Lagarde considera “muito improvável” subida das taxas de juro em 2022

A presidente do Banco Central Europeu está em Lisboa e falou na comemoração do 175º aniversário do Banco de Portugal.

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EPA/RONALD WITTEK

A presidente do Banco Central Europeu considerou “muito improvável” poder haver em 2022 condições para que haja um aumento das taxas de juro, pois “um aperto indevido das condições de financiamento não é desejável, num quadro em que o poder de compra já está a ser limitado pelos preços mais elevados na energia e nos combustíveis, e representaria uma dificuldade inapropriada para a retoma”.

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A presidente do Banco Central Europeu considerou “muito improvável” poder haver em 2022 condições para que haja um aumento das taxas de juro, pois “um aperto indevido das condições de financiamento não é desejável, num quadro em que o poder de compra já está a ser limitado pelos preços mais elevados na energia e nos combustíveis, e representaria uma dificuldade inapropriada para a retoma”.

Christine Lagarde, na sessão solene do 175.º aniversário do Banco de Portugal, que decorreu esta quarta-feira em Lisboa, falou do impacto da pandemia nos vários países da zona euro e da necessidade de aproveitar os programas financeiros criados na Europa para apoiar a reconstrução das economias, gerando empregos.

Lagarde reconheceu tensões inflacionistas na zona euro e defendeu a necessidade de haver prudência na retirada os estímulos financeiros às economias. Passou por cima da crise energética, não deixando transparecer quais as expectativas do BCE sobre a sua duração e eventuais medidas para a combater.

“Apesar da actual subida da inflação, as perspectivas para a inflação no médio prazo permanecem moderadas “, sublinhou na sessão que decorreu no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

Costa destaca contas certas

Já o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou a mérito da coordenação europeia no combate à crise pandémica, defendendo que as respostas nacionais nunca são suficientes e que a política monetária deve ter em conta a necessidade de convergência europeia. Falando depois de Lagarde, e perante uma plateia que contava com os principais líderes dos bancos portugueses, o primeiro-ministro desaconselhou a retirada rápida dos estímulos do BCE de modo a garantir uma trajectória robusta de recuperação de todos os Estados membros, possibilitando assim uma convergência entre as economias europeias.

Segundo António Costa, “se é verdade que o diferencial da taxa de juro paga pelas empresas portuguesas face às empresas da área do euro é seis vezes menor do que era na crise financeira, é também verdade que permanece positivo, criando uma desvantagem comparativa, sobretudo para as pequenas e médias empresas nacionais”.

“Só ultrapassando estes diferenciais será possível assegurar de forma sustentada a convergência no seio da área do euro. Tal como no combate à pandemia, onde cada um só estará seguro quando todos estivermos seguros, também na recuperação económica a mesma só será sustentável quando todos os Estados-membros estiverem numa trajectória robusta de recuperação”, sustentou.

Numa mensagem mais política, António Costa reiterou a tese de que “são as contas certas que garantem a credibilidade internacional de Portugal, permitindo ao país ter poupado três mil milhões de euros juros da dívida anualmente face a 2015 e alcançar valores recorde no investimento contratado pela AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) em 2018, 2019 e, novamente, em 2021”.

O governador do Banco de Portugal (BdP) aproveitou o aniversário da instituição para se debruçar sobre a história do regulador, relacionando-a com a história económica e financeira do país. Falou do contributo do BdP para a estabilidade do país, sublinhou a sua missão de serviço público e destacou o seu papel na integração europeia de Portugal.

Mário Centeno acrescentou ainda que até 2025 a instituição quer contribuir para a recuperação económica nacional “através de um aconselhamento fundamentado sobre o desenho de políticas públicas”.

“Até 2025, é objectivo do Banco de Portugal contribuir para uma economia portuguesa recuperada, resiliente e convergente na Europa, no médio e longo prazo. Vamos fazê-lo através de uma análise económica oportuna e de qualidade e através de um aconselhamento fundamentado sobre o desenho de políticas públicas”, disse hoje o responsável máximo do banco central. com Lusa