Oposição acusa Rio de tentar “suspender democracia interna” e de se “agrafar à cadeira”
O conselho nacional do PSD reúne-se esta noite. Rio defendeu na quarta-feira um adiamento nas eleições internas do partido.
O apelo de Rui Rio para adiar as eleições internas até à votação do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), no final de Novembro, está a gerar uma onda de críticas no PSD. O deputado social-democrata Pedro Rodrigues acusa o líder do partido de “procurar suspender a democracia interna do PSD” e de se “voltar a comportar” como uma “muleta de António Costa”.
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O apelo de Rui Rio para adiar as eleições internas até à votação do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), no final de Novembro, está a gerar uma onda de críticas no PSD. O deputado social-democrata Pedro Rodrigues acusa o líder do partido de “procurar suspender a democracia interna do PSD” e de se “voltar a comportar” como uma “muleta de António Costa”.
O ex-líder da JSD, que é próximo de Paulo Rangel, afasta o cenário de crise política provocado por um eventual chumbo do OE que foi invocado por Rui Rio para adiar a marcação das eleições directas para a escolha do novo líder do PSD. “Se o dr