Banda ZIL, um supergrupo brasileiro ao vivo no Porto e em Lisboa
Fundada em 1986 no Rio de Janeiro como um septeto de músicos de primeira linha, a banda ZIL está de volta aos palcos, com dois concertos em Portugal. O primeiro é este sábado, no Porto, na Casa da Música. E o segundo será segunda-feira, em Lisboa, no Teatro Tivoli, com António Zambujo por convidado.
Nasceram em 1986, lançaram um álbum em 1987 e “desapareceram” em 1988. Muitos anos passados, com os seus elementos envolvidos noutras aventuras musicais, voltaram a juntar-se e regressaram aos palcos com a mesma formação inicial e energias renovadas. O registo de um DVD (ZIL ao Vivo) em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 19 de Maio de 2016, selou o testemunho visível desse retorno, que voltou a juntar em palco Claudio Nucci (violão e voz), João Baptista (baixo), Zé Nogueira (sax soprano), Zé Renato (violão e voz), Jurim Moreira (bateria), Marcos Ariel (teclados) e Ricardo Silveira (guitarra). Portugal, enquanto Banda ZIL, é para eles uma estreia, embora vários dos seus componentes tenham actuado por cá noutros contextos e formações. Este sábado, estarão na Casa da Música, no encerramento do festival Outono em Jazz Super Bock, dividindo o palco da Sala Suggia com os TGB (Tuba, Guitarra e Bateria), trio composto por Sérgio Carolino (tuba), Mário Delgado (guitarra) e Alexandre Frazão (bateria), num concerto duplo que começa às 21h. Na segunda-feira, dia 25, estarão em Lisboa, no palco do Teatro Tivoli BBVA (21h), com António Zambujo por convidado.
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Nasceram em 1986, lançaram um álbum em 1987 e “desapareceram” em 1988. Muitos anos passados, com os seus elementos envolvidos noutras aventuras musicais, voltaram a juntar-se e regressaram aos palcos com a mesma formação inicial e energias renovadas. O registo de um DVD (ZIL ao Vivo) em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 19 de Maio de 2016, selou o testemunho visível desse retorno, que voltou a juntar em palco Claudio Nucci (violão e voz), João Baptista (baixo), Zé Nogueira (sax soprano), Zé Renato (violão e voz), Jurim Moreira (bateria), Marcos Ariel (teclados) e Ricardo Silveira (guitarra). Portugal, enquanto Banda ZIL, é para eles uma estreia, embora vários dos seus componentes tenham actuado por cá noutros contextos e formações. Este sábado, estarão na Casa da Música, no encerramento do festival Outono em Jazz Super Bock, dividindo o palco da Sala Suggia com os TGB (Tuba, Guitarra e Bateria), trio composto por Sérgio Carolino (tuba), Mário Delgado (guitarra) e Alexandre Frazão (bateria), num concerto duplo que começa às 21h. Na segunda-feira, dia 25, estarão em Lisboa, no palco do Teatro Tivoli BBVA (21h), com António Zambujo por convidado.
O nascimento da Banda ZIL deveu-se a uma aproximação entre os músicos e o seu nome veio de uma “conjugação da sonoridade da banda com ritmos internacionais”, daí o ZIL, últimas três letras de Brasil em inglês, Brazil. Zé Renato e Cláudio Nucci tinham sido vocalistas de um grupo com grande sucesso no Brasil, os Boca Livre, e nessa época, desenvolvendo ambos carreiras a solo, preparavam-se para gravar um disco juntos, que viria a ser Pelo Sim Pelo Não (1985). E foi por essa altura que nasceu a Banda ZIL: “Foi quando ainda havia a Plataforma, uma churrascaria lá no Leblon, onde o Tom [Jobim] almoçava todo o dia. E foi onde nós fizemos a nossa reunião”, recorda Ricardo Silveira O que eu me lembro é que o Zé Renato e o Cláudio Nucci estavam fazendo um disco do duo, me chamaram para produzir e eu fui dar uma ‘canja’ [fazer uma participação musical] no Jazzmania [clube que esteve em actividade no Rio de Janeiro entre 1985 e 1994] Tivemos uma noite bacana de música.” E um deles alvitrou: “Vamos fazer uma banda?”
Na altura, além dos sete elementos que viriam a forma a Banda ZIL, estava também envolvido com o grupo o produtor Paulinho Albuquerque (1942-2006), que viria a morrer prematuramente, vítima de enfarte, e ao qual a banda dedicou (“In memoriam”) o DVD de 2016. O nome da banda levou horas a inventar. “E foi o Cláudio”, assegura Ricardo. “E no bar do João Mário [Linhares, que assegurou a direcção de produção do DVD]”, acrescenta Zé Renato. “Demorou uma tarde inteira”, diz Zé Nogueira.
Juntos os sete, gravaram um disco e lançaram-no em 1987. Nome: ZIL, em letras garrafais vermelhas, sobre um fundo de nuvens escuras de onde sobressaía uma nuvem branca, no centro da capa do disco. No lado A, Tupete, Benefício, Pegadas Frescas e Jequié; no lado B, Suíte Gaúcha, Ânima e Maromba. A edição em CD, em 1990, já saiu com capa diferente. “O disco saiu em vinil, pela Continental”, lembra Zé Renato, “e foi depois lançado em CD, que naquela altura era uma novidade, nos Estados Unidos, pela Verve, E a gente ainda produziu mais uma música para esse disco.”
Zé Renato, na sua carreira a solo, viria a trabalhar em Portugal com um quarteto instrumental português empenhado “em preservar a grande herança da guitarra portuguesa”, com afirmavam à época. Isso foi já no início deste novo século, numa altura em que Zé Renato tinha mais de dez discos a solo, e o quarteto chamava-se Trinadus, juntando à guitarra portuguesa (Paulo Parreira) outras cordas de sabor camerístico: guitarra clássica (João Mário Veiga), violino (Maria Castro-Balbi) e violoncelo (Susana Santos).
Nos anos em que a ZIL surgiu, havia um “boom” de música instrumental no Rio de Janeiro. E as suas primeiras apresentações ao vivo tiveram sempre lotações esgotadas. No regresso, em 2016, já havia outros temas para além dos que tinham sido gravados no LP em estreia, como Zarabatana, Lua branca, Calma, uma versão de Blackbird (dos Beatles), Portal da cor e Zil. Agora, no Porto e em Lisboa, o repertório será idêntico. “Será praticamente esse show”, diz Zé Renato. “Mas”, acrescenta Ricardo, “tendo nós hoje um outro olhar, a maneira de fazer a mesma coisa é muito interessante. No fazer é que se percebe. Como se diz na filosofia: quando repete já é outro.”