Olhemos sem indulgência os partidos em Portugal, na Europa, no mundo ocidental: por todo o lado vemos um campo de ruínas de onde emergem algumas fortalezas ainda erguidas, mas já muito dilapidadas, cujos ocupantes se vigiam uns aos outros e entram muitas vezes em conflito pelo controlo dos postos de comando. Salta à vista que não se trata de uma crise conjuntural ou localizada no partido X, Y ou Z. Está longe o tempo em que Gramsci definiu o partido político como “o moderno príncipe”. Hoje é a própria forma-partido (que a partir do sufrágio universal assumiu as características de partido de massa), sobre a qual se edificou a política moderna, que está moribunda. Mas pensar na sua própria condição para além dos sucessos e insucessos eleitorais e das contingências internas é a última coisa que podemos esperar de um partido. Se a autocrítica já é tão difícil, a reflexão pública sobre as suas próprias condições de existência é uma impossibilidade lógica.
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Olhemos sem indulgência os partidos em Portugal, na Europa, no mundo ocidental: por todo o lado vemos um campo de ruínas de onde emergem algumas fortalezas ainda erguidas, mas já muito dilapidadas, cujos ocupantes se vigiam uns aos outros e entram muitas vezes em conflito pelo controlo dos postos de comando. Salta à vista que não se trata de uma crise conjuntural ou localizada no partido X, Y ou Z. Está longe o tempo em que Gramsci definiu o partido político como “o moderno príncipe”. Hoje é a própria forma-partido (que a partir do sufrágio universal assumiu as características de partido de massa), sobre a qual se edificou a política moderna, que está moribunda. Mas pensar na sua própria condição para além dos sucessos e insucessos eleitorais e das contingências internas é a última coisa que podemos esperar de um partido. Se a autocrítica já é tão difícil, a reflexão pública sobre as suas próprias condições de existência é uma impossibilidade lógica.