Maria tinha medo de não ser aceite
Ficar à parte de um grupo pode tornar triste qualquer criança. Maria Mete Medo só queria ser aceite pelos outros, mas não sabia como.
“A Maria Mete Medo era uma menina triste./ Não brincava, não corria…/ Nada disso ela queria!// Gostava era de meter medo a quem por ela passava./ Abria a grande bocarra, fazia caretas feias e a todos assustava!” Assim começa um livro que conta a história de uma menina que se sentia à margem das outras crianças da escola. Nunca tal deveria acontecer.
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“A Maria Mete Medo era uma menina triste./ Não brincava, não corria…/ Nada disso ela queria!// Gostava era de meter medo a quem por ela passava./ Abria a grande bocarra, fazia caretas feias e a todos assustava!” Assim começa um livro que conta a história de uma menina que se sentia à margem das outras crianças da escola. Nunca tal deveria acontecer.
Não se chega a revelar o verdadeiro motivo dessa não pertença ao grupo, mas cada leitor conseguirá inferir ou imaginar várias situações que conduzem à exclusão neste e noutros casos: um rosto invulgar e pouco bonito (segundo os padrões dominantes), a pobreza, a cor da pele, a origem geográfica, o ser-se portador de deficiência, etc.
Certo é que Maria canalizava a sua tristeza para a energia negativa de assustar e afastar quem dela se aproximava. Felizmente que “a Tininha, o Zé, a Luísa, o Luís e o João/ estavam todos preparados para lhe aquecer o coração”.
Estes miúdos resolveram fazer-lhe uma surpresa, esperando por ela no caminho para casa e tendo presentes para lhe oferecer: “À frente do grupo ia a Rita,/ Que era a mais catita.// A primeira que daria/ Um abraço apertado à Maria!”
Chamar a atenção para a empatia
A autora, Natalina Cóias, educadora de infância, disse ao PÚBLICO sobre este livro: “De uma forma ou de outra, tento abordar temas que sejam pedagógicos... neste caso, no sentido da falta de empatia pelo outro e até de bullying.” E acrescentou também querer “chamar a atenção dos mais pequenos para este tema”.
O facto de optar pela rima é assim justificado: “As rimas desenvolvem a alfabetização e a consciência fonológica.” Certo.
A ilustradora contou ainda que a história “já tem uns cinco/seis anos” e que “andou um pouco às voltas de gaveta em gaveta”, mas não desistiu, até porque acredita que “despertar sentimentos de empatia e de respeito pelo próximo” tanto diz respeito aos pequenos como aos crescidos. O que pretende principalmente, com Maria Mete Medo, “é desenvolver a formação pessoal e social das crianças”.
Autora de livros como Xi-Coração — À Procura de Um Abraço, também da Livros Horizonte, Nico — O Unicórnio e Truz-Truz Quem É?, ambos da Minotauro, sendo este último ilustrado por Paulo Galindro.
Mais uma vez, Natalina Cóias optou por técnica mista, recorrendo a recortes, colagens e pintura. O resultado é um livro bem-disposto e colorido, a revelar esperança na aproximação de todos.
Maria Mete Medo será apresentado hoje em Braga, com a presença da autora, às 15h30, no Edifício do Castelo. Uma iniciativa integrada no Braga Em Risco — Encontro de Ilustração, que decorre naquela cidade até dia 21 de Novembro. Ninguém será excluído.