Conto A Menina do Mar é reeditado com ilustrações originais de Sarah Affonso
A obra, que faz parte do Plano Nacional de Leitura, conta a história de um menino, que vive numa casa branca voltada para o mar, que um dia encontra uma menina, pequenina e de cabelos azuis, a dançar com um polvo, um caranguejo e um peixe.
O primeiro conto infantil de Sophia de Mello Breyner Andresen, A Menina do Mar, vai ser reeditado em Novembro com as ilustrações da edição original, feitas há mais de 60 anos pela artista Sarah Affonso, revelou a Porto Editora.
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O primeiro conto infantil de Sophia de Mello Breyner Andresen, A Menina do Mar, vai ser reeditado em Novembro com as ilustrações da edição original, feitas há mais de 60 anos pela artista Sarah Affonso, revelou a Porto Editora.
A Menina do Mar é um dos mais conhecidos textos de Sophia de Mello Breyner Andresen para a infância e foi editado pela primeira vez em 1958, somando desde então mais de 40 reedições, ilustrado por vários artistas, como Luís Noronha da Costa e Fernanda Fragateiro. No entanto, a primeira edição do conto teve desenhos da artista Sarah Affonso, numa edição da Ática há muito esgotada.
A obra, que faz parte do Plano Nacional de Leitura, conta a história de um menino, que vive numa casa branca voltada para o mar, que um dia encontra uma menina, pequenina e de cabelos azuis, a dançar com um polvo, um caranguejo e um peixe.
Em várias entrevistas, Sophia de Mello Breyner Andresen revelou que a ideia de escrever para crianças nasceu da necessidade de contar histórias aos filhos. E o primeiro conto foi inspirado numa história incompleta que a mãe lhe tinha contado, sobre uma menina que vivia nas rochas. “Como a coisa que eu mais adorava na vida era tomar banho de mar, essa menina tornou-se para mim o símbolo da felicidade máxima, porque vivia no mar, com as algas, com os peixes... Então eu comecei a contar a história a partir disso”, afirmou a escritora, numa entrevista citada na página online da Biblioteca Nacional de Portugal, que lhe é dedicada.
Sarah Affonso (1899-1983) é considerada uma das mais notáveis e desconhecidas artistas modernistas portuguesas, e apesar de a sua obra já ter sido várias vezes dada a ver em exposições individuais ou colectivas, ainda é pouco conhecida do grande público. A artista, última aluna de Columbano Bordalo Pinheiro, é principalmente conhecida por ter sido mulher de José de Almada Negreiros.
Em 2019, por ocasião de uma exposição em Lisboa e coincidindo com os 120 anos do nascimento, foi publicado o livro Sarah Affonso - Os dias das pequenas coisas, que revela os diferentes domínios em que a artista trabalhou, nomeadamente desenho, pintura, bordado e alguma ilustração para a infância. É neste livro que se lê que Sophia de Mello Breyner Andresen, em 1957, numa viagem ao Minho, convidou Sarah Affonso para ilustrar o seu primeiro conto.
Para o livro, “Sarah cria um conjunto de oito desenhos que vão ao encontro dos desejos da escritora e nos quais dialogam a tradição popular e as influências de Matisse, na criação de um universo cativante, gizado a lápis de cor”, lê-se nesse título.
Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das mais distintas vozes literárias do século XX português, nasceu no Porto, em 1919, e morreu em Lisboa, a 2 de Julho de 2004. Para a infância, publicou A fada Oriana (1958), A noite de Natal (1959), O Cavaleiro da Dinamarca (1964), O Rapaz de Bronze (1966), A Floresta (1968), A Árvore (1985), A Cebola da Velha Avarenta (1986) e, a título póstumo, Os ciganos, obra completada pelo neto, Pedro Sousa Tavares.
Além de A Menina do Mar, Sarah Affonso também desenhou para outras obras para a infância, nomeadamente Mariazinha em África (2915) e As aventuras de Mariazinha, Vicente e companhia (1935), ambos de Fernanda de Castro, e O crocodilo e o passarinho (1975), de Madalena Gomes.