Funchal: novo executivo altera ciclovia construída pela anterior vereação
Novo presidente da autarquia tinha prometido intervir na obra que está a ser construída, e decidiu agora alterar o percurso e encurtá-lo.
São 500 metros. Meio quilómetro de ciclovia que vai desaparecer no Funchal. O executivo municipal liderado por Pedro Calado, da coligação PSD/CDS-PP, vai alterar o traçado da obra que começou a ser executada pela anterior vereação, da coligação Confiança (PS, Bloco, PDR e Nós, Cidadãos!), que saiu derrotada nas autárquicas de Outubro passado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
São 500 metros. Meio quilómetro de ciclovia que vai desaparecer no Funchal. O executivo municipal liderado por Pedro Calado, da coligação PSD/CDS-PP, vai alterar o traçado da obra que começou a ser executada pela anterior vereação, da coligação Confiança (PS, Bloco, PDR e Nós, Cidadãos!), que saiu derrotada nas autárquicas de Outubro passado.
Em causa, explica Calado, estão os problemas de “mobilidade e congestionamento” na circulação automóvel, numa das principais entradas da cidade a Oeste. “Tendo em consideração o número crescente de moradias e residências que irão ser aqui construídas, é preciso pensar em termos futuros”, argumenta Pedro Calado, para quem não “fazia sentido” priorizar um “circuito de ciclovia” em detrimento da circulação automóvel.
A questão da mobilidade, e da ciclovia em particular, foi um dos temas que atravessou a campanha eleitoral para as últimas eleições que opôs Calado a Miguel Silva Gouveia, o anterior presidente da autarquia. O agora líder do município foi sempre bastante crítico do projecto, que atravessa a zona turística da cidade e a área de expansão urbana, suprimindo uma faixa de rodagem e desviando o trânsito para arruamentos paralelos, para dar espaço à ciclovia.
As alterações anunciadas vão ser feitas em dois momentos. O primeiro, num troço que ainda está em construção, que vai ser alterado para que continuem a existir duas faixas de rodagem para a circulação automóvel. O segundo, vai ocorrer quando a obra estiver toda concluída, e passa por desmantelar parte da ciclovia já operacional.
“Vamos retirar o separador central, os pinos e vamos fazer a utilização daquela faixa para viaturas prioritárias, autocarros de turismo e transportes públicos”, disse Calado, referindo-se a uma parte da ciclovia que está implantada numa ponte.
O autarca justifica o timing da intervenção, com questões relacionadas com o Tribunal de Contas. Os dois troços integram o mesmo projecto, e legalmente não é possível proceder a alterações antes da conclusão. “Esta obra está encaixada num concurso e temos de terminar com os procedimentos legais. Logo que este troço fique concluído, vamos dar início à abertura de um novo procedimento, para fazer a rectificação da ciclovia na ponte do Ribeiro Seco.”
O projecto está orçado em 1,2 milhões de euros e foi financiado com perto de 900 mil euros por fundos comunitários, estando prevista a conclusão para Março do próximo ano.
A ciclovia no Funchal começou a ser construída em 2009, numa altura em que Miguel Albuquerque era presidente da autarquia e Pedro Calado vice-presidente, com uma extensão de 640 metros. Foi ampliada, cinco anos depois, em 1.850 metros, já com outra vereação, a mesma que pretendia agora acrescentar 2,5 quilómetros de percurso ciclável. O objectivo passava por encorajar a utilização regular da bicicleta, e, numa quarta fase, prolongar a ciclovia até ao centro da cidade, em mais sete quilómetros.
Calado não se compromete com essa ambição, mas admite retomar o projecto agora interrompido, se foram encontradas “soluções urbanísticas” que envolvem habitações existentes na zona.