Sabes distinguir serpentes inofensivas de víboras? O Cobras de Portugal tem dicas para te ajudar
A página de Davina Falcão dá a conhecer as espécies portuguesas de serpentes, numa tentativa de proteger estes animais e evitar a sua morte. Em Portugal existem dez espécies de cobras e apenas duas são consideradas perigosas: a víbora-cornuda e a víbora-de-seoane.
Se sempre tiveste curiosidade em saber quais são as serpentes que rastejam pelo território nacional, o projecto Cobras de Portugal faz o trabalho por ti. Criada pela bióloga e ilustradora científica Davina Falcão, a página diz-te quais são as espécies portuguesas de serpentes, em que regiões a sua presença é mais frequente e ainda te ajuda a distinguir uma víbora de uma cobra inofensiva – sim, ao contrário do que se pensa, nem todas as cobras são perigosas.
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Se sempre tiveste curiosidade em saber quais são as serpentes que rastejam pelo território nacional, o projecto Cobras de Portugal faz o trabalho por ti. Criada pela bióloga e ilustradora científica Davina Falcão, a página diz-te quais são as espécies portuguesas de serpentes, em que regiões a sua presença é mais frequente e ainda te ajuda a distinguir uma víbora de uma cobra inofensiva – sim, ao contrário do que se pensa, nem todas as cobras são perigosas.
A página foi lançada pouco antes da pandemia, em Fevereiro de 2020, em parceria com a Bioliving, e todos os conteúdos são produzidos por Davina Falcão, que actualmente reside em Aveiro. A missão da página é simples: disponibilizar informação para que possam identificar e lidar com serpentes, de forma a sensibilizar para a sua conservação e permitir uma interacção segura entre humanos e cobras.
No total, há dez espécies por todo o país, mas apenas duas são consideradas perigosas – a víbora-cornuda e a víbora-de-seoane. Ainda assim, a coordenadora da página desvaloriza o potencial risco destas em comparação com espécies nativas de outros países. “Ser mordido por estes animais não é como ser mordido por uma cascavel, mas, claro, é preciso ir ao hospital e fazer tratamento; em alguns casos, ainda é necessário receber um antídoto”, explica ao P3.
As espécies mais comuns em Portugal são a cobra-rateira e a cobra-de-ferradura. Segundo a bióloga, a primeira é a maior serpente de Portugal, podendo atingir até 2,30 metros. A segunda é conhecida por se adaptar a ambientes urbanos e, por esse motivo, é comum vê-la nas cidades. Para Davina, há uma falta de conhecimento sobre as espécies, o que resulta num sentimento de receio por parte da população. “O encontro de cobras com humanos termina na morte destes animais quando, na maior parte das vezes, as pessoas nem se cruzam com víboras”, lamenta.
O truque para distinguir cobras inofensivas de perigosas está no seu aspecto. “As víboras têm um padrão em forma de ziguezague e as suas pupilas são semelhantes às dos gatos, enquanto as outras serpentes têm pupilas redondas”, elucida a também ilustradora científica. Se estas características não forem claras à primeira vista, “então é porque se encontram a uma distância que não representa perigo para o indivíduo”, comenta.
Então, o que devemos fazer quando nos deparamos com uma serpente? Há duas situações a ter em conta para responder a esta dúvida: o animal encontra-se ao ar livre ou num espaço fechado? A pessoa que encontrou a cobra sente-se à vontade com ela ou não? “Se a serpente estiver num espaço aberto, o ideal é deixá-la estar porque, eventualmente, fugirá”, recomenda Davina.
Caso o animal se encontre dentro de casa, a situação já é diferente. “O primeiro passo é remover animais de estimação e pessoas do espaço porque não se sabe de que espécie se trata. Depois disso, fechar a divisão e chamar a GNR, a PSP ou o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SPENA) para a retirarem em segurança”, aconselha. Na possibilidade de quem encontrar a cobra se sentir à vontade com a sua presença, pode “varrê-la para fora de casa ou cobri-la com uma caixa e retirá-la do local”, adianta a bióloga de 35 anos.
Mas, de acordo com Davina, a resposta à presença destes animais nunca deve ser magoar ou matar. “As cobras são tanto predadoras como presas”, sublinha, acrescentando que estas só se aproximam de ambientes urbanos para comer ratos. “Têm um papel fundamental no equilíbrio do ecossistema, sobretudo a nível de roedores e propagação de doenças.”
Para além disto, a fundadora da página também tenta consciencializar a população sobre cobras através da ilustração científica, um “auxílio para comunicar ciência através de imagens”. Na sua opinião, a arte é uma boa forma para chegar às pessoas, uma vez que expressa algo diferente da realidade: “Não estou a dizer que as serpentes não são interessantes de se ver na vida real, mas ao verem um desenho sobre uma pode ajudar a ter outra percepção”, conclui.
O Cobras de Portugal também tem um canal no YouTube e aborda temas como o tipo de espécies, curiosidades e dinâmicas de perguntas e respostas sobre serpentes. No futuro, a bióloga quer trabalhar em conjunto com outros profissionais ligados à área da conservação das cobras e fazer-lhes entrevistas sobre o tema. Outros objectivos a longo prazo passam também por actualizar a informação sobre a distribuição destes animais no território e criar projectos para estudar as espécies, nomeadamente o seu comportamento e veneno.
Texto editado por Ana Maria Henriques