Belga Thomas Pieters vence Portugal Masters
Ricardo Santos, em 32.º, foi o melhor português no Dom Pedro Victoria, em Vilamoura
Thomas Pieters entrou domingo para o prestigiado lote de cinco campeões do Portugal Masters que já integraram nas suas carreiras a seleção europeia da Ryder Cup. Após um final de última volta emocionante, concluída com um resultado final de 19 pancadas abaixo do Par, o jogador de 29 anos passou também para a história como o primeiro belga a vencer o mais importante torneio de golfe português.
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Thomas Pieters entrou domingo para o prestigiado lote de cinco campeões do Portugal Masters que já integraram nas suas carreiras a seleção europeia da Ryder Cup. Após um final de última volta emocionante, concluída com um resultado final de 19 pancadas abaixo do Par, o jogador de 29 anos passou também para a história como o primeiro belga a vencer o mais importante torneio de golfe português.
A 15.ª edição do evento de Vilamoura ficou marcada pelo regresso do público, com mais de 24 mil espectadores a afluírem ao Dom Pedro Victoria Golf Course ao longo dos últimos quatro dias.
O melhor português foi Ricardo Santos, no 32.º lugar (-5), registando uma interessante regularidade, pois andou toda a semana no top-35 do único torneio nacional do European Tour, que este ano voltou a distribuir 1,5 milhões de euros em prémios monetários.
E se os talentosos gémeos dinamarqueses Hojgaard, de 20 anos, deslumbraram no Algarve – com Nicolai a chegar ao 2.º lugar (-17), empatado com o compatriota Lucas Bjerregaard e o francês Mathieu Pavon –, também houve (quase) gémeos portugueses. Vítor Londot Lopes e Tomás Melo Gouveia jogaram juntos os quatro dias, tiveram resultados iguais nas três primeiras voltas, e só hoje se desirmanaram, com Lopes a fechar a sua participação no 61.º lugar (+6) e Gouveia em 62.º (+7).
Na cerimónia de entrega de prémios, presidida pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, a governante prognosticou, no seu discurso, o regresso do Portugal Masters em 2022. João Paulo Rebelo, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, visitou pela primeira vez o Portugal Masters, sublinhou a importância da vertente desportiva do evento algarvio e celebrou ainda o facto de três em seis portugueses terem passado o cut.
Thomas Pieters visita Portugal desde os seus tempos de amador. Lembra-se «de ter jogado aqui Campeonatos da Europa de sub-16 e sub-18» e o Portugal Masters foi um torneio obrigatório para ele, entre 2014 e 2017, mas não vinha a Vilamoura desde então. Já tinha provado poder jogar bem no traçado desenhado pelo mítico Arnold Palmer e em 2015 foi 6.º classificado (-12). Hoje juntou-se a Lee Westwood (2009), Shane e Lowry (2012), Andy Sullivan (2015) e Padraig Harrington (2016) como os “Ryder Cuppers” vencedores no Portugal Masters.
A três buracos do fim havia três jogadores a partilharem a liderança. Foi uma vitória arrancada a ferros, mostrando nervos de aço, sendo a terceira vez na sua carreira que foi capaz de segurar o comando alcançado aos 54 buracos. No entanto, este quinto título da sua carreira no European Tour teve «um sabor especial», porque andava a viver um jejum de troféus há exatamente dois anos e 81 dias, desde que triunfara no D+D Real Czech Masters em 2019.
«É uma sensação espantosa. Realmente… é uma sensação de muito tempo sem vitórias. Mas o Adam (Marrow, o caddie) e eu trabalhámos muito e sinto que mereço isto», começou por dizer o belga aos media internacionais.
Mais tarde, aos media portugueses, acrescentou: «Para mim foi muito especial fazer isto neste campo, pois venho aqui desde os meus 14 ou 16 anos, joguei neste campo Europeus de sub-16 e sub-18, e ter ganho finalmente aqui foi mesmo fixe. Foi o meu quinto título e agora quero seis, sete, oito… Eu adoro Portugal, estamos em novembro e estamos a jogar com uns 20 graus, num país lindo, num bom campo, que se adequa ao meu jogo… estou na lua».
Há pelo menos sete anos que Thomas Pieters é considerado um talento do golfe mundial. Em 2016 já era chamado para a Ryder Cup e em Majors obteve dois top-10’s em 2017 e 2018, mas nos últimos dois anos parecia que só se motivava para grandes eventos.
