“Esperanças frustradas”: G20 promete esforços para cumprir meta de 1,5º C sem fazer compromissos
As maiores economias do mundo, responsáveis por 80% das emissões de gases com efeito de estufa, não chegam a Glasgow de mãos vazias, mas esperava-se mais da cimeira de Roma. Progressos foram “razoáveis” mas “insuficientes”, diz Johnson.
O anfitrião, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, celebrou os progressos e a “mudança” de “países que até há alguns dias estavam bastante relutantes em seguir as linhas que sugeríamos”. Mas as palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, não disfarçam a desilusão: “Saúdo o compromisso renovado do G20 para que se encontrem soluções a nível mundial, mas deixo Roma com esperanças frustradas – mesmo que não estejam enterradas”, escreveu Guterres na sua página de Twitter antes de partir para a Cimeira sobre Alterações Climáticas de Glasgow.
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O anfitrião, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, celebrou os progressos e a “mudança” de “países que até há alguns dias estavam bastante relutantes em seguir as linhas que sugeríamos”. Mas as palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, não disfarçam a desilusão: “Saúdo o compromisso renovado do G20 para que se encontrem soluções a nível mundial, mas deixo Roma com esperanças frustradas – mesmo que não estejam enterradas”, escreveu Guterres na sua página de Twitter antes de partir para a Cimeira sobre Alterações Climáticas de Glasgow.
Reunidos durante o fim-de-semana em Roma, os chefes de Estado e de Governo do G20 afirmaram-se dispostos a fazer esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius, comparando com os níveis pré-industriais, notando que isso “implicará acções e compromissos significativos e eficazes de todos os países”, como se lê no comunicado final. Mas o texto não contém compromissos concretos para tornar essa meta possível por parte dos países que representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo e 80% das emissões de gases com efeito de estufa.
Apesar de tudo, confirma-se a declaração de que os membros do G20 deixarão de financiar centrais a carvão no estrangeiro (uma promessa feita pela China em Setembro à qual as outras nações se associaram) – mas não se estabelece nenhum horizonte temporal para deixarem de usar o carvão como fonte de energia nos seus próprios países (a China e a Índia continuam muito dependentes deste combustível fóssil).
Reafirmou-se ainda o compromisso para “mobilizar 100 mil milhões de dólares por ano” entre 2020 e 2025 para ajudar os países em desenvolvimento a combaterem as alterações climáticas, um objectivo que não está a ser cumprido.
O texto vai um pouco mais além do que o do Acordo de Paris, mas não avança com datas claras para nada: nem para se abandonar completamente o carbono ou as energias fósseis nem para a neutralidade carbónica. Em relação à data para atingir a neutralidade carbónica – 2050 é o objectivo britânico para a COP26 e era o que queria Draghi; 2060 é a meta estabelecida por Pequim –, a formulação encontrada para a declaração comum foi o “meio do século”.
“Fizemos progressos razoáveis no G20, mas não chega”, afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Depois, avisou: “Se Glasgow falhar, falha tudo”.
Os sete anos de 2015 a 2021 serão provavelmente os mais quentes já registados, anunciou este domingo a Organização Meteorológica Mundial, descrevendo um clima mundial a entrar em “território desconhecido”.