Teatro LU.CA quer mostrar que um livro pode ser tão doce como um mil-folhas
O projecto do LU.CA vai correr escolas de Lisboa com teatros, conferências, oficinas e leituras encenadas com base em obras estudadas na disciplina de Português.
E se as aulas de português se transformassem num teatro onde os livros que os alunos têm de conhecer se revelassem num palco? O Mil-folhas, um projecto do LU.CA – Teatro Luís de Camões, torna isso possível. É assim que no Centro de Educação e Desenvolvimento (CED) D. Nuno Álvares Pereira, os alunos do 6º ano vão descobrindo uma das histórias de Contos Gregos de António Sérgio. No fim da peça, para as crianças a pergunta era óbvia: Porque é que a actriz Catarina Santos não interpreta todas as obras que vão dar em Português? Isso “seria um grande problema”, respondeu a professora, sorrindo.
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E se as aulas de português se transformassem num teatro onde os livros que os alunos têm de conhecer se revelassem num palco? O Mil-folhas, um projecto do LU.CA – Teatro Luís de Camões, torna isso possível. É assim que no Centro de Educação e Desenvolvimento (CED) D. Nuno Álvares Pereira, os alunos do 6º ano vão descobrindo uma das histórias de Contos Gregos de António Sérgio. No fim da peça, para as crianças a pergunta era óbvia: Porque é que a actriz Catarina Santos não interpreta todas as obras que vão dar em Português? Isso “seria um grande problema”, respondeu a professora, sorrindo.
O novo projecto, segundo Susana Menezes, directora artística do LU.CA, surgiu da dificuldade que as escolas tinham em sair com os alunos durante a pandemia mas também da vontade dos professores em desenvolver “mecanismos mais atraentes que aproximassem os seus alunos das obras” que estudam. O teatro começou, então, a pensar em algo que funcionasse bem numa sala de aula e que fosse “portátil”, facilitando o processo de montagem e desmontagem do pequeno espectáculo.
Foi assim que nasceu o Mil-folhas, um projecto que pretende explorar as intenções, motivações e até mensagens escondidas nas obras incluídas no currículo escolar e no Plano Nacional de Leitura através de propostas de expressão dramática. Os teatros, conferências, oficinas e leituras encenadas vão ser apresentados a alunos, desde o 1º ciclo ao secundário, de escolas de Lisboa durante este ano lectivo. No entanto, “a programação para 2022 só será divulgada quando o LU.CA receber a aprovação do orçamento camarário”, avisa Susana Menezes.
Por agora, segue-se o que já estava planeado e numa destas manhãs de Outubro, a História dos Argonautas, de António Sérgio, foi encenada no CED D. Nuno Álvares Pereira. Depois dos alunos e professoras se sentarem dentro da sala de aula, a actriz Catarina Claro bateu à porta e entrou, começando de imediato a interagir com as crianças, que não perceberam logo que esta aproximação já fazia parte da representação. Catarina trazia consigo uma caixa, de onde, à medida que contava a história, ia retirando objectos ilustrativos do conto, como um pequeno navio e um passe-partout com uma foto da deusa Atena.
Durante cerca de uma hora, a actriz foi fazendo perguntas ao público e a certa altura pediu mesmo que dois alunos fizessem de figurantes. As crianças, e mesmo as professoras, riram-se das piadas e dos trejeitos faciais e corporais de Catarina, que lhes contou que era “óptima a fazer caretas”. No final da encenação, os aplausos acompanharam a actriz mesmo quando saiu da sala. A professora de Português Dionísia Vieira, directora de turma, tentou perceber a reacção. Não houve dúvidas - todos adoraram porque foi “muito engraçada”. Daí a pedirem que todos os livros fossem assim ensinados foi um pulinho.
A directora artística do LU.CA desafiou as crianças a resumirem a história e, para espanto das professoras, grande parte delas conseguiu descrever tudo o que se passou. Dionísia Vieira conta ao PÚBLICO que aquela turma de sexto ano é “das mais complicadas da escola”, pois a maioria dos alunos tem problemas de atenção e é pouco pró-activa, “talvez porque tem medo de errar”. “Eles precisam de sair da sua zona de conforto e ter vivências diferentes”, diz a professora. Sublinha também que o pequeno teatro foi uma grande ajuda para introduzir a obra de António Sérgio aos alunos, que é “bastante complexa” e por vezes um pouco difícil de acompanhar.
A coordenação artística do Mil-folhas ficou a cargo de Leonor Barata, formada em Estudos Artísticos e Dança, que, em conjunto com os intérpretes de cada obra, planeou qual seria a melhor forma de contar as diversas histórias.
O LU.CA, o único teatro em Portugal com programação exclusiva para crianças e jovens, pretende problematizar o mundo e estimular o desenvolvimento intelectual e cultural dos alunos através de projectos como o Mil-folhas. Para além de Contos Gregos, vão ser ainda interpretados Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira, e Contos de Perrault, de Charles Perrault.
Para mais informações sobre o Mil-folhas e a restante programação do LU.CA pode consultar o site do teatro.
Texto editado por Ana Fernandes