NASA adia a data para o regresso de astronautas à Lua para 2025 – no mínimo
Disputas de empresas por um contrato com a NASA ou atrasos relacionados com a pandemia de covid-19 foram alguns dos motivos indicados pelo administrador da NASA para o adiamento da data.
A NASA adiou a sua data prevista para enviar astronautas à Lua para 2025 – no mínimo –, disse o administrador da agência espacial norte-americana esta terça-feira. Desta forma, estende-se para pelo menos mais um ano o calendário anunciado pelo anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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A NASA adiou a sua data prevista para enviar astronautas à Lua para 2025 – no mínimo –, disse o administrador da agência espacial norte-americana esta terça-feira. Desta forma, estende-se para pelo menos mais um ano o calendário anunciado pelo anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A administração de Donald Trump tinha o objectivo ambicioso de levar de novo humanos à superfície da Lua até 2024 através do programa Ártemis, que tencionava ser um trampolim para um objectivo ainda mais ambicioso de enviar astronautas para Marte.
O actual administrador da NASA, Bill Nelson, afirmou que os atrasos nas datas previstas estão relacionados com disputas legais ligadas ao contrato da empresa SpaceX para construir um veículo espacial para levar astronautas à superfície da Lua incluído no Ártemis. “Perdemos quase sete meses em litígios, o que provavelmente empurrou a primeira alunagem humana [deste programa] para não antes de 2025”, disse Bill Nelson numa conferência de imprensa. “Estimamos que a Ártemis 3 [a primeira missão do programa em que astronautas pousarão na Lua] não aconteça antes de 2025.”
Na última quinta-feira, um tribunal federal rejeitou uma acção judicial da Blue Origin, a empresa espacial de Jeff Bezos, contra uma decisão do Governo dos Estados Unidos num concurso da NASA em que se decidiu fazer um contrato de 2900 milhões de dólares com a SpaceX, liderada por Elon Musk. Esta decisão permitiu assim à NASA voltar a restabelecer a sua colaboração com a SpaceX. Mesmo assim, Bill Nelson salientou que a empresa de Elon Musk continuou a desenvolver o seu trabalho durante todo este período.
O administrador da NASA citou ainda outros factores para o adiamento do retorno de humanos à Lua. Bill Nelson indicou que o Congresso norte-americano tinha antes aprovado financiamento insuficiente para o programa espacial e que a administração de Donald Trump “apontou a alunagem de humanos para 2024 sem ter uma viabilidade técnica bem consolidada”. Além disso, Bill Nelson – antigo astronauta e senador norte-americano indicado pelo Presidente Joe Biden para liderar a agência espacial norte-americana – disse que os atrasos causados pela pandemia de covid-19 também tiveram um contributo.
Muitos antes, a NASA tinha antes planeado voltar com um veículo tripulado à superfície da Lua em 2028, depois de colocar em órbita a estação espacial Gateway à volta da Lua em 2024. Contudo, a administração de Donald Trump, numa declaração surpreendente do vice-Presidente Mike Pence, indicou novos prazos para colocar de novo norte-americanos na Lua e que isso aconteceria dentro de cinco anos. Nessa altura, Mike Pence disse que os Estados Unidos estavam numa nova “corrida espacial”, voltando assim a usar vocabulário dos anos 60 da Guerra Fria, para fazer face às potenciais capacidades espaciais da Rússia e da China.
Disputa com a China
Bill Nelson considerou que o programa espacial da China, que inclui a exploração robótica da superfície da Lua e de Marte, continua a ser um estímulo para o programa Ártemis. “Vamos continuar a ser tanto competitivos como a tentar ter uma forma segurança e tecnicamente viável de superar os nossos concorrentes com ambições na Lua”, afirmou.
Desde 2020, a NASA lançou três tripulações de astronautas a bordo de veículos da SpaceX para a Estação Espacial Internacional e espera-se que uma quarta missão esteja em órbita ainda esta semana. Esta semana, também voltaram à Terra quatro astronautas de uma missão científica da NASA de seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional.
Entre 1969 e 1972, o programa Apolo dos Estados Unidos enviou seis missões tripuladas à Lua – aliás, estas foram os únicos voos tripulados que chegaram até à superfície lunar. O programa Ártemis – assim nomeado em honra da irmã de Apolo e deusa da Lua na mitologia grega – tem o objectivo de criar uma colónia humana de longa duração na Lua como um trampolim para enviar astronautas para Marte.
Com base nos últimos prazos anunciados por Bill Nelson, a primeira missão do Ártemis, um teste de voo não tripulado da cápsula Oríon e do foguetão Space Launch System, está planeada para Fevereiro 2022. O primeiro voo tripulado da Oríon e do Space Launch System deverá acontecer no máximo até Maio de 2024. Nessa missão, astronautas irão a cerca de 40.000 milhas (mais de 64.000 quilómetros) acima da Lua – mais longe do que qualquer humano já foi – e voltarão depois para a Terra, disse Bill Nelson.
O administrador da NASA disse ainda que a alunagem humana inicial do Ártemis, agora prevista no mínimo para 2025, poderá ser precedida por algumas alunagens não tripuladas ainda sem uma data concreta. A NASA disse que a primeira missão tripulada que alunará incluirá pelo menos uma mulher.