«Nestes dois anos sem ganhar não tive bem momentos de dúvida. Era mais uma certa impaciência, porque até tenho jogado bom golfe, mas faltava-me aquela pequena coisa… mesmo hoje poderia ter tudo caído para o lado do Mathieu (Pavon). Se ele não tivesse ido parar à água no buraco 17, poderia ter sido um torneio completamente diferente. É preciso um pouco de sorte para ganhar e eu tive isso nos dois últimos buracos», considerou.
Não foi só sorte, longe disso. Jogar o seu melhor golfe nos momentos importantes foi vital para esta vitória. Ontem precisou de um putt gigantesco e cheio de linha para fazer 1 birdie no buraco 18 e igualar Pavon no topo da classificação. Hoje, depois de ver Nicolai Hojgaard ir ao bunker no 18 e perder 1 pancada, assistiu à derrocada do seu parceiro de jogo, Mathieu Pavon, que meteu a bola na água no 17, para sofrer igualmente 1 bogey.
Por seu lado, Pieters esteve firme: arrancou 1 birdie no 17 e voltou a ser enorme no putt de 6 metros para Par no 18 para ganhar com 2 pancadas de vantagem sobre o trio de perseguidores. Os putts no 18 no Sábado e no Domingo vão ficar como dos melhores da história dos vencedores do Portugal Masters. «Foi um bom birdie no 17. No 18, sinceramente, só tentei fechar em 5 pancadas mas fazê-lo em 4 foi um bónus», admitiu, depois de embolsar um prémio de 237.810 euros.
A vitória no Algarve garantiu-lhe a subida do 70.º para o 29.º lugar na Corrida para o Dubai, fazendo com que esteja automaticamente qualificado para o DP World Tour Championship, no Dubai, em duas semanas, um torneio este ano reservado ao top-50 do ranking europeu. Será o seu sétimo ano seguido a apurar-se para o Dubai, mostrando que, realmente, foi jogando sempre consistente, mesmo nos dois anos em que não ganhou troféus. Aliás, este ano, já leva quatro top-10’s e oito top-20’s no European Tour!
«O campeão foi belga, um mercado que está a crescer para o Algarve e também aí correu tudo bem», frisou João Fernandes, o presidente do Turismo Algarve. O Portugal Masters também tem sido importante na captação ou consolidação de diversos mercados turísticos para o golfe na chamada Florida da Europa e é sintomático que em 15 anos tenhamos campeões de oito nacionalidades diferentes: Inglaterra, Irlanda, França, Espanha, Dinamarca, Bélgica, Austrália e África do Sul.
Claro que sonha-se com um campeão português, mas, como salientou João Paulo Rebelo, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, nota-se a subida do nível médio dos nossos jogadores: «É o reconhecimento do trabalho que tem sido feito no golfe em Portugal. Foi a primeira notícia que tive quando cheguei foi saber justamente que, da meia dúzia de jogadores portugueses em prova, três tinham chegado a esta fase final, o que há muitos anos seria um sonho. Se o sonho está a ser concretizado é porque alguém trabalhou bem».
Ricardo Santos foi o melhor português no Portugal Masters pela segunda vez na sua carreira, depois de 2012. Nesse ano foi 16.º (-6) e o 32.º posto deste ano acabou por ser a sua melhor classificação na prova desde então.
O português de 39 anos teve uma prestação sólida, sobretudo regular, mantendo-se todos os dias no top-35: 31.º, 30.º, 34.º e 32.º, com um agregado de 279 pancadas (70+69+71+69), 5 abaixo do Par. Ficou empatado com outros três jogadores e arrecadou 11.935 euros, que bem jeito irão dar para ajudá-lo à dispendiosa viagem ao Dubai na próxima semana, onde irá fechar a sua época e tentar entrar no top-122 que irá manter-se no European Tour em 2022. Para já, este 32.º posto em Vilamoura permitiu-lhe ascender do 169.º ao 160.º lugar na Corrida para o Dubai.
«Posso dizer que a semana foi bastante positiva. Hoje foi o dia em que “patei” melhor, embora não tenha sido aquele em que joguei melhor do tee ao green. Retiro daqui muitas coisas boas para a próxima semana, embora tenha ficado um pouco aquém do que eu gostaria, mas houve muitas coisas boas (…) e não vamos deixar que um shot mau manche a semana», disse o campeão nacional de 2011 e 2016, referindo-se à bola que enviou para a água no último buraco e que custou-lhe 2 pancadas. Não fosse esse duplo-bogey e Santos seria 26.º, com um prémio de cerca de 14 mil euros.
