Há um Transporte a Pedido a encurtar as distâncias entre os mais isolados

O projecto em marcha desde 2013 é o único finalista português dos Prémios Regiostars 2021 e foi apresentado esta semana, em Bruxelas, na 19ª Semana Europeia das Regiões e das Cidades. O objectivo deste modelo é garantir deslocações a custos controlados em zonas onde o transporte público escasseia.

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Se não há transporte público onde vive, o transporte público vai até si. Este é o princípio do projecto Transporte a Pedido, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIM MT), desde 2013, que está no grupo de finalistas dos prémios Regiostars - este ano o único português que faz parte da lista dos 25 projectos financiados por fundos europeus, destacados pela Comissão Europeia por serem demonstradores de novas abordagens no âmbito do desenvolvimento regional.

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Se não há transporte público onde vive, o transporte público vai até si. Este é o princípio do projecto Transporte a Pedido, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIM MT), desde 2013, que está no grupo de finalistas dos prémios Regiostars - este ano o único português que faz parte da lista dos 25 projectos financiados por fundos europeus, destacados pela Comissão Europeia por serem demonstradores de novas abordagens no âmbito do desenvolvimento regional.

Os vencedores só serão anunciados a 2 de Dezembro, em Dubrovnik, Croácia, mas, na quarta-feira, o projecto português foi apresentado na 19ª Semana Europeia das Regiões e das Cidades - que encerrou esta quinta-feira em Bruxelas - em conjunto com os outros finalistas. 

O Transporte a Pedido arrancou como projecto-piloto em 2013, ainda só a funcionar em Mação. Explica ao PÚBLICO Miguel Pombeiro, secretário-executivo da CIM MT, que este concelho não foi escolhido por acaso. “Com cerca de 400 quilómetros quadrados, metade da ilha da Madeira, vivem lá 7 mil pessoas, sendo que há 17 habitantes por quilómetro quadrado. Tínhamos aqui o contexto perfeito de escassez de transporte público regular nestes territórios de baixa densidade. Simultaneamente tínhamos também uma população mais envelhecida”, afirma.

A pensar nas deslocações pendulares feitas pelos habitantes desta região, desde há muitos anos realizadas sem grandes alternativas ao nível do transporte público ou a custos elevados - muitas vezes feitas de táxi -, desenha-se este projecto. Se no início existiam apenas cinco circuitos, hoje o projecto chega a 12 concelhos do Médio Tejo, com “mais de 70 circuitos e mais de 1300 paragens”. Só o Entroncamento é que fica de fora, por ser um “concelho de cidade”, embora lá termine um dos percursos. 

Por mês, usam este serviço mais de 1200 pessoas. Para o fazerem, explica Miguel Pombeiro, apenas têm de ligar no dia anterior para requisitar o serviço. Feitas as marcações, o percurso é feito por algumas paragens assinaladas, em função das necessidades dos utilizadores. Se não for necessário parar em determinada paragem, o percurso é mais rápido. 

A garantir que o serviço funcione estão um ou dois táxis (dependendo dos pedidos). Em cada um deles podem ir até quatro pessoas. A viagem custa entre 1 a 4 euros. “Havia pessoas que para ir a um centro de saúde pagavam 50 euros de táxi. Hoje pagam 2 euros”, sublinha. Actualmente o projecto tem contracto com 35 operadores de táxi. 

Inclusão social e sustentabilidade

O público alvo do Transporte a Pedido é sobretudo população idosa que vive em zonas com escassez de transporte público regular. “Mais de 50% dos pedidos tem a ver com deslocações para aceder a serviços da área da saúde”, assinala. “Este não é apenas um projecto de mobilidade. É também um projecto de inclusão social”, acrescenta. Ao mesmo tempo é também num projecto sustentável quer a nível económico, quer a nível ambiental. “Há uma diminuição de cerca de 90% do número de quilómetros que seriam feitos se estes circuitos fossem explorados da forma tradicional, quer existisse ou não clientes”, afirma.

De outra forma seria difícil implementar uma rede de transporte público nestas zonas. Assim, garante-se que a população do Médio Tejo consegue deslocar-se e a custos controlados. A factura é paga pelas autarquias via CIM MT, que compensam os operadores com o montante correspondente ao diferencial dos valores pagos pelos utentes e praticados pelas empresas. “Estamos com um custo mensal médio na casa dos 7 mil euros, o que é um valor, para aquilo que se gasta normalmente em transportes, muito baixo”, diz. 

Nos últimos tempos o projecto alargou-se a ligações feitas entre as sedes do concelho, mas para um público alvo diferente, mais jovem, dentro da população activa, que assim deixam de usar transporte individual próprio. Designado por Link, funciona operado por viaturas de nove lugares, com capacidade para oito passageiros. Aqui, os valores pagos estão entre os 2,5 euros e os 4 euros. A factura mensal para as autarquias ronda os 8 mil euros.

Chegar aos finalistas dos prémios Regiostars é para Miguel Pombeiro o reconhecimento de que este modelo é viável e “replicável”. De resto, já há exemplos de outras zonas do país que o estão a adoptar: “Já há projectos semelhantes nas regiões de Coimbra e Viseu”.