Rede falsificava quadros de Cesariny, Malangatana e Almada Negreiros a partir da cadeia

A produção da pintura falsa decorria na sala de artesanato de um estabelecimento prisional. A Policia Judiciária apreendeu 40 obras falsas. Rede falsificava quadros de grandes pintores como Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Noronha da Costa, José Malhoa, Cutileiro, Domingos Alvarez, Malangatana e Almada Negreiros.

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fau fabio augusto

A Polícia Judiciária (PJ), através da Directoria do Norte, desmantelou uma rede que falsificava quadros de pintores como Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Noronha da Costa, José Malhoa, Cutileiro, Domingos Alvarez, Malangatana e Almada Negreiros.

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A Polícia Judiciária (PJ), através da Directoria do Norte, desmantelou uma rede que falsificava quadros de pintores como Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Noronha da Costa, José Malhoa, Cutileiro, Domingos Alvarez, Malangatana e Almada Negreiros.

 No âmbito desta investigação foi possível apreender 40 obras contrafeitas, mas a PJ suspeita que existirão muitas mais. 

No centro desta rede estava um comerciante de arte de 50 anos, referenciado por introduzir no comércio de arte nacional, leiloeiras e galerias obras pictóricas falsas, elaboradas “ao estilo” ou reproduções de grandes mestres nacionais e estrangeiros.

Para a produção e assinatura das obras de arte recorria a um recluso com grandes dotes em pintura. O trabalho desenvolvido pelo falsário foi considerado de grande qualidade, não tendo sido divulgado se teria formação em Belas-Artes. A produção da pintura falsa decorria na sala de artesanato do um estabelecimento prisional onde se encontrava detido, sem que os guardas prisionais alguma vez tenham suspeitado de que as reproduções a que se dedicava se destinavam a ser vendidas a incautos apreciadores de pintura. 

As telas, pincéis, folhas de papel de desenho, tubos de tinta e óleo, frascos de óleo de linhaça, lápis de carvão, papel vegetal, papel químico e outros materiais eram fornecidos ao recluso pelo marchand, que não se sabe por enquanto se recorreria a outros falsários ou apenas a este. Era ele o cabecilha de todo o esquema, escoando as pinturas, que saíam do estabelecimento prisional através de visitas autorizadas, para o circuito comercial, com a ajuda de vários cúmplices.

Foram realizadas diversas buscas domiciliárias e em estabelecimentos do Grande Porto, no âmbito das quais foram apreendidas 26 obras pictóricas que se presumem falsas, que se juntaram às restantes 14 já na posse das autoridades.

A investigação, que contou com a colaboração da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, prossegue no sentido de identificar mais obras contrafeitas, bem como a sua actual localização. Após ter sido submetido a interrogatório judicial, foi aplicada ao marchand a medida de obrigação de permanência na habitação.