Livre quer voltar à AR e Marcelo não o afasta de uma solução pós-eleições

Com menos de dois meses para desenhar um programa eleitoral e primárias, o Livre quer apresentar-se como um possível parceiro do PS depois do desfecho da “geringonça”.

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O Livre foi recebido no Palácio de Belém na segunda-feira LUSA/RODRIGO ANTUNES

Voltar a sentar o partido na Assembleia da República estava no horizonte do Livre, mas a antecipação de eleições legislativas não constava dos planos a curto prazo. Ainda assim, o partido está empenhado em aproveitar a janela de oportunidade e “reconquistar o seu lugar no Parlamento”. E com o esfriar de relações entre o PS e os seus antigos parceiros – BE, PCP e PEV – o Livre acredita que poderá ser uma peça essencial para um entendimento pós-eleitoral à esquerda e para a maioria “reforçada, estável e duradoura” que António Costa quer conquistar.

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Voltar a sentar o partido na Assembleia da República estava no horizonte do Livre, mas a antecipação de eleições legislativas não constava dos planos a curto prazo. Ainda assim, o partido está empenhado em aproveitar a janela de oportunidade e “reconquistar o seu lugar no Parlamento”. E com o esfriar de relações entre o PS e os seus antigos parceiros – BE, PCP e PEV – o Livre acredita que poderá ser uma peça essencial para um entendimento pós-eleitoral à esquerda e para a maioria “reforçada, estável e duradoura” que António Costa quer conquistar.

O regresso do Livre “ao jogo” foi sinalizado por Marcelo Rebelo de Sousa, logo no dia do chumbo do Orçamento do Estado, quando considerou que o partido também deveria ser ouvido em Belém, tal como os restantes com assento parlamentar. No final do encontro entre o Presidente e a comitiva do Livre, um dos dirigentes, o co-porta-voz Pedro Mendonça, confirmou que o partido terá o mesmo espaço de antena que os restantes eleitos em 2019 – apesar de ter perdido a sua representação parlamentar depois de retirar a confiança política à sua única deputada eleita.

Na sua última ida às urnas, nas autárquicas, o Livre concorreu em coligação com outros partidos, tendo sido um dos parceiros favoritos dos socialistas na corrida à Câmara de Lisboa. Na dura derrota na capital, o partido também imputou responsabilidades ao BE, CDU e PAN, que decidiram apresentar os seus candidatos como alternativa à recandidatura de Fernando Medina. “Esta derrota da esquerda no seu conjunto demonstra, uma vez mais, a necessidade da criação de pontes e convergências, neste caso recusadas pelo Bloco de Esquerda e PCP”, dizia então o partido. E de lá para cá o discurso não mudou. “Se o Livre estivesse estado na ‘geringonça’, teria sido diferente. Teria sido intransigente no evitar de uma crise política”, garantiu Pedro Mendonça à saída do encontro com Marcelo.

E enquanto o partido se organiza em contra-relógio para a apresentação do seu programa eleitoral e organização de eleições primárias, as estruturas internas dão sinais de que estão disponíveis para fazer parte de uma nova “geringonça” e trazer uma vertente “mais europeísta” do que os antigos parceiros do Governo, acreditando ser um parceiro “mais constante na convergência” (admitindo um acordo escrito que garanta o cumprimento de toda a legislatura).

Quanto ao lado do PS, os sinais são os mesmos: os socialistas querem garantir que voltarão o apoio de uma maioria parlamentar que lhes permita formar um novo Governo e admitem entender-se ou com o PAN ou com “uma circunstância estruturalmente parecida com a actual”, como deixou claro Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros.