A pistola que Alec Baldwin disparou e matou Halyna Hutchins não foi verificada com cuidado
A segurança durante as filmagens está a ser investigada pelas autoridades, que não descartam a possibilidade de ter existido responsabilidade criminal.
O revólver Colt de calibre 45 que foi entregue ao actor Alec Baldwin, e que acabou por disparar a bala de chumbo que matou a directora de fotografia Halyna Hutchins e feriu o realizador Joel Souza, não foi verificado com cuidado, de acordo com as autoridades e um novo processo judicial.
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O revólver Colt de calibre 45 que foi entregue ao actor Alec Baldwin, e que acabou por disparar a bala de chumbo que matou a directora de fotografia Halyna Hutchins e feriu o realizador Joel Souza, não foi verificado com cuidado, de acordo com as autoridades e um novo processo judicial.
Novos detalhes sobre o incidente surgiram, quarta-feira, durante uma conferência de imprensa com o xerife do condado de Santa Fé Adan Mendoza e a procuradora distrital Mary Carmack-Altwies, com a apresentação de uma declaração juramentada pelo departamento do xerife. Adan Mendoza disse aos repórteres que havia uma atitude complacente em relação à segurança no cenário antes das filmagens, na passada quinta-feira.
Hannah Gutierrez, a responsável pelas armas usadas na produção do western, disse aos investigadores que tinha verificado as armas no local e que não tinha encontrado “balas quentes”, i.e., munições reais, antes do tiroteio, de acordo com a declaração juramentada. Mas Dave Halls, o assistente de realização do filme, que passou a arma a Baldwin, dizendo ao actor que estava “fria” ou segura, disse à polícia ter aconselhado a verificação prévia, referindo-se ao tambor, algo que afirmou não ter sido feito.
Esta não é a primeira vez que Halls se vê envolvido em problemas com armas: em 2019, foi despedido da produção de um filme por causa de um contratempo com um revólver, disse a produtora Rocket Soul, na segunda-feira.
Tanto Mendoza como Carmack-Altwies disseram que embora não tenham sido apresentadas acusações criminais, não estão a excluir essa possibilidade. “Ainda não excluímos nenhuma opção. Nesta altura, está tudo em cima da mesa, incluindo acusações criminais”, disse Carmack-Altwies.
Peritos jurídicos consultados pela Reuters afirmaram que as acusações criminais contra Baldwin são possíveis, mas não prováveis.
Uso de armas em debate
O incidente abalou Hollywood, suscitando um debate sobre os protocolos de segurança em cinema e televisão (incluindo se certos tipos de armas utilizadas como adereços devem ser proibidas) e sobre as condições de trabalho em produções de baixo orçamento.
Hannah Gutierrez, a armeira da equipa de filmagem, disse que as munições não foram acondicionadas no cenário durante uma pausa para almoço. Sobre os revólveres, a jovem terá garantido, numa declaração juramentada, que todas as armas eram guardadas num cofre, do qual “apenas algumas pessoas tinham acesso e sabiam a combinação”, durante os intervalos e que nenhuma munição real era guardada no local.
No entanto, as autoridades recolheram três armas de fogo e 500 munições (algumas suspeitas de serem balas reais), disse Mendoza. Algumas das provas balísticas estão a ser enviadas para um laboratório criminal do FBI para análise, acrescentou.
As autoridades têm a arma de fogo utilizada no tiroteio e recuperaram a bala do ombro do director Joel Souza, que recebeu alta poucas horas depois de ter chegado ao hospital. Aparentemente, a mesma bala que matou Hutchins atingiu Souza, que se encontrava posicionado atrás da directora de fotografia, acrescentou Mendoza.
Alec Baldwin estava a apontar para uma câmara enquanto ensaiava quando a arma disparou, de acordo com documentos do tribunal. Não há filmagens do incidente, disse Mendoza.
Entretanto, os produtores do filme contrataram a firma de advogados Jenner & Block para investigar o tiroteio e garantiram que os advogados “terão total liberdade” de acção.