Viagem para o Qatar só com bilhete low cost

Selecção portuguesa marcou muito cedo no jogo, mas permitiu a reviravolta da Sérvia nos minutos finais da partida e falhou o apuramento directo para o Campeonato do Mundo.

Foto
EPA/MARIO CRUZ

Bastava um ponto a Portugal, mas no final, a Sérvia, a única selecção que procurou sempre conquistar três, acabou por sair justamente premiada. Depois de conseguir o apuramento directo para o Euro 2016, o Mundial 2018 e o Euro 2020, sempre sob o comando de Fernando Santos, a selecção portuguesa regressou ao um fado antigo e, tal como na qualificação para o Mundial 2010, o Euro 2012 e o Mundial 2014, terá de seguir pela via low cost para garantir um bilhete para o Qatar, no final do próximo ano. Num jogo em que teve tudo a favor (golo de Renato Sanches aos 2’), a equipa nacional nunca controlou a Sérvia e, no minuto 90, Aleksander Mitrovic garantiu aos sérvios a vitória no jogo (1-2) e no Grupo A da fase de qualificação para o Mundial 2022. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Bastava um ponto a Portugal, mas no final, a Sérvia, a única selecção que procurou sempre conquistar três, acabou por sair justamente premiada. Depois de conseguir o apuramento directo para o Euro 2016, o Mundial 2018 e o Euro 2020, sempre sob o comando de Fernando Santos, a selecção portuguesa regressou ao um fado antigo e, tal como na qualificação para o Mundial 2010, o Euro 2012 e o Mundial 2014, terá de seguir pela via low cost para garantir um bilhete para o Qatar, no final do próximo ano. Num jogo em que teve tudo a favor (golo de Renato Sanches aos 2’), a equipa nacional nunca controlou a Sérvia e, no minuto 90, Aleksander Mitrovic garantiu aos sérvios a vitória no jogo (1-2) e no Grupo A da fase de qualificação para o Mundial 2022. 

Três dias depois de ter gerido, em Dublin, a condição física e o perigo de exclusão de vários dos seus trunfos, Fernando Santos não surpreendeu na escolha do esquema táctico (4x3x3), mas fugiu ao guião previsto na escolha do trio do meio-campo. Se a aposta na fiabilidade de João Moutinho não era novidade, menos expectável foi a colocação no banco de Palhinha e de Bruno Fernandes, preteridos em favor de Danilo e Renato Sanches. De resto, nada de novo, com apenas três jogadores (Patrício, Danilo e Ronaldo) a manterem a titularidade após o jogo na Irlanda. 

Se Santos tinha o conforto de jogar em casa e garantia o bilhete para o Qatar com dois resultados (vitória ou empate), Dragan Stojkovic sabia que apenas uma vitória colocava de imediato a Sérvia no Mundial 2022, mas a escolha do “onze” da selecção dos Balcãs mostrou que o antigo médio do Estrela Vermelha e Marselha teve respeito pelo nome do adversário.

Ao contrário do que é habitual, Stojkovic não colocou a sua equipa de início em 3x5x2, um sistema de vocação ofensiva com dois pontas-de-lança: o jovem Vlahovic, um dos avançados europeus mais cobiçados, e Aleksander Mitrovic, melhor marcador do Grupo A. Na verdade, o jogador do Fulham começou a partida no banco e, no apoio a Vlahovic, surgiu o talentoso Tadic. 

Perante um rival em que abunda o talento individual, Portugal necessitava, prioritariamente, de ganhar a batalha no miolo e de conseguir manter a posse de bola o máximo de tempo possível, mas, mesmo com uma enorme ajuda ao fim de 94 segundos, os portugueses não conseguiram ter o jogo sob controlo.

The partial view '~/Views/Layouts/Amp2020/NOTICIA_POSITIVONEGATIVO.cshtml' was not found. The following locations were searched: ~/Views/Layouts/Amp2020/NOTICIA_POSITIVONEGATIVO.cshtml
NOTICIA_POSITIVONEGATIVO

Sem que houvesse tempo para perceber como as equipas iam abordar o duelo, um erro de Gudelj pareceu colocar Portugal bem encaminhado para o apuramento directo: o médio ex-Sporting deixou-se antecipar por Bernardo Silva e Renato Sanches, de forma oportuna, marcou pela terceira vez pela selecção.

Antes de se cumprir o segundo minuto, Portugal ganhava um alento extra, mas foi a Sérvia que, sem nada a perder, pegou no comando da partida. Assumindo o risco, os sérvios instalaram-se em frente à área portuguesa e, replicando a táctica irlandesa, pressionaram o portador da bola. Sem soluções, a equipa portuguesa recuou e o primeiro aviso surgiu aos 12’: Vlahovic acertou no poste. 

Mesmo não criando oportunidades sucessivas, as ameaças da equipa de Stojkovic eram constantes e, sem que Portugal aproveitasse o espaço na defesa sérvia, o (justo) empate chegou: Tadic rematou, a bola sofreu um desvio, mas Patrício deu uma ajuda ao capitão sérvio (33’). Com o empate, a Sérvia baixou a intensidade, mas, até ao intervalo, apenas por uma vez (Moutinho, aos 41’) a equipa portuguesa criou perigo.

Com pouco a perder, Stojkovic arriscou e recuperou o seu “plano A” - trocou ao intervalo Gudelj por Mitrovic -, mas com isso deixou fugir o controlo que tivera até aí no jogo. Com menos um jogador a meio-campo e uma equipa portuguesa mais agressiva, a Sérvia perdeu a supremacia que conseguiu nos 45 minutos iniciais. O resultado foi um jogo mais pausado, o que agradava a Fernando Santos, e com mais portugueses a surgirem perto da área sérvia, quase sempre com Renato Sanches a assumir o papel principal.

Embora sem sentir os calafrios da primeira parte, Santos, aos 64’, mudou a estratégia, adaptando-se ao adversário: Palhinha e Bruno Fernandes nos lugares de Moutinho e Bernardo Silva, com Danilo a passar para terceiro central. 

A opção colocou Portugal de tracção a trás e Stojkovic agradeceu: no minuto 90, já com três pontas-de-lança (entrou Jovic), uma bola parada foi a oportunidade perfeita para a sociedade entre Tadic (fez a assistência) e Mitrovic voltar a fazer estragos. Com o oitavo golo no Grupo A, o avançado do Fulham garantia o merecido bilhete em primeira classe para os sérvios.