Neste salão de cabeleireiro só entra uma cliente de cada vez e é João Gaspar quem faz tudo

O espaço fica na Rua Rodrigues Sampaio, perto da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e não tem montra para a rua. A ideia é ter uma experiência exclusiva, sem a típica confusão dos cabeleireiros.

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Quem chegar à porta do número 31 da Rua Rodrigues Sampaio, em Lisboa, será difícil adivinhar que lá dentro se encontra um salão de cabeleireiro. Não há montras para a rua e apenas uma pequena placa junto aos botões da campainha confirma a suspeita de que se está no local certo. João Gaspar atende à porta fechada, uma cliente de cada vez. A ideia é que esta ida ao salão seja o mais exclusiva possível. “Conseguimos dar mais qualidade à cliente”, promete o cabeleireiro.

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Quem chegar à porta do número 31 da Rua Rodrigues Sampaio, em Lisboa, será difícil adivinhar que lá dentro se encontra um salão de cabeleireiro. Não há montras para a rua e apenas uma pequena placa junto aos botões da campainha confirma a suspeita de que se está no local certo. João Gaspar atende à porta fechada, uma cliente de cada vez. A ideia é que esta ida ao salão seja o mais exclusiva possível. “Conseguimos dar mais qualidade à cliente”, promete o cabeleireiro.

Abriu em Outubro de 2020 para fechar, pouco depois, em Janeiro, por causa do segundo confinamento provocado pela pandemia. Só agora é que o cabeleireiro, natural de Oliveira de Azeméis, se começa a sentir em casa na sua nova morada. Antes de João Gaspar, foi o seu mentor Miguel Viana a explorar aquele espaço. Aparentemente este é um apartamento normal. Uma assistente abre a porta com um sorriso e conduz até à cadeira de cabeleireiro, numa sala ampla e bem decorada. “Quer um chá ou um café?”, pergunta. A “casa” tem várias divisões, cada uma com uma função: corte, cor e lavagem.

“Este conceito é quase como atender em casa, não tem a confusão de um salão, com os secadores e as pessoas todas a falar”, começa por explicar o jovem cabeleireiro. João Gaspar tem apenas 23 anos e é autodidacta. Desde os 12 anos que trata do cabelo da mãe, da irmã e da avó. “Cresci rodeado de mulheres, mas que não tinham jeito nenhum para cabelos. Desde criança que me fascina o cabelo e tudo o que envolva moda e beleza”, recorda. Depois de treinar na família e nas “bonecas aprendiz de cabeleireiro”, no início da adolescência já atendia algumas amigas em casa, de forma informal.

Quando chegou a hora de escolher o curso, seguiu design de moda, ao mesmo tempo que trabalhava com o conceituado Miguel Viana, no Porto. João Gaspar não tinha quaisquer dúvidas de que queria ser cabeleireiro, mas não se identificava com nenhum dos formatos de ensino da profissão em Portugal. “Ainda não me identifico a 100%. Gosto de formações pontuais de cor, de corte. Acho que nas escolas de cabeleireiro não há grande margem para a criação. E isto não há regra. Cada um tem de encontrar o seu caminho”, acredita. 

“O segredo é encaixarmos na personalidade”

O design de moda, esclarece, foi uma óptima forma de alargar horizontes e “até um excelente complemento na forma de olhar para o cabelo”. Nos cabelos, tal como na moda, também há tendências, ainda que João Gaspar tente fugir delas, procurando sempre um diagnóstico individual: “Hoje toda a gente faz muita cor e torna-se um bocadinho demais. Acho que o segredo da coloração é quando olhamos para um cabelo e não percebemos se é cor ou se é natural.

No que toca aos cortes, estão de volta as franjas com movimento. “Hoje usa-se um bocadinho de tudo. O segredo é encaixarmos na personalidade”. E por falar em corte, João Gaspar opta sempre por cortar com o cabelo seco e com a cliente de pé, para que se anteveja o resultado final. Só depois, se passa para a sala de lavar o cabelo — a grande surpresa do salão. As cadeiras fazem uma massagem ao corpo, enquanto os dedos do cabeleireiro percorrem o couro cabeludo, tornando-se difícil não adormecer.

O salão almeja um público de luxo, ainda que João Gaspar assegure ter clientes de todas as faixas etárias, “das adolescentes às pessoas de mais idade”. Está agora na fase de angariação de clientes. A maioria das mulheres, reconhece, é fiel ao seu cabeleireiro, “quando encontram alguém que as entende e apreciam aquele determinado trabalho”. No salão “secreto”, um brushing custa entre 35 a 50€, consoante o comprimento; um corte entre 45 a 75€, a coloração fica entre os 75 e os 90€; as nuances entre os 120 e os 250€; e os rituais de hidratação entre os 40 e os 80€.

Do primeiro toque, do corte, à lavagem e aos retoques finais, é João Gaspar que trata de tudo. “Nunca gostei que a cliente passasse por muitas mãos e por isso executo do início ao fim”, justifica. A promessa é de que cada visita será sempre intimista e ainda pode receber a atenção da pequena Mila, a amigável cadela do cabeleireiro, que acompanha até à porta, na hora da despedida.


O PÚBLICO fez um corte de cabelo a convite do cabeleireiro.