Detenções na fronteira entre EUA e México atingem números recordes
As autoridades americanas detiveram mais de 1,7 milhões de migrantes no ano fiscal de 2020. Desses, mais de 930 mil foram expulsos de forma quase imediata devido ao Título 42.
O número de detenções na fronteira dos Estados Unidos com o México atingiu no ano fiscal de 2020 números nunca alcançados, com mais de 1,7 milhões de migrantes, informou esta quarta-feira o diário The Washington Post.
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O número de detenções na fronteira dos Estados Unidos com o México atingiu no ano fiscal de 2020 números nunca alcançados, com mais de 1,7 milhões de migrantes, informou esta quarta-feira o diário The Washington Post.
O ano fiscal de 2020, concluído em 30 de Setembro passado, superou largamente o número mais alto registado nos últimos anos, os cerca de 977 mil migrantes interceptados no ano fiscal 2019, e o número é mais de três vezes superior à média da última década.
O Washington Post teve acesso aos números antes de serem publicados oficialmente pelo Gabinete Aduaneiro e de Protecção Fronteiriça (CBP), que desde Outubro de 2020 a Agosto de 2021, sem ainda incluir o mês de Setembro, se refere a mais de 1,5 milhões de pessoas registadas pelas autoridades migratórias norte-americanas.
Do total deste número, e no mesmo período, mais de 930 mil pessoas foram expulsas do país de forma quase imediata devido à medida sanitária em vigor Título 42, que permite devolver ao México a grande maioria dos migrantes e requerentes de asilo que chegam aos Estados Unidos, com a incidência da covid-19 como argumento.
O número aumentou exponencialmente desde a chegada de Joe Biden à Casa Branca em Janeiro passado, provocando uma crise migratória na fronteira que comprometeu a promessa do Presidente democrata de permitir uma política migratória mais “humana”.
Para além das críticas dos republicanos, acusam os democratas de terem suspendido medidas do ex-presidente Donald Trump e que mantinham a imigração “sob controlo”, defensores dos direitos humanos dos migrantes censuram Biden por manter em vigor o polémico Título 42, aplicado por Trump em Março de 2020 na sua tentativa de encerrar a fronteira com o México.
Biden é ainda criticado por não ter feito o suficiente para eliminar em definitivo o programa Protocolos de Protecção ao Migrante (MPP), também conhecido por “Permanecer no México” (Remain in Mexico), que forçou 70 mil requerentes de asilo a permanecerem no território mexicano enquanto os seus casos são analisados nos Estados Unidos.
Biden anulou este programa logo após a chegada ao poder, mas um juiz ordenou há dois meses que fosse restabelecido ao alegar erros de procedimento.
No entanto, Governo de Biden anunciou que vai voltar a instaurá-lo em Novembro, uma decisão considerada uma “traição” pelos activistas, ao considerarem que a Casa Branca teve tempo suficiente para corrigir os problemas apontados pelo magistrado e impedir que o MPP seja de novo aplicado numa fronteira com crescente número de migrantes.