Guarda Presidencial centro-africana ataca capacetes azuis

Tiroteio em Bangui entre a guarda do Presidente Faustin Archange Touadera e os soldados da missão da ONU na República Centro-Africana, que conta com militares portugueses, provocou um morto e dez feridos.

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Bangui, capital da República Centro-Africana Siegfried Modola/Reuters

A Guarda Presidencial da República Centro-Africana (RCA) disparou sobre um contingente de capacetes azuis das Nações Unidas e feriu 10 militares, anunciou esta terça-feira a missão da ONU em Bangui. Uma pessoa morreu após ter sido atropelada por uma viatura da ONU quando fugia do local.

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A Guarda Presidencial da República Centro-Africana (RCA) disparou sobre um contingente de capacetes azuis das Nações Unidas e feriu 10 militares, anunciou esta terça-feira a missão da ONU em Bangui. Uma pessoa morreu após ter sido atropelada por uma viatura da ONU quando fugia do local.

Em comunicado, a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca) condenou o tiroteio, registado perto do Palácio Presidencial, o qual considerou como “deliberado e injustificável”.

O porta-voz da Presidência centro-africana, Albert Mokpem Yaloke, apelou à calma e disse ter-se tratado de um “incidente” que está já a ser investigado. “Lamentamos a morte do nosso compatriota e apresentamos as nossas mais profundas condolências à família”, acrescentou.

O incidente, que ocorreu na segunda-feira, registou-se depois de um quadro civil da Minusca ter entrado no perímetro de segurança do Palácio Presidencial, segundo o porta-voz da missão da ONU, Vladimir Monteiro.

“Depois da troca de tiros decidimos abandonar o local”, explicou.

O incidente ocorre após crescentes receios pela falta de segurança em Bangui na eventualidade de outro ataque rebelde.

Em Janeiro, os rebeldes tentaram tomar a capital, mas foram repelidos pelas forças governamentais após intensos combates nos arredores da cidade.

O Presidente da RCA, Faustin Archange Touadera, propôs recentemente um cessar-fogo aos rebeldes, embora tenha dito que as forças do Governo ainda poderiam agir em autodefesa. O inesperado gesto de Touadera gerou especulações de que estava mais vulnerável aos grupos armados que se lhe opõem.

A tensão entre o Governo e a ONU aumentou depois de a Minusca ter apelado às autoridades para deixarem de contar com o grupo Wagner, que integra sobretudo mercenários ex-militares russos e que assegura a segurança de Touadera. As Nações Unidas impuseram um embargo de armas à República Centro-Africana devido à presença dos mercenários.

A missão da ONU, que conta actualmente com mais de 12.000 militares e polícias, foi enviada para o país rico em minerais em 2013, quando os rebeldes, predominantemente muçulmanos Seleka, tomaram o poder e forçaram o então Presidente François Bozize a deixar o cargo.

O actual contingente português na Minusca é composto por 180 militares, a maioria do 1.º Batalhão de Infantaria Paraquedista do Exército Português. Portugal tem ainda mais 20 militares na República Centro-Africana, integrados na missão de treino da União Europeia (EUTM-RCA).