Nino Bertasio derrete pista no arranque do Portugal Masters

Italiano lidera destacado com volta inaugural de 61 (-10) em Vilamoura; 5 portugueses no cut provisório

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Nino Bertasio felicitado pelos seus parceiros de jogo no final da primeira volta © Getty Images

Esta quinta-feira foi um dia bem positivo para o golfe português, pois se Ricardo Melo Gouveia colocou-se na luta pelo título da Grande Final do Challenge Tour, em Maiorca, no Portugal Masters cinco dos seis portugueses terminaram a primeira volta no top-65, ou seja, dentro do cut provisório desta 15.ª edição, limitada a apenas 107 jogadores. E, cereja no topo do bolo, Ricardo Santos ficou a saber que entrou diretamente no torneio da próxima semana no Dubai, pelo que terá mais uma oportunidade de lutar pela manutenção no European Tour em 2022. 

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Esta quinta-feira foi um dia bem positivo para o golfe português, pois se Ricardo Melo Gouveia colocou-se na luta pelo título da Grande Final do Challenge Tour, em Maiorca, no Portugal Masters cinco dos seis portugueses terminaram a primeira volta no top-65, ou seja, dentro do cut provisório desta 15.ª edição, limitada a apenas 107 jogadores. E, cereja no topo do bolo, Ricardo Santos ficou a saber que entrou diretamente no torneio da próxima semana no Dubai, pelo que terá mais uma oportunidade de lutar pela manutenção no European Tour em 2022. 

Ricardo Santos é 31.º (-1), Pedro Figueiredo, Tomás Melo Gouveia e Vítor Lopes estão empatados na 51.ª posição (a Par), Filipe Lima surge em 65.º (+1) e Pedro Clare Neves aparece no 106.º lugar (+7). 

“É um excelente indicador para o golfe português, sobretudo por os profissionais terem começado bem e não é essa a rotina normal e em seis profissionais estarem todos bem classificados e com potencial de passarem para o fim-de- semana e disputarem títulos é muito positivo”, comentou Nelson Ribeiro, o selecionador nacional da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), que está em Vilamoura numa dupla função, pois acompanha também como caddie o jogador amador Pedro Clare Neves. 

O melhor golfista nacional no Portugal Masters foi aquele que saiu mais cedo, Ricardo Santos. O português melhor classificado na Corrida para o Dubai do European Tour (169.º) jogou a primeira volta em 70 pancadas, 1 abaixo do Par do dom Pedro Victoria Golf Course. 

“Foi um dia bem lutado. Estou satisfeito com o resultado e pela forma como geri a coisa. Não tive grandes oportunidades de birdie, aliás, as que tive acho que concretizei-as (fez 2 birdies, nos buracos 2 e 12). É verdade que cometi um erro no buraco 5, foi pena (o seu único bogey, devido a 3 putts), mas foi o único erro na volta de hoje”, disse Ricardo Santos. 

Antigo representante deste campo, Santos conhece-o bem e nota algumas diferenças: “Os buracos mais difíceis do Victoria estão hoje com vento contra e isso complica mais as coisas, mas nesses até joguei bastante bem. Os greens estão bastante rápidos e nos putts para birdie não somos tão agressivos porque se falharmos é fácil a bola passar o buraco vários metros e não queremos estar sempre nesses apuros.” 

O algarvio de 39 anos está no grupo dos 31.º classificados, empatado com outros 17 jogadores, entre os quais o sul-africano George Coetzee (o campeão do ano passado), o inglês Andy Sullivan (o vencedor de 2015) e o inglês Oliver Fisher, o recordista do campo, quando disparou as históricas 59 pancadas, 12 abaixo do Par, em 2018. 

Este ano esse recorde do campo não esteve longe de ser igualado, pois o italiano Nino Bertasio, de 33 anos, assumiu o comando da prova com uma volta inaugural de 61 pancadas, 10 abaixo do Par do campo desenhado pelo mítico Arnold Palmer. Como salientou a jornalista da agência Lusa, Sofia Ramos Silva, é curioso que pelo segundo ano seguido o mais importante torneio de golfe português comece com um comandante com -10, depois de Liam Johnston em 2020. 

