Madrinha de guerra

Uma história verídica da Guerra Colonial serve de pretexto para um melodrama à medida do pequeno ecrã.

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Havia, de facto, aqui um filme. Mas ficou por fazer

Na base de O Som que Desce na Terra está a história verídica de Maria Estefânia Anacoreta, que, em meados dos anos 1960, percorreu Angola transportando mensagens gravadas de familiares para os soldados destacados para a guerra. Por si só, o embate de uma mulher da “metrópole” com a realidade da Guerra Colonial poderia dar um excelente drama, mas nas mãos das argumentistas Filipa Poppe e Joana Andrade e do realizador Sérgio Graciano (Perdidos, Linhas de Sangue, Assim Assim) esta inspiração verídica é adaptada não em função do arco da personagem, mas sim em  função dos efeitos melodramáticos que ela permite. Ou seja: por mais que o filme queira contar o choque de Maria da Luz (Gabriela Barros), mãe burguesa desesperada pela falta de notícias do marido desaparecido em combate, com o mundo real da guerra, fá-lo de acordo com um modelo dramático terrivelmente banal e previsível, onde as personagens não existem enquanto seres providos de acção e agência mas enquanto “bonecos” funcionais para possibilitar esta ou aquela situação dramática. Tudo são “atalhos” pouco credíveis que nunca conseguem criar no espectador o pretendido efeito emocional — o mais que conseguem é o olhar pouco entusiasmado de quem já viu tudo isto contado desta maneira na televisão.

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Na base de O Som que Desce na Terra está a história verídica de Maria Estefânia Anacoreta, que, em meados dos anos 1960, percorreu Angola transportando mensagens gravadas de familiares para os soldados destacados para a guerra. Por si só, o embate de uma mulher da “metrópole” com a realidade da Guerra Colonial poderia dar um excelente drama, mas nas mãos das argumentistas Filipa Poppe e Joana Andrade e do realizador Sérgio Graciano (Perdidos, Linhas de Sangue, Assim Assim) esta inspiração verídica é adaptada não em função do arco da personagem, mas sim em  função dos efeitos melodramáticos que ela permite. Ou seja: por mais que o filme queira contar o choque de Maria da Luz (Gabriela Barros), mãe burguesa desesperada pela falta de notícias do marido desaparecido em combate, com o mundo real da guerra, fá-lo de acordo com um modelo dramático terrivelmente banal e previsível, onde as personagens não existem enquanto seres providos de acção e agência mas enquanto “bonecos” funcionais para possibilitar esta ou aquela situação dramática. Tudo são “atalhos” pouco credíveis que nunca conseguem criar no espectador o pretendido efeito emocional — o mais que conseguem é o olhar pouco entusiasmado de quem já viu tudo isto contado desta maneira na televisão.