G20 marcado pelo clima arranca com debate sobre a pandemia e a recuperação económica
Alterações climáticas e covid-19 no topo da agenda da cimeira dos líderes das maiores economias do mundo, em Roma. Primeiro encontro face a face desde o início da pandemia.
Os líderes do G20 deram início a dois dias de conversações em Roma, num encontro que este ano funciona como um prólogo de alto nível da cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), cujos trabalhos arrancam no domingo, em Glasgow. De acordo um rascunho do comunicado final, visto pela agência Reuters, os líderes das 20 maiores economias do mundo, que são os maiores poluidores, não farão mais do que reforçar ligeiramente as suas promessas de acções contra as mudanças climáticas, sem estabelecerem novas metas consideradas vitais para prevenir uma catástrofe.
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Os líderes do G20 deram início a dois dias de conversações em Roma, num encontro que este ano funciona como um prólogo de alto nível da cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), cujos trabalhos arrancam no domingo, em Glasgow. De acordo um rascunho do comunicado final, visto pela agência Reuters, os líderes das 20 maiores economias do mundo, que são os maiores poluidores, não farão mais do que reforçar ligeiramente as suas promessas de acções contra as mudanças climáticas, sem estabelecerem novas metas consideradas vitais para prevenir uma catástrofe.
O texto deverá referir que estes países, responsáveis por até 80% das emissões de carbono, se comprometem a “intensificar” os seus esforços para limitar o aquecimento global a 1,5ºC nas próximas décadas. “Reconhecemos que os impactos da mudança climática em 1,5ºC são muito mais reduzidos do que a 2ºC e que devem ser tomadas acções imediatas para manter [a meta de] 1,5ºC num alcance próximo”, lê-se no comunicado.
No seu discurso inicial, o presidente do Governo italiano, Mario Draghi, apelou às potências que encontrem soluções multilaterais para os problemas globais. Para o ex-presidente do Banco Central Europeu, é tempo de encerrar o período de “unilateralismo e proteccionismo”: “A pandemia manteve-nos à distância e fez o mesmo com os nossos cidadãos”, disse, mas agora podemos “concentrar-nos no diálogo multilateral” e encarar o futuro com algum optimismo.
Na primeira cimeira do G20 presencial, depois de dois anos de pandemia de covid-19, Draghi recebeu líderes de muitos países, incluindo o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Em casa, por causa das suas preocupações com a covid, ficaram os presidentes de países tão fundamentais para a procura de soluções globais como o russo, Vladimir Putin, e o chinês, Xi Jinping. Isto num clima generalizado de desconfiança e tensão entre potências – entre os EUA e a China; entre a União Europeia e a Rússia – por causa de diferentes temas.
Para além das mudanças climáticas, os líderes reunidos em Roma (e os que irão intervir através de videoconferência) vão ainda debater a resposta à pandemia – grande parte deste primeiro dia vai ser dedicado à crise sanitária e à recuperação económica.
Por um lado, e apesar de não se esperarem anúncios concretos (já houve uma reunião do G20 dedicada a isso em Maio), vai estar em cima da mesa o fosso entre países no que respeita à vacinação, com os membros do fórum (tanto os países desenvolvidos como os emergentes) a apresentarem já percentagens muito elevadas de população vacinada, face aos 4,5% de pessoas com pelo menos uma dose nos países mais pobres, segundo um relatório recente da Organização Mundial de Saúde.
Espera-se que os líderes em Roma assumam os objectivos de vacinar 70% da população mundial até meados de 2022 e de criar uma task force para combater futuras pandemias.
Por outro, quando se fala de recuperação económica, as discussões ficarão marcadas pelos receios face ao aumento do preço da energia e aos constrangimentos nas cadeias de abastecimento global. Biden pedirá aos principais produtores de energia do G20 que aumentem a sua produção, nomeadamente a Rússia e a Arábia Saudita, para garantir uma recuperação económica global mais forte.
Esta também será a cimeira que vai consagrar nas suas conclusões o acordo de 140 países para estabelecer um IRC (imposto que incide sobre o rendimento das empresas) mínimo de 15%.
Integram o G20 a África do Sul, Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos, México, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Alemanha, França, Itália, Rússia, Reino Unido e Austrália.