Foi o melhor resultado de sempre de Bertasio no European Tour e deixou-o com uma vantagem de 4 pancadas sobre o talentoso espanhol Adri Arnaus, de 27 anos, e com menos 5 pancadas do que o inglês Steve Brown, de 34 anos, o campeão da prova de 2019. 

“Não estava a pensar num (resultado) de 59, estava só a tentar fazer uma boa volta. E não estava à espera de um 61, mas tenho estado a jogar bem. “Patei” hoje mesmo bem e tudo engrenou a partir daí”, disse Bertasio, que nunca ganhou qualquer título do European Tour ou do Challenge Tour, mas que conta com dois troféus do Alps Tour em 2014. Este ano terminou cinco torneios do European Tour no top-20. 

Voltando aos portugueses, Pedro Figueiredo esteve perto de igualar o resultado de Ricardo Santos, mas um bogey no último buraco, devido a um chip mal calibrado do rough, fê-lo juntar-se a Tomás Melo Gouveia e a Vítor Lopes no grupo dos 51.º’s classificados, com 71 pancadas, a Par do campo. “Figgy”, de 30 anos, assinou um cartão com 3 bogeys e 3 birdies, sobressaindo o chip-in para birdie no buraco 8 (de Par-3). 

“Não foi um dia famoso, mas também não foi um dia mau. Estive bastante consistente do tee ao green, falhei alguns putts e não fiz muitos birdies. Fiz um chip-in, mas poucos birdies e não concretizei muito as oportunidades. Ainda assim, acho que fiz uma volta minimamente sólida e consistente. Queria mais, como é óbvio, mas dá-me confiança para amanhã e espero fazer uma boa volta”, comentou “Figgy”, que necessita de um top-10 para poder apurar-se para o torneio da próxima semana no Dubai. 

Tomás Melo Gouveia, de 27 anos, o n.º4 na Ordem de Mérito do Pro Golf Tour de 2021, chegou a estar com 2 pancadas abaixo do Par (bogey no 3, mas birdies nos buracos 4, 5 e 11), antes de sofrer bogeys nos buracos 12 e 14. 

“Joguei muito bem, especialmente nos primeiros 11 buracos. Não meti alguns putts que deveria, mas senti estar a “patar” bem. No buraco 12 fiz um erro, fui à água no segundo shot e isso tirou-me um bocadinho de confiança e depois foi tentar chegar ao fim. O Par do campo não é mau, não compromete, com uma boa volta amanhã consigo estar cá no fim-de-semana, portanto, estou contente”, disse Tomás Melo Gouveia, que vai também acompanhando o que o seu irmão mais velho, Ricardo, vai fazendo na Rolex Challenge Tour Grand Final supported by The R&A, em Maiorca. 

Vítor Lopes, de 25 anos, o n.9 da Ordem de Mérito do Alps Tour de 2021, teve uma primeira volta com 3 birdies e 3 bogeys, sendo que 2 dos seus bogeys foram em buracos de Par-3. 

“Não estou fora da corrida. Foi um dia muito sólido, acertei alguns fairways e greens, os shots que meti mais perto da bandeira e foram uns quatro ou cinco, não meti (os putts), mas depois meti um grandinho… foi um dia muito neutro, poderia ter sido melhor”, disse o algarvio, que explicou ter perdido um pouco da sua arma neste campo, ser comprido: “Perdi algum peso desde o Open de Portugal (esteve doente) e perdi cerca de 20 metros. Também parti o driver no Alps Tour e estou à procura de um driver que seja compatível comigo. Estou a ficar certamente mais longe da bandeira do que estou habituado.” 

O grupo dos 51.º’s classificados com estes três portugueses – Figueiredo, Gouveia e Lopes – integra ainda um ex-vice-campeão do Portugal Masters, o sul-africano Justin Walters, e um dos craques de sempre do golfe francês, o veterano Raphael Jacquelin, de 47 anos. 

O regresso de Filipe Lima à competição, neste que é apenas o seu quinto torneio do ano, não foi nada mau e aparece no grupo dos 65.º’s classificados, exatamente no limite do cut provisório, com 72 pancadas, 1 acima do Par. Com o mesmo resultado de Lima, de 39 anos, está um dos mais credenciados jogadores a atuar esta semana, o francês Victor Pérez, de 29 anos, o 67.º no ranking mundial. 

