França e Reino Unido não se entendem sobre direitos de pescas no pós-”Brexit”
França afirmou que os dois países chegaram a um acordo sobre a disputa em torno dos direitos de pesca, o que Londres negou. Ambos os lados esperam que a outra parte tome a iniciativa para aliviar as tensões e evitar medidas mais severas.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, conversaram este domingo à margem do encontro do G20, em Roma, mas não há sinais de um consenso que permita ultrapassar a disputa sobre os direitos de pesca do pós-“Brexir”, com ambos os países a pedir ao outro lado que dê o primeiro passo.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, conversaram este domingo à margem do encontro do G20, em Roma, mas não há sinais de um consenso que permita ultrapassar a disputa sobre os direitos de pesca do pós-“Brexir”, com ambos os países a pedir ao outro lado que dê o primeiro passo.
Depois da reunião informal de 30 minutos, o Eliseu avançou que as duas partes concordaram num caminho a seguir para aliviar a tensão. A declaração informava ainda que Macron queria “continuar o diálogo com base na exactidão, seriedade e respeito”.
“O Presidente francês falou com o dirigente britânico sobre a necessidade de respeitar os compromissos acordados em conjunto pelo Reino Unido e pela União Europeia para o acordo do ‘Brexit'”, continuava.
Macron e Johnson teriam assim chegado a um acordo para trabalhar com “medidas práticas e operacionais” para resolver a disputa ao longo dos próximos dias. “Estamos a preparar-nos para reverter a escalada nas próximas horas”, disse um responsável francês.
Contudo, o porta-voz do primeiro-ministro britânico negou ter sido feito qualquer acordo, ou que tenham sido feitos planos formais para se realizarem mais contactos sobre a situação.
“Tenho visto o que tem sido noticiado depois do encontro”, disse o porta-voz. “Não procuramos escalar a situação. [Mas] caberá aos franceses decidir se querem aliviar a situação e retirar as ameaças que fizeram nos últimos dias sobre violar o acordo do ‘Brexit'”, exortou.
“O Governo francês fez uma série de ameaças sobre o que irá fazer e impôs o seu próprio prazo. [Por isso] se o Governo francês quiser avançar e dizer como querem retirar as ameaças, então terá todo o nosso apoio”, continuou.
Falando numa conferência de imprensa depois da reunião do G20, Macron reconheceu não querer piorar a disputa, nem “ter de usar medidas de retaliação, porque isso não iria ajudar os nossos pescadores”. O Presidente francês afirmou ter feito propostas ao Reino Unido: “agora a bola está do lado de Londres”, sublinhou, respondendo assim ao apelo britânico para que seja Paris a dar o primeiro passo.
Johnson disse ainda que a posição do Reino Unido não tinha mudado, acrescentando estar “perplexo” perante uma carta de Paris para a UE, onde se pede para o “Reino Unido ser punido por ter saído” do bloco.
O mais recente foco de tensão entre a França e o Reino Unido relaciona-se com a atribuição de licenças de pesca ao abrigo do Acordo de Comércio e Cooperação entre o Reino Unido e a UE. Paris tem acusado Londres de recusar, sem justificação, atribuir licenças a barcos franceses. A tensão escalou significativamente na semana passada, depois de uma traineira britânica ter sido apreendida pelas autoridades francesas por não ter licença e de uma segunda embarcação ter sido multada.
Desde então, Paris tem ameaçado ripostar com a imposição de restrições, desde bloquear o acesso de barcos britânicos nos portos franceses a realizar inspecções aduaneiras e sanitárias, se não forem feitos progressos até terça-feira.
Boris Johnson, por sua vez, afirmou no sábado que está estar em cima da mesa desencadear uma acção formal contra a França no âmbito do acordo.