Crónica de um desencanto

Encenação de Joana Craveiro traz A Cidade das Flores, romance de Augusto Abelaira, para uma actualidade, quer se queira quer não, dominada pela inércia do desencanto tanto como pela vontade de fazer.

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Vai uma grande agitação no palco. É de uma peça de teatro que se trata, mas as primeiras impressões mostram antes uma audição de jovens actores para um filme de época. Há também um casal mais velho, meio perdido por ali, a quem os realizadores fazem a vida negra por recordarem acontecimentos e apontarem contradições e simplificações, isto é, por estarem onde deviam, ou seja, no lugar onde as coisas aconteciam. Coisas que para os restantes são do passado, coisas de outras lutas que já não parecem fazer sentido quando há tantas causas novas e todas elas ideais urgentes, embora, paradoxalmente, estes aspirantes a personagens, que já são em si personagens, se candidatem a enfiar-se na pele de umas pessoas ficcionadas habitando a Florença dos anos de 1930 — com o fascismo em marcha acelerada em Itália e na Alemanha e, a bem dizer, em toda a Europa —, em romance publicado em Portugal em 1959, alegoricamente analisando uma geração de portugueses e o seu desencanto perante um salazarismo que parecia insidioso e forte de mais para eles e para as possibilidades da sua resistência.

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Vai uma grande agitação no palco. É de uma peça de teatro que se trata, mas as primeiras impressões mostram antes uma audição de jovens actores para um filme de época. Há também um casal mais velho, meio perdido por ali, a quem os realizadores fazem a vida negra por recordarem acontecimentos e apontarem contradições e simplificações, isto é, por estarem onde deviam, ou seja, no lugar onde as coisas aconteciam. Coisas que para os restantes são do passado, coisas de outras lutas que já não parecem fazer sentido quando há tantas causas novas e todas elas ideais urgentes, embora, paradoxalmente, estes aspirantes a personagens, que já são em si personagens, se candidatem a enfiar-se na pele de umas pessoas ficcionadas habitando a Florença dos anos de 1930 — com o fascismo em marcha acelerada em Itália e na Alemanha e, a bem dizer, em toda a Europa —, em romance publicado em Portugal em 1959, alegoricamente analisando uma geração de portugueses e o seu desencanto perante um salazarismo que parecia insidioso e forte de mais para eles e para as possibilidades da sua resistência.