Foram abatidas dezenas de tílias em Sintra. Câmara diz que vai investigar
Câmara admite que o regulamento do arvoredo terá sido desrespeitado e que, por isso, vai investigar. No entanto, alega também que algumas árvores apresentavam problemas fitossanitários e um “melaço” que incomodava alguns moradores.
Nos últimos dias, foram abatidas 182 árvores na Avenida Afonso Henriques, na freguesia sintrense de Algueirão-Mem Martins. A denúncia partiu de um grupo de moradores daquela avenida que foram surpreendidos com o corte destas tílias, espécie que o Regulamento de Gestão do Arvoredo do Município de Sintra protege. A câmara diz agora que vai abrir um inquérito para apurar as responsabilidades pelo corte de 63 árvores — e não 182 como avançam os moradores —, admitindo que há procedimentos legais que não foram cumpridos. O abate de árvores foi também interrompido, diz ainda a autarquia.
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Nos últimos dias, foram abatidas 182 árvores na Avenida Afonso Henriques, na freguesia sintrense de Algueirão-Mem Martins. A denúncia partiu de um grupo de moradores daquela avenida que foram surpreendidos com o corte destas tílias, espécie que o Regulamento de Gestão do Arvoredo do Município de Sintra protege. A câmara diz agora que vai abrir um inquérito para apurar as responsabilidades pelo corte de 63 árvores — e não 182 como avançam os moradores —, admitindo que há procedimentos legais que não foram cumpridos. O abate de árvores foi também interrompido, diz ainda a autarquia.
“As árvores cortadas eram tílias, o que desrespeita o regulamento municipal de Sintra, que delibera esta como uma espécie protegida. De acordo com a lei, é ainda obrigatório afixar aviso prévio público a informar a população quando se vai proceder ao abate de árvores, o que não foi feito”, refere o grupo de moradores da Avenida Afonso Henriques numa nota enviada ao PÚBLICO.
A Avenida Afonso Henriques, uma das artérias centrais da freguesia, está a sofrer uma obra de remodelação da rede de abastecimento de água, responsabilidade dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra. Esta obra, orçada em 3,5 milhões de euros, incluirá também a construção de uma via ciclável e pedonal entre Ouressa e a Igreja do Algueirão, num percurso de 2,8 quilómetros. Face aos planos projectados para o local, o grupo de moradores associou o corte das árvores à construção da ciclovia, sobretudo por ter ocorrido nos dois lados da avenida. A câmara nega contudo que o corte de árvores esteja relacionado com essa obra, referindo que a “substituição de árvores dos dois lados da estrada é também uma das razões que levou o presidente da autarquia a determinar a análise urgente do processo”.
Segundo a autarquia, algumas das árvores no local apresentam problemas fitossanitários e de estrutura, como copas desequilibradas, ramos fracos e com propensão à criação de fungos e de piolhos na folhagem das tílias. Segundo o município, tal gera “um melaço que escorre para o passeio, sujando o passeio e as viaturas ali estacionadas”, o que motivou já a realização de um abaixo-assinado de alguns moradores, que se sentem “lesados devido às árvores que danificam carros, vedações, gradeamentos, pinturas exteriores, pavimentos”.
O abate destes espécimes foi também já denunciado pelo Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, que escreveu à autarquia a pedir explicações. “Estes abates não estavam previstos no plano de podas apresentado pelo município e disponibilizado no site da Câmara Municipal de Sintra. Não existe no mesmo site, no da Junta de Freguesia de Algueirão Mem-Martins ou no local qualquer informação sobre esta intervenção”, nota o grupo.
Na resposta enviada a questões do PÚBLICO, a Câmara de Sintra refere que essa é também “uma das razões que levou o presidente da autarquia a determinar a análise urgente do processo”. Segundo o município, o projecto em curso prevê a plantação de 242 novas árvores.