Rio espera “comportamento normal” de Marcelo e legislativas a 9 ou 16 de Janeiro

Em entrevista à SIC, o presidente do PSD quer evitar a “balbúrdia” que representaria fazer agora a disputa interna no partido e diz não ter “posição fechada” sobre se é melhor ir a eleições legislativas coligado com o CDS.

Foto
Rui Rio não sabe se prefere ir a legislativas coligado com o CDS ESTELA SILVA/LUSA

Rui Rio espera para ver o que fará Marcelo Rebelo de Sousa para perceber se se confirmam as “desconfianças” no seio da actual direcção do PSD sobre uma eventual preferência do Presidente da República por Paulo Rangel, candidato à liderança. Em entrevista à SIC, o líder social-democrata afirma que tudo ficará claro “no momento” em que Marcelo marcar as eleições antecipadas, sendo certo que Rio defende que, em nome do “interesse nacional”, estas sejam agendadas para 9 de Janeiro ou o mais tardar para 16 do mesmo mês. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Rui Rio espera para ver o que fará Marcelo Rebelo de Sousa para perceber se se confirmam as “desconfianças” no seio da actual direcção do PSD sobre uma eventual preferência do Presidente da República por Paulo Rangel, candidato à liderança. Em entrevista à SIC, o líder social-democrata afirma que tudo ficará claro “no momento” em que Marcelo marcar as eleições antecipadas, sendo certo que Rio defende que, em nome do “interesse nacional”, estas sejam agendadas para 9 de Janeiro ou o mais tardar para 16 do mesmo mês. 

“Se [Marcelo] tiver um comportamento normal”, então não haverá razões para o presidente do PSD desconfiar das intenções do Presidente. Ou seja, para Rui Rio é a “prática que conta”, portanto se Marcelo Rebelo de Sousa, “ao arrepio” de tudo o que sempre disse, agendar as legislativas para o fim de Janeiro ou mesmo Fevereiro, então é porque está a agir de modo a ajudar os intentos de Rangel, colocando o país em segundo lugar na medida em que o Parlamento só seria “dissolvido em Dezembro”.

Pelo contrário, “se o Presidente cumprir o que vem dizendo”, então as eleições decorrerão “logo no início de Janeiro” para “termos Governo ainda em Janeiro” e assim assegurar um Orçamento o mais rapidamente possível e evitar perder verbas do Plano de Recuperação e Resiliência. 

“No momento em que o Presidente da República marcar a data das eleições legislativas vai-se perceber se tudo isso é verdade ou não é verdade”, resumiu o líder laranja. Recorde-se que Rangel defende que as eleições gerais decorram a 20 ou 27 de Fevereiro.

Tendo em conta a crise económica que se “avizinha” dada a alta inflacionista que se repercutirá no aumento das taxas de juro e consequente agravamento dos custos de financiamento da economia, “não podemos esperar e andar aqui com rodriguinhos”, defendeu Rio, acenando argumentação adicional para evitar um processo de directas no PSD nesta fase.

Por outro lado, depois do “trajecto de credibilização” feito pela actual liderança social-democrata, consumada pelos resultados do partido nas autárquicas, Rui Rio considera contraproducente deitar fora todo esse trabalho ao avançar com as eleições internas marcadas para 4 de Dezembro. 

“Andei durante quatro anos a procurar credibilidade. Faz-me lembrar a guerra do Solnado. Ligávamos para o PS: ‘Vocês não ataquem agora'”, ironizou acerca da possibilidade de discutir a liderança do partido quando o PSD devia, ao invés, ter desde já um candidato a primeiro-ministro para apresentar ao país. 

Depois de ter perdido a votação no conselho nacional em que pretendia adiar as directas, Rui Rio afiança não pretender agora “propor adiamento nenhum”, antes promover uma reflexão sobre se nesta fase “vale a pena irmos para uma disputa interna”. “Quem é o meu adversário, é o Paulo Rangel ou António Costa”, questionou, reiterando considerar que, ante o momento que o país atravessa, agora “não pode haver eleições internas no principal partido de oposição”.

Em suma, Rio quer evitar a “balbúrdia” que representaria todo esse processo de disputa interna, a começar na definição das listas de candidatos à Assembleia da República, passando pela elaboração do “programa eleitoral” e terminando nas estratégias de marketing de campanha. 

Se Rangel se propõe alcançar uma maioria absoluta com uma votação em legislativas na ordem dos 42-43%, Rui Rio garante que não quer “pedir aquilo que não possa estar à vista”, até porque entrar numa “guerra fratricida” pela liderança do PSD iria dificultar tal desiderato. Já se a disputa interna decorresse noutra altura, Rio não a encararia como uma disputa fratricida mas como “normal”.

Rio não exclui “dialogar” com PS após legislativas

Ao contrário do que fez o actual primeiro-ministro ao excluir, em 2020, o PSD de quaisquer negociações orçamentais, Rui Rio diz, uma vez mais em nome do “interesse nacional”, que irá “dialogar” com o PS, se necessário, no pós-legislativas antecipadas. 

“Se eu descarto a possibilidade de dialogar com alguns, estou a ir contra o interesse nacional. O erro de António Costa foi ficar enquistado à esquerda e eu agora vou fazer o mesmo? Os partidos não podem ser tão radicais que inviabilizem a governação do país. Em nome do interesse nacional, não devemos fechar as portas todas”, detalhou.

Se esse diálogo passará pelo Chega, Rio insiste em dizer mais uma vez “a mesma coisa”, só se o partido de André Ventura “se moderar”, sendo que, até ao momento, ainda “não se moderou”. E sobre a possibilidade de listas em coligação com o CDS, admitiu não ter ainda uma “posição fechada”.

“Devemos pensar. Fico dividido entre ir coligado com o CDS ou não ir”, explicou, acrescentando que o encontro previsto para esta sexta-feira com o líder centrista, Francisco Rodrigues dos Santos, foi cancelado a pedido daquele, provavelmente devido a “estes tumultos que surgiram no CDS”