Santos Silva acha possível uma repetição da “geringonça” nas próximas eleições
Em entrevista à TVI24, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o BE e o PCP “nada ganham” com o chumbo do OE2022 e não consegue compreender como os partidos à esquerda do PS deram uma vitória ao PSD. E continua a achar que é desejável evitar soluções tipo bloco central em Portugal.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, acha possível que uma repetição da “geringonça” aconteça nas próximas eleições, caso o Partido Socialista não consiga maioria absoluta em eleições antecipadas. Numa entrevista à TVI24, horas depois do chumbo oficial do Orçamento do Estado para 2022, o ministro disse estar seguro de que todos os partidos “aceitarão os resultados eleitorais”.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, acha possível que uma repetição da “geringonça” aconteça nas próximas eleições, caso o Partido Socialista não consiga maioria absoluta em eleições antecipadas. Numa entrevista à TVI24, horas depois do chumbo oficial do Orçamento do Estado para 2022, o ministro disse estar seguro de que todos os partidos “aceitarão os resultados eleitorais”.
“Se o Presidente da República decidir convocar eleições, dissolvendo o Parlamento, o povo vai-se pronunciar, vai dizer quem é que quer liderar o Governo e há três possibilidades: ou a direita faz a maioria, e todos nós sabemos que facilmente se entenderá; ou o Partido Socialista tem maioria absoluta ou consegue fazer maioria com o PAN; ou há uma circunstância estruturalmente parecida com a actual”, disse o ministro.
Santos Silva disse que a direita “só conseguiu a vitória política” de ver o Orçamento do Governo PS chumbado “porque os partidos à esquerda votaram com a direita contra o Orçamento” e afirmou que o BE e o PCP “nada ganham” com o chumbo do Orçamento do Estado para 2022.
“O salário mínimo aumenta mais? Não, o salário mínimo nem aumenta. O aumento das pensões é superior ao que o Governo estava a propor? Não, com o Orçamento chumbado nem sequer há aumento das pensões”, disse.
“Teremos certamente que encontrar maioria para governar e essa maioria ou é dada pelo eleitorado a um partido ou os partidos têm que se entender. Eu continuo a achar que é desejável em Portugal evitar soluções tipo bloco central para haver sempre que possível uma alternativa. Desejavelmente, o PS ou o PSD devem liderar o Governo em competição. É o mais sadio para a democracia haver esta distinção e esta alternativa”, disse.
Apelidando este chumbo de “percalço”, “erro no percurso” e “algo absolutamente surpreendente e ilógico”, Santos Silva disse ainda acreditar que existem “muitas centenas de milhares de portugueses que estarão a perguntar-se como uma direita minoritária do Parlamento conseguiu derrotar o Orçamento com os votos do Bloco de Esquerda e PCP”. “A consequência objectiva desses votos contra é que tudo o que havia de avanços no Orçamento, em matéria de política social, rendimentos, remunerações e desagravamento fiscal, cai por terra”, referiu ainda, acrescentando que este é o orçamento “mais expansionista” que o Governo do PS já apresentou.
“Não consigo compreender o voto contra, não consigo compreender como é que o doutor Rui Rio consegue hoje uma vitória, consegue impedir que a proposta de Orçamento passe, contando para isso com os votos contra da esquerda à esquerda do PS”, afirma.
Sobre a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa, Santos Silva disse que estas circunstâncias devem ser encaradas “sem demasiado dramatismo”. “O Governo estará em plenas funções até ser convocada a eleições. Nesse momento, entraremos em período eleitoral e concentramo-nos nas eleições e, a partir daí, há-de formar-se Governo que há-de apresentar uma nova proposta de Orçamento”, disse, esclarecendo que não está aqui em causa “nenhuma anormalidade do ponto de vista europeu”.