O novo centro de inovação do Técnico quer abrir a academia à cidade
Foi colocada a primeira pedra no há muito anunciado Técnico Innovation Center, que vai reconverter a antiga Gare do Arco do Cego num espaço para os estudantes universitários do Campus da Alameda, mas não só. Implicará um investimento de 12 milhões de euros e a sua conclusão está prevista para 2023.
Será uma “futura centralidade da inovação tecnológica” no país, quer tirar a academia da sua torre de Marfim e mostrar à comunidade o que fazem os seus alunos e investigadores nos centros de investigação, quer pô-los a trabalhar com projectos colaborativos e com empresas em prol da comunidade. Se dúvidas houvesse da importância que a ciência e a tecnologia têm no dia-a-dia de cada um de nós, uma epidemia com escala global havia de servir-nos de lembrete. “Quando trabalhamos em bolha somos mais fracos”, havia de notar o presidente do Instituto Superior Técnico (IST), Rogério Colaço, no lançamento da primeira pedra do Técnico Innovation Center, dez anos depois de começar a ser projecto o futuro daquele lugar.
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Será uma “futura centralidade da inovação tecnológica” no país, quer tirar a academia da sua torre de Marfim e mostrar à comunidade o que fazem os seus alunos e investigadores nos centros de investigação, quer pô-los a trabalhar com projectos colaborativos e com empresas em prol da comunidade. Se dúvidas houvesse da importância que a ciência e a tecnologia têm no dia-a-dia de cada um de nós, uma epidemia com escala global havia de servir-nos de lembrete. “Quando trabalhamos em bolha somos mais fracos”, havia de notar o presidente do Instituto Superior Técnico (IST), Rogério Colaço, no lançamento da primeira pedra do Técnico Innovation Center, dez anos depois de começar a ser projecto o futuro daquele lugar.
A reconversão da Gare do Arco do Cego terá por objectivo, diz o Técnico, “acolher novas valências lectivas e não-lectivas necessárias ao funcionamento do Campus da Alameda, de modo a dar uma melhor resposta ao actual paradigma educativo, centrado no papel activo do aluno no processo de ensino-aprendizagem”. O que quer isto dizer? Segundo Rogério Colaço, é pôr os alunos a “interagir com o tecido empregador”, “criar espaços de exposição do que é criado nos núcleos de investigação”, estar de “portas abertas à cidade”.
Para tal, o centro terá espaços de estudo disponíveis 24 horas por dia para estudantes universitários - e não só -, zona de cafetaria e alimentação, auditórios para acolher apresentações e conferências e a tal grande área expositiva para mostrar a ciência produzida no Técnico. Deverá estar tudo concluído em 2023. Será mais uma data no calendário? As obras arrancam esta terça-feira, garantiu o presidente do Técnico, e ficarão a cargo da empresa TPS.
Na verdade, este é um projecto com uma década. Tudo começou em 2011 quando o IST e a Câmara de Lisboa assinaram um protocolo para a cedência do direito de superfície da antiga Gare do Arco do Cego - entretanto transformada em estacionamento automóvel - para que ali fosse construído um centro de estudo.
Durante essa década, o projecto foi sofrendo avanços e recuos. Em 2015, o PÚBLICO dava conta que este espaço académico estaria aberto em 2017, data anunciada numa apresentação sobre o futuro centro, onde António Costa interviera oficialmente pela última vez como presidente da Câmara de Lisboa.
Dois anos mais tarde, em Setembro de 2017, o IST admitia a O Corvo que o atraso no início da obra se devia ao facto de ter sido necessário refazer o projecto. “Esta necessidade decorreu, essencialmente, do estado em que se vieram a encontrar as fundações existentes, o que obrigou a alterar a técnica de reabilitação da estrutura metálica e a refazer igualmente outros elementos relevantes do projecto”, explicou então a instituição de ensino superior. O projecto de arquitectura seria aprovado pelo município em 2017.
Todo o projecto de reconversão da gare, notou o presidente do Técnico, foi feita “in-house”, ou seja, por profissionais do instituto, que têm como missão a transformação da estrutura metálica e da parede de tijolo que sobram das três naves da antiga estação de eléctricos.
Segundo o IST, “o projecto de arquitectura parte da intenção clara de revelar e potenciar a amplitude espacial das naves, marcada pela presença da luz zenital e pelo ritmo, dinamismo geométrico e esbelteza da estrutura metálica, assegurando a salvaguarda e valorização daqueles que são os elementos que melhor definem a essência e identidade arquitectónica do edifício”.
Pôr este novo espaço de pé implicará um investimento de 12 milhões de euros, em parte (cerca de quatro milhões) financiado por fundos comunitários do Programa Operacional Regional de Lisboa, segundo anunciou a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, presente na sessão ao lado do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, e do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
Outra parte do investimento será assumida por verbas próprias do IST e pela seguradora Fidelidade, parceira neste projecto, que, acredita, “será a nova centralidade da inovação e tecnologia em Lisboa”. Os valores de ambas as partes não foram revelados.
Este novo pólo universitário partilhará ainda espaço com o posto de socorro avançado do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa para onde será transferido o efectivo instalado no quartel da Avenida Defensores de Chaves — uma das condições impostas no acordo de cedência do espaço pela autarquia.