Vem aí uma série para descobrir (e viajar com) Vinhos com História
Anunciada como um dos destaques da RTP1 para os próximos meses, ainda não tem data de estreia na televisão, mas começa já a servir uma amostra do que se pode esperar de uma jornada pela “história de alguns dos vinhos portugueses mais especiais”, do Pico a Colares.
Qual é a ligação entre a fundação de Portugal e um néctar feito por monges? Ou entre o vinho de Colares e o crash da bolsa de Nova Iorque em 1929? Vinhos com História promete explicar.
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Qual é a ligação entre a fundação de Portugal e um néctar feito por monges? Ou entre o vinho de Colares e o crash da bolsa de Nova Iorque em 1929? Vinhos com História promete explicar.
Começamos pelo Pico. É na ilha açoriana que vai ter lugar a antestreia da série documental, marcada para terça-feira, 26 de Outubro (no Auditório da Madalena, às 20h30), com a projecção do primeiro dos cinco episódios que hão-de passar na RTP1, em data a anunciar pelo canal público.
É por entre os muros de pedra que albergam o terroir centenário da ilha – paisagem vinhateira classificada como património mundial pela UNESCO, em 2014 – que se descobrem as primeiras histórias, em que o Verdelho é protagonista.
As filmagens estenderam-se por mais de um ano (no total, a série demorou para cima de dois), para cumprir o objectivo de acompanhar o ciclo agrícola, ao ritmo das estações, e assim retratar “a saga heróica que é fazer estes vinhos de nicho, de baixa produção e com castas portuguesas, algumas delas únicas”, sublinha a autora e realizadora (e documentarista premiada) Cristina Ferreira Gomes, na apresentação da série. Esta lógica é aplicada a cada um dos episódios.
“Seguimos as diferentes fases de produção, assistimos à grande proeza do cultivo destas vinhas ancestrais, do crescimento das cepas, da luta pela sobrevivência à passagem das estações do ano entre as chuvas, o frio e o calor até às vindimas”, explica.
Do Pico, a viagem documental – produzida pela Mares do Sul – seguirá para o Alentejo e os seus vinhos de talha, o verde tinto minhoto, os cistercienses produzidos entre Alcobaça e Ourém e, finalmente, os néctares de Colares, em Sintra.
Foi justamente em Colares que Vinhos com História começou a germinar nas intenções de Cristina Ferreira Gomes. Há mais de uma década – muito antes do mediático Gordon Ramsay se ter encantado com estas vinhas –, fez à Adega Visconde de Salreu uma visita que se revelou “uma descoberta apaixonante”. “Não sabia da aventura improvável que era cultivar a vinha num terreno arenoso, junto ao mar, com cepas que rastejam em verdadeiras trincheiras, abertas, manualmente, todos os anos”, admite. “E ignorava a evolução deste vinho, as culturas a ele associadas que participam da evolução da região e do país”.
Foi maturando a ideia de descobrir mais sobre este e outros “vinhos portugueses pouco conhecidos do grande público” na sua “dimensão cultural e patrimonial”, dando visibilidade não só ao território e ao aspecto histórico, mas também às gentes que o cultivam.
Vinhos com História apresenta-se “como um modo de pensar a resistência destes vinhos sob um olhar contemporâneo”, refere. E essa resiliência “reflecte-se sobre a realidade que os abraça e os valores que lhes estão associados”. “Como se os vinhos fossem um organismo vivo, sobrevivente e surpreendentemente vanguardista nos seus modos de cultivo e de estar”, acrescenta.
Os créditos de Cristina Ferreira Gomes vão de Mulheres ao Mar, com que se estreou, em 1999, ao mais recente Os Últimos Dias, filmado no Brasil quando a eleição de Bolsonaro se perfilava no horizonte, passando por Carta de Chamada, À Procura de António Botto, Portugal Que Dança ou The Art of Losing. Neste momento, está focada em documentários sobre as coreógrafas Olga Roriz e Vera Mantero, para a RTP2, e também em realizar Rio de Onor, Outro Tempo.