes potências do padel mundial (Argentina, Espanha, Brasil, França e Itália) e as maiores estrelas da modalidade (Alejandro Galan, Paquito Navarro, Fernando Belasteguin, Agustin Tapia, Alejandra Salazar, Gemma Triay, entre outros), mas a partir desta segunda-feira e até ao próximo sábado, o XV Campeonato do Mundo de padel não contará, por opção da Federação Portuguesa de Padel (FPP), com a presença de Portugal.

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Do cartaz constam as grandes potências do padel mundial (Argentina, Espanha, Brasil, França e Itália) e as maiores estrelas da modalidade (Alejandro Galan, Paquito Navarro, Fernando Belasteguin, Agustin Tapia, Alejandra Salazar, Gemma Triay, entre outros), mas a partir desta segunda-feira e até ao próximo sábado, o XV Campeonato do Mundo de padel não contará, por opção da Federação Portuguesa de Padel (FPP), com a presença de Portugal.

É uma decisão que começa a ser uma regra. Depois de renunciar à participação nos últimos dois Campeonatos da Europa da modalidade (2019 e 2021), a FPP prescindiu também de estar na principal prova organizada pela Federação Internacional de Padel (FIP), embora tenha orçamentado a presença no evento no contrato-programa de desenvolvimento desportivo para 2021 que assinou com o IPDJ. 

O XV Campeonato do Mundo de padel esteve inicialmente marcado para 2020, tendo sido adiado devido à pandemia de covid-19. Os prazos de inscrição para a competição foram prolongados por três vezes, mas, conforme explicou ao PÚBLICO, em Julho do ano passado, Queco Catalan, director desportivo da FIP, a federação internacional nunca recebeu “qualquer informação de Portugal”.

Na altura, Ricardo Oliveira, presidente da FPP, afirmou ao PÚBLICO que essa decisão se deveu ao incumprimento de “regulamentos e estatutos” por parte da FIP, o que o motivou a apresentar “junto do TAS quatro processos”. Um ano mais tarde, a justificação para privar os melhores jogadores portugueses de competirem no principal palco da modalidade foi diferente.

Após explicar, em declarações à agência Lusa, que não se inscreveu por não querer colocar “as vidas das jogadoras em perigo”, Ricardo Oliveira, em entrevista ao PÚBLICO, invocou também a pandemia, reforçado a ideia de “uma má vontade” da sua parte em “relação a tudo o que se passa no Qatar” e a que diz ser “sensível e coerente”.

O dirigente referiu que após conversar com o Ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues, entendeu o “recado” quanto à “igualdade de género”, decidindo não “pôr as nossas selecções em perigo”, nem “expor as nossas mulheres ao que pode acontecer no Qatar”.

“Julgo que este Governo é democrata e temos a missão de tratar as mulheres de forma igual à que tratamos os homens. Nós não somos o Qatar. Não batemos nas mulheres até à morte na rua se elas nos forem infiéis, por exemplo”, disse Ricardo Oliveira.

Em Maio deste ano, após ficar confirmado que Portugal não iria marcar presença no Mundial, juristas contactados pelo PÚBLICO não tiveram dúvidas em afirmar que “faz parte da própria definição de Utilidade Pública Desportiva, segundo a lei portuguesa, a representação internacional”.

Já o IPDJ, defendeu-se dizendo na altura que “não dispunha” de “indicação da não-participação” da FPP no Europeu e no Mundial. O organismo presidido por Vítor Pataco, referiu, em resposta ao PÚBLICO, que estava “a proceder à análise dos relatórios de 2020, da generalidade das federações” e que era “prematuro fazer qualquer consideração sobre um processo que ainda” estava “em curso”.

Do lado do Ministério da Educação, a resposta surgiu do Gabinete do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que embora referisse que “a análise destas questões se encontra na esfera do IPDJ, nos termos previstos legalmente, sendo certo que, por princípio”, “as selecções nacionais de todas as modalidades devem competir internacionalmente e os seus atletas, que tanto trabalham para lá chegar, não devem ser privados desse direito”. 

Porém, será sem os melhores jogadores e jogadoras portugueses que a prova vai arrancar nesta segunda-feira. O sorteio para a maior competição de padel mundial foi realizado domingo e emparelhou as 16 selecções que vão disputar no Khalifa International Tennis & Squash Complex, em Doha, o Mundial com maior participação de sempre.

Argentina e Espanha, as duas selecções que dominam o padel mundial, vão estar no Grupo A e no Grupo B. Em masculinos, os argentinos vão ter como rivais na fase inicial o Uruguai, o México e a Dinamarca, enquanto os espanhóis vão ter que defrontar o Chile, o Reino Unido e os Estados Unidos.

Já na competição feminina, a Espanha terá pela frente o Brasil, o Paraguai e o Japão, enquanto a Argentina terá um grupo quase idêntico ao masculino: Uruguai, México e Reino Unido.

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