Volvo C40 Recharge quer fazer “parte da solução”
O primeiro modelo da marca sueca que não será proposto com motores de combustão abre caminho para um futuro que, até 2030, não incluirá mecânicas a gasolina ou a gasóleo com o selo Volvo.
“Somos parte do problema — mas também somos parte da solução.” A frase não poderia ser mais actual, em vésperas do arranque da cimeira COP26, vista por muitos como a última oportunidade para, se não travar, desacelerar as alterações climáticas em curso. No entanto, na Volvo este é um mantra antigo: foi proferido em 1972 por Pehr G. Gyllenhammar, o CEO da marca sueca na época, que se tornou o primeiro responsável por um emblema automóvel a assumir que a sua indústria estava a contribuir para a poluição do ambiente.
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“Somos parte do problema — mas também somos parte da solução.” A frase não poderia ser mais actual, em vésperas do arranque da cimeira COP26, vista por muitos como a última oportunidade para, se não travar, desacelerar as alterações climáticas em curso. No entanto, na Volvo este é um mantra antigo: foi proferido em 1972 por Pehr G. Gyllenhammar, o CEO da marca sueca na época, que se tornou o primeiro responsável por um emblema automóvel a assumir que a sua indústria estava a contribuir para a poluição do ambiente.
Foram precisos quase 50 anos, mas a Volvo parece estar decidida a criar modelos que façam parte da tal solução: começou com o XC40 em versões plug-in e 100% eléctrica, passando agora a apresentar o primeiro automóvel que será proposto somente com mecânicas eléctricas. Não por a Volvo acreditar que a electricidade seja a energia do futuro, mas por considerar que é “aquela que nos permitirá lá chegar”.
Assente na mesma plataforma do XC40, criada para acolher soluções a combustão (como pode ser testemunhado pela desnecessária existência do túnel de transmissão) ou electrificadas, o C40 chega para ajudar a marca a trilhar um caminho que tem como objectivo produzir exclusivamente carros eléctricos em 2030 e que almeja a neutralidade carbónica até 2040.
Para tal, os suecos não apostam apenas nos motores a electricidade, revelando uma cada vez maior aposta em peças recondicionadas, o que lhes permite poupar cerca de 85% em matérias-primas e gastar 80% menos energia. Além disso, refere a marca, há uma política de responsabilidade social e ambiental na aquisição de matérias-primas, entre as quais já foi abolido o couro de origem animal — de forma a travar a crueldade para com os bichos, mas sobretudo a diminuir o impacte ambiental: a indústria de peles é uma das que mais depende de água, além de o processo de curtimento e tingimento ser realizado com produtos químicos tóxicos.
É por esse motivo que o C40 chega sem peles no seu interior, adoptando materiais de base reciclada, sustentáveis, mas que reflectem “boa qualidade”, cumprindo assim a premissa de “poupar água, reciclar, reutilizar” sem prescindir de um ambiente requintado.
A mecânica de estreia do C40, que em terras lusas se fará ainda este ano, em Dezembro, é também a mais potente. Com 300 kW (o equivalente a 408cv) e um binário máximo de 660 Nm, fornecidos por dois motores (um à frente e outro na traseira, que proporcionam tracção às quatro rodas), as mais de duas toneladas praticamente desaparecem assim que se pressiona o pedal do acelerador: vai de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos, suplantando o SUV XC40 Recharge, que já experimentámos, e que já cumpria aquela aceleração em surpreendentes 4,9 segundos. Mas não é a rapidez com que evolui que mais se destaca. O conforto e a forma como se mostra apto a lidar com qualquer situação serão provavelmente os seus maiores trunfos.
Já no que respeita ao número que mais atenções desperta quando se trata de um eléctrico, a Volvo garante que a bateria de iões de lítio de 78 kWh, com capacidade útil de 75 kWh, permite percorrer até 420 quilómetros com uma única carga, anunciando um consumo médio em circuito misto de 22 kWh/100 km, um pouco acima da maioria dos seus rivais.
Ainda assim, se se optar pela lenta tomada doméstica (haja tempo...), cem quilómetros custam entre três e 3,25€; num posto público, os valores variam consoante a potência dos mesmos, o tempo de utilização e a taxa do operador, além de impostos, podendo ir de 5€ por 100 quilómetros num posto de carregamento normal a cerca de 20€, num ultra-rápido (sem contrato de subscrição). Se o carregamento for realizado num rápido, é possível obter 80% da carga em 40 minutos, dependendo de uma série de factores, como se a bateria está suficientemente quente ou até da temperatura exterior.
Mas, como os olhos também comem, a Volvo não se dedicou apenas a criar um produto eficiente, apostando também no design. A parte de trás do C40 Recharge apresenta um desenho marcante que acompanha a linha inferior do tejadilho, enquanto na frente sobressaem os faróis com tecnologia píxel, que se adaptam ao trânsito que circula na dianteira, não correndo o risco de encandear outros utilizadores da estrada. Tal é conseguido através da utilização de LED, de 84 píxeis em cada unidade farol, que iluminam de forma eficiente a estrada adiante sem encandear os outros utilizadores. Por dentro, além da profusão de revestimentos feitos a partir de matérias-primas recicladas, a marca apostou num sistema de infoentretenimento desenvolvido em conjunto com a Google e que se baseia no sistema operativo Android, incluindo aplicações e serviços como Google Maps, Google Assistant e, dependendo dos mercados, Google Play Store, com as actualizações a serem realizadas automaticamente através de uma ligação de dados ilimitados.
A venda do C40, que começou a ser produzido a 7 de Outubro na fábrica de Ghent, Bélgica, como pudemos testemunhar numa visita à linha de montagem, será feita exclusivamente online e a First Edition será proposta em Portugal a partir de 58.275€, incluindo três anos de garantia, manutenção e seguro.