Memórias de tempos e locais no palmarés do Doclisboa
918 Nights, da basca Arantxa Santesteban, e Distopia, do português Tiago Afonso, são os filmes vencedores do regresso do Doclisboa às sessões presenciais.
Embora na prática ainda haja sessões até quarta-feira, o Doclisboa 2021 encerrou oficialmente com o anúncio, ao princípio da noite deste sábado, dos vencedores das secções competitivas (que regressaram depois de um ano de intervalo devido à pandemia). Como já acontecera, com a vitória de Santikhiri Sonata e Viveiro, foram as memórias de outros tempos e de outros locais a levar os prémios máximos.
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Embora na prática ainda haja sessões até quarta-feira, o Doclisboa 2021 encerrou oficialmente com o anúncio, ao princípio da noite deste sábado, dos vencedores das secções competitivas (que regressaram depois de um ano de intervalo devido à pandemia). Como já acontecera, com a vitória de Santikhiri Sonata e Viveiro, foram as memórias de outros tempos e de outros locais a levar os prémios máximos.
O júri formado pelas cineastas Manuela Serra, Vika Kirchenbauer e Alejandro Fernández Mouján, pela escritora Gisela Casimiro e pelo programador Manuel Asín deu o grande prémio da Competição Internacional a 918 Nights, onde a realizadora basca Arantxa Santesteban recorda e reflecte sobre os quase três anos que passou presa entre 2007 e 2009.
Na mesma linhagem, o prémio do júri coube ao filme brasileiro de Aline Lata e Helena Wolfenson O Lugar Mais Seguro do Mundo, sobre o modo como a perda da sua vila natal vem a afectar ao longo dos anos um jovem que acaba por se mudar para a grande cidade; o projecto fora premiado em 2019 no Arché, o programa de apoio à criação de documentários gerido pelo Doclisboa.
Na Competição Portuguesa, julgada pelas cineastas Renata Sancho e Sérgio Silva e pela investigadora Mathilde Rouxel, o melhor filme foi Distopia, onde Tiago Afonso observa a gentrificação que vem mudando o Porto ao longo dos últimos 14 anos. (Distopia foi o único título a receber mais do que um prémio, tendo igualmente recebido o galardão para melhor filme nacional a concurso atribuído por um júri formado por alunos da ETIC.) O prémio do júri foi entregue à curta Meio Ano-Luz do brasileiro radicado em Portugal Leonardo Mouramateus.
Outras produções nacionais premiadas foram Yoon, longa-metragem de Pedro Figueiredo Neto e Ricardo Falcão (e para nós o melhor título português a concurso), que recebeu o Prémio Lugares de Trabalho Seguros e Saudáveis patrocinado pela Agência Europeia para a Segurança no Trabalho; a longa Alcindo, primeira obra de Miguel Dores, sobre o assassinato de Alcindo Monteiro em 1995, que foi produzido com recurso a crowdfunding e, exibido fora de concurso na secção Cinema de Urgência, recebeu o Prémio do Público (patrocinado pelo PÚBLICO); e a curta Meia-Luz, de Maria Patrão, inspirada pelas imagens de Jaime de António Reis e considerado o melhor filme português na secção Verdes Anos (filmes em contexto escolar).
O prémio Fernando Lopes para melhor primeira obra portuguesa coube, paradoxalmente, ao cineasta libanês Taymour Boulos, cuja curta Léssivés foi rodada no âmbito do programa de mestrado em documentário DocNomads, repartido entre a Bélgica, Hungria e Portugal.
O festival encerrou oficialmente com Re Granchio, da dupla italiana Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis (cujo Il Solengo foi premiado no Doc em 2015), mas as sessões continuam ainda este domingo em todos os espaços do festival, e o cinema Ideal recebe os filmes premiados nas sessões das 20h e 22h de segunda-feira 1, terça-feira 2 e quarta-feira 3.