IGAI diz não ter informação para afirmar que extrema-direita está infiltrada nas polícias
IGAI acompanha redes sociais onde normalmente são expressos discursos de ódio e mensagens que incitam à violência.
A inspectora-geral da Administração Interna disse hoje no parlamento não ter informação para afirmar que a extrema-direita e radicalização estão infiltradas na polícia portuguesa, mas garantiu ser uma realidade a que está atenta.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A inspectora-geral da Administração Interna disse hoje no parlamento não ter informação para afirmar que a extrema-direita e radicalização estão infiltradas na polícia portuguesa, mas garantiu ser uma realidade a que está atenta.
“Não temos neste momento elementos que nos permitam afirmar que há introdução desses elementos nas forças e serviços de segurança, quer com vista à radicalização, quer elementos de extrema-direita. Não temos de facto elementos que nos permitam de uma forma segura chegar a essa conclusão” disse Anabela Cabral Ferreira aos deputados na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
No entanto, sustentou que a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) está atenta a esta realidade, designadamente através da monitorização das redes sociais onde normalmente são expressos esses discursos de ódio e de incitamento à violência.
A juíza desembargadora manifestou-se também preocupada com os movimentos inorgânicos no seio das forças de segurança, como o Movimento Zero.
“É uma questão difícil a infiltração nas forças e serviços de segurança de radicalização. Naturalmente que nos preocupa os movimentos inorgânicos, porque esses movimentos são sem rosto e não fornecem interlocutores com quem podemos dialogar. Nessa medida a preocupação é grande”, precisou.
A pedido da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, a inspectora-geral esteve na comissão parlamentar para explicar as actuações discriminatórias por parte das forças e serviços de segurança no exercício das suas funções.
Anabela Cabral Ferreira garantiu que “não há um problema generalizado de práticas discriminatórias” pelas polícias, mas ressalvou que isso “não significa que o problema não exista”.
“Efectivamente que existe [práticas discriminatórias]. Por todos os meios que temos ao nosso alcance, quer sejam legislativos, quer sejam ao nível da formação, isso tem de ser completamente eliminado da prática das forças e serviços de segurança”, frisou.
A inspectora-geral sustentou que a função da manutenção da segurança é “absolutamente vital e fundamental para o funcionamento do estado de direito”, sendo por isso natural que tenha de se “pautar sempre por critérios de que práticas discriminatórias não existam”.
Anabela Cabral Ferreira sublinhou ainda que factos denunciados e que chegam ao conhecimento da IGAI “são sempre investigados”, mas esta entidade tem “sempre o princípio de presunção de inocência, que é um princípio bacilar do estado de direito”.
A inspectora-geral considerou que este princípio se aplica “quer a processos de natureza criminal, quer a processos de natureza disciplinar”.