Arqueólogos descobrem “câmara de escravos” em Pompeia
É um “testemunho único” sobre como “vivia o [elemento] mais fraco da sociedade” daquela cidade romana, descreve o director-geral do sítio arqueológico, Gabriel Zuchtriegel, acrescentando tratar-se de uma “das descobertas mais emocionantes” da sua vida.
Uma “câmara de escravos”, achado excepcionalmente raro numa cidade romana, foi agora descoberta em Pompeia, um dos mais extraordinários sítios arqueológicos de Itália, cuja capacidade de surpreender o mundo com novos tesouros está longe de se esgotar.
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Uma “câmara de escravos”, achado excepcionalmente raro numa cidade romana, foi agora descoberta em Pompeia, um dos mais extraordinários sítios arqueológicos de Itália, cuja capacidade de surpreender o mundo com novos tesouros está longe de se esgotar.
O pequeno quarto, que abriga três camas (uma das quais do tamanho de uma criança), oito ânforas, um pote de cerâmica e uma caixa de madeira, foi descoberto durante as escavações numa villa em Civita Giuliana, bairro a poucas centenas de metros a norte do parque arqueológico cujo perímetro coincide com o da rica cidade romana que a erupção do Vesúvio no ano 79 transformou num cemitério de lava e cinza.
Neste local foi também descoberto, no início do ano, um grande carro alegórico cerimonial, em excelentes condições.
“É uma janela para a realidade precária dessas pessoas que raramente aparecem em fontes históricas, escritas quase exclusivamente por homens da elite”, observou o director-geral do sítio arqueológico de Pompeia, Gabriel Zuchtriegel. Este “testemunho único” sobre como “vivia o [elemento] mais fraco da sociedade antiga (...) é certamente uma das descobertas mais emocionantes da minha vida como arqueólogo”, acrescentou em comunicado, citado pela AFP.
“Esta sala, graças ao seu excepcional estado de conservação, oferece-nos um raro vislumbre da realidade quotidiana dos escravos”, sublinha o parque arqueológico.
Segundo os arqueólogos, a sala terá provavelmente sido ocupada por escravos encarregues da manutenção do um tanque. A divisão de 16 metros quadrados situava-se entre um quarto e uma arrecadação. O baú de madeira continha objectos de metal e tecido que parecem fazer parte dos arreios dos cavalos. Um eixo de tanque também foi encontrado em uma das camas. O tanque propriamente dito foi descoberto num alpendre em frente a um estábulo onde já em 2018 haviam sido encontrados os restos de três cavalos.
As camas são feitas de várias pranchas de madeira mal trabalhadas, que podem ser ajustadas para se adequar ao seu ocupante, e seus pés palmados são feitos de cordas cobertas com cobertores. Duas camas tinham 1,70 m de comprimento e a terceira 1,40 m. Segundo as autoridades do parque, os três escravos poderão ter formado uma família.
Sob as camas, foram encontrados itens pessoais, incluindo ânforas e o que poderia ser um penico.
A sala era iluminada por uma pequena janela superior. Não há vestígios de decorações de parede, apenas uma marca possivelmente deixada por uma lanterna.
As escavações foram realizadas no âmbito de um programa de luta contra os ladrões de túmulos, particularmente activos nesta zona da Itália, com muitos tesouros arqueológicos por descobrir.
A villa de Civita Giuliana é alvo de saques sistemáticos há anos e parte do “património arqueológico” da “câmara de escravos” terá já sido saqueado, segundo o parque arqueológico.