Covid-19: Estudo aponta pico de carga viral similar entre vacinados e não vacinados
Perante os dados, os investigadores reforçam a importância da manutenção de medidas de prevenção contra a propagação do vírus.
Pessoas infectadas com a variante Delta do vírus SARS-CoV-2 registaram um pico de carga viral semelhante independentemente do estado de vacinação contra a covid-19, revelou um estudo publicado pela revista científica The Lancet.
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Pessoas infectadas com a variante Delta do vírus SARS-CoV-2 registaram um pico de carga viral semelhante independentemente do estado de vacinação contra a covid-19, revelou um estudo publicado pela revista científica The Lancet.
A investigação decorreu no Reino Unido entre Setembro de 2020 e Setembro de 2021 e contou com 621 participantes em contexto familiar, sobre os quais foram recolhidas informações demográficas e do estado de vacinação no momento de inscrição, tendo sido efectuados testes de PCR diários para detectar a infecção, independentemente de existirem ou não sintomas.
Segundo o estudo, foram registados 205 contactos domésticos para a variante Delta, dos quais 53 deram positivo para a covid-19. Destes 205 contactos, 126 (62%) tinham recebido duas doses de vacina, 39 (19%) receberam uma dose e 40 (19%) não foram vacinados.
Entre os contactos que tinham duas doses de vacina, 25% (31/126 contactos) ficaram infectados com a variante delta em comparação com 38% (15/40) de contactos domésticos não vacinados, comprovando um risco menor, mas ainda apreciável, de pessoas vacinadas serem infectadas com a variante Delta em comparação com não vacinadas.
A investigação conduzida apurou ainda que o pico da carga viral entre as pessoas vacinadas foi semelhante ao registado entre as pessoas não vacinadas, o que ajuda a explicar a ocorrência de um elevado número de casos mesmo em países que já têm altos índices de vacinação.
Em relação à definição do risco de transmissão, a abordagem dos investigadores consistiu no estado de vacinação para contactos domésticos expostos ao primeiro caso de variante Delta detectado num agregado familiar.
O estado de vacinação foi dividido em três categorias: não vacinado, se não tivesse recebido uma única dose de vacina contra a covid-19 pelo menos sete dias antes da inscrição para o estudo; parcialmente vacinado, se recebeu uma dose pelo menos sete dias antes da inscrição; e totalmente vacinado, se tomou duas doses mais de sete dias antes.
Perante os dados, os investigadores - oriundos de diversas instituições britânicas, como Imperial College de Londres, a Universidade de Oxford, a Universidade de Surrey, Agência de Saúde Pública inglesa e o Centro Académico de Ciências da Saúde de Manchester - reforçaram a importância da manutenção de medidas de prevenção contra a propagação do vírus.
“Ao proceder à amostragem repetida de contactos de casos de covid-19, descobrimos que as pessoas vacinadas podem contrair e transmitir a infecção dentro das famílias, incluindo aos membros da família vacinados. As medidas sociais e de saúde pública para refrear a transmissão - uso de máscaras, distanciamento social e testes - continuam a ser importantes, mesmo em indivíduos vacinados”, disse Anika Singanayagam, co-autora do estudo.
Paralelamente, houve 133 participantes que tiveram as trajectórias diárias de carga viral analisadas, dos quais 49 tinham pré-variante Alfa e não estavam vacinados, 39 tinham Alfa e não estavam vacinados, 29 tinham Delta e estavam totalmente vacinados, e 16 tinham Delta e não estavam vacinados. A análise indicou que a carga viral desceu mais rapidamente entre vacinados infectados com a variante Delta face aos não vacinados com Delta, Alfa ou pré-Alfa.
Os autores do estudo reiteraram ainda a importância das vacinas para o controlo da pandemia ao nível de infecção grave e óbito, além da administração de doses de reforço a todos os que são elegíveis.
“A vacinação por si só não é suficiente para evitar que as pessoas sejam infectadas com a variante Delta e a sua disseminação em ambiente doméstico. A transmissão contínua a que assistimos entre pessoas vacinadas torna essencial que as pessoas não vacinadas se vacinem para se protegerem da covid-19. Verificámos que a susceptibilidade à infecção aumentou já dentro de alguns meses após a segunda dose da vacina, por isso, as pessoas elegíveis para as vacinas de reforço devem recebê-las prontamente”, concluiu Ajit Lalvani, co-autor do estudo.
A covid-19 provocou pelo menos 4.969.926 mortes em todo o mundo, entre quase 245 milhões infecções pelo coronavírus SARS-CoV-2 registadas desde o início da pandemia. Em Portugal, desde Março de 2020, morreram 18.149 pessoas e foram contabilizados 1.088.133 casos de infecção, segundo dados da Direcção-Geral da Saúde.