Se Ricardo Santos passou o cut no Portugal Masters pela quinta vez na sua carreira (o segundo melhor registo português de sempre), Vítor Lopes e Tomás Melo Gouveia fizeram-no pela primeira vez. Não mostraram tudo o que sabem nos dois últimos dias de prova, mas também retiraram ilações das suas participações.
«Agradeço ao público por ter-me acompanhado as quatro voltas… eu queria muito mais, porque fiz uma boa preparação, mas há que aprender e preparar-me para o próximo ano», disse Vítor Lopes, de 25 anos, que foi 61.º com 290 pancadas (71+69+76+74), 6 acima do Par, faturando 4.900 euros. Para ele, a época internacional acabou e vai jogar para o ano em “part-time” no Challenge Tour (a segunda divisão europeia) e com direitos totais de membro do Alps Tour (uma das terceiras divisões da Europa).
«O jogo não correspondeu outra vez, sobretudo nos greens. Mas foi uma experiência muito positiva, ao passar o cut e jogar no fim de semana, o que nunca tinha feito, pelo que fica sempre uma nota positiva. Estou feliz por ter jogado porque é assim que se aprende, é a jogar contra estes jogadores e fica a grande lição que levo daqui», declarou Tomás Melo Gouveia, que terminou em 62.º com 291 pancadas (71+69+76+75), 7 acima do Par, embolsando 4.761 euros. Também o irmão mais novo de Ricardo Melo Gouveia dá por finda a época internacional e em 2022 já sabe que será membro do Challenge Tour.
A 15.ª edição do Portugal Masters encerrou com a cerimónia de entrega de prémios que contou com Rita Marques (secretária de Estado do Turismo), João Paulo Rebelo (secretário de Estado da Juventude e Desporto), Vítor Aleixo (presidente da Câmara Municipal de Loulé), Miguel Franco de Sousa (presidente da Federação Portuguesa de Golfe), Nelson Cavalheiro (presidente da PGA de Portugal), Filipe Silva (administrador do Turismo de Portugal), Stefano Saviotti (proprietário do Dom Pedro Hotels & Golf Collection), Luís Correia da Silva (presidente do CNIG) e Keith Waters (Chief Operating Officer do European Tour).
«Há 15 anos que trabalhamos com o Portugal Masters e estamos desejosos de prosseguir com esta parceria e muito entusiasmados com a possibilidade de estarmos aqui todos no próximo ano», disse Rita Marques, no seu discurso em inglês, na cerimónia.
Mais tarde, em declarações aos media, acrescentou: «Ao fim de 15 edições, estamos muito empenhados em acolher o próximo ano e estamos a fazer tudo para que Portugal possa figurar novamente no calendário do European Tour».
Rory Colville, que este ano estreou-se nas funções de Championship Diretor do European Tour, frisou que «foi um torneio entusiasmante, só tivemos seis semanas para montá-lo e voltarmos a poder ter público, com mais de 24 mil espectadores, com quatro lindos dias de sol e um grande campeão em Thomas Pieters… sinceramente, não poderíamos estar mais satisfeitos. Ainda não temos uma data estabelecida mas estamos confiantes de que voltaremos para o ano».
Os principais resultados do 15.º Portugal Masters foram os seguintes:
1.º Thomas Pieters (Bélgica), 265 pancadas (68+64+65+68), -19, €237.810.
2.º Mathieu Pavon (França), 267 (68+64+65+70), -17, €104.546.
2.º Lucas Bjerregaard (Dinamarca), 267 (67+65+69+66), -17, €104.546.
2.º Nicolai Hojgaard (Dinamarca), 267 (67+69+67+64), -17, €104.546.
Os resultados dos três portugueses que passaram o cut, foram os seguintes (todas as entrevistas na íntegra em vídeo na conta de Facebook do Portugal Masters):
32.º Ricardo Santos (Titleist), 279 (70+69+71+69), -5, €11.935.
61.º Vítor Londot Lopes (CG Vilamoura), 290 (71+69+76+74), +6, €4.900.
62.º Tomás Melo Gouveia (San Lorenzo), 291 (71+69+76+75), +7, €4.761.
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