O português residente em França chegou a andar no top-5 da classificação depois de ter arrancado com um eagle no buraco 12 (o seu terceiro buraco do dia), mas terminou no grupo dos 66.º’s classificados, com 72 pancadas, 1 acima do Par, devido a um duplo-bogey no 16, a bogeys no 15 e no 18. Nos seus segundos nove buracos esteve sólido e fez 1 birdie no 3, não perdendo mais qualquer pancada.

“Correu bastante bem esta primeira volta. É verdade que fiz 1 pancada acima do Par, mas com o jogo que fiz hoje merecia ter terminado com 1 ou 2 abaixo. Estive muito sólido o tempo todo. Só fiz duas asneiras, nos buracos 15 e 16, coisas que não costumo fazer, porque estava à volta do green e fiz 2 chips e 2 putts, e fiz 1 bogey onde deveria ter feito 1 birdie e depois 1 duplo-bogey estúpido. Fora isso estive muito sólido, tive muitas oportunidades de birdies e concretizei algumas, fiz aquele eagle. O vento este ano está diferente, de Norte, o que não é costume aqui e como estava mais frio a bola não voava tanto e foi mais difícil a adaptação, mas isso não me prejudicou”, disse co-recordista nacional do Portugal Masters, quando foi 5.º classificado em 2017. 

O único português fora do cut provisório foi, naturalmente, Pedro Clare Neves, que integrou o último grupo a sair para o campo, já terminou a sua volta no crepúsculo, no 106.º posto, entre 108 jogadores. O agora n.º2 do Ranking Nacional BPI da FPG (para amadores) viveu um dia difícil, jogado em 78 pancadas, 7 acima do Par, para mais, concluído com 2 chips falhados no buraco 18 que custaram-lhe 1 duplo-bogey. E se dizemos naturalmente não é por ser o único amador, porque no Portugal Masters já por quatro vezes um amador português passou o cut. Simplesmente, para o jogador do Club de Golf de Miramar trata-se de uma estreia no European Tour, aos 21 anos, e isso sim é mais complicado de gerir, como bem explicou o treinador nacional, Nelson Ribeiro. 

“O Pedro acusou um bocadinho de ansiedade no início da volta, mas o resultado não reflete o (bom) jogo dele. O Pedro fez dois greens a 3 putts e depois esteve umas quatro ou cinco vezes à volta do green em situações que não é normal treinar um atleta de idades mais jovens como ele, que é uma bola no rough a uns 5 metros da bandeira. O setup do campo por parte do European Tour é completamente diferente. Um jogador amador quando treina jogo curto no seu clube não tem uma bola no rough a 5 metros da bandeira. Isto cria uma situação nova. Umas vezes correram melhor e outras pior, como foi o caso do buraco 18. E foi isso que se refletiu no resultado final”, frisou o selecionador e caddie. 

Romeu Gonçalves, o diretor do Dom Pedro Victoria Golf Course, em tempos um dos melhores amadores portugueses, supervisionou os trabalhos de preparação do campo para o Portugal Masters e corroborou a opinião de Nelson Ribeiro: “Por alguma razão, o Ricardo Santos sempre disse que o shot mais difícil nos torneios do European Tour são os chips à volta do green.” 

O jovem português foi corajoso a analisar a sua prestação: "Não foi uma boa volta. Cometei alguns erros que depois comprometeram o resto do jogo, na medida em que obrigaram-me a ser um bocadinho mais agressivo e as coisas não me correram bem. Ao entrar no campo, naturalmente que sendo a minha estreia no European Tour, estava um pouco nervoso, os erros nos primeiros buracos foram mais pelo nervosismo e depois andei atrás do prejuízo". 

O Portugal Masters prossegue esta sexta-feira com a segunda volta. Os jogadores que hoje atuaram de manhã irão jogar à tarde e vice-versa. 

Os horários das saídas dos jogadores portugueses são os seguintes: Pedro Figueiredo às 7h10 do buraco 10, Pedro Clare Neves às 8h30 do buraco 10, Ricardo Santos às 11h20 do buraco 1, Filipe Lima às 12h40 do buraco 1, Vítor Lopes e Tomás Melo Gouveia às 12h40 do buraco 10, sendo este o último grupo do dia.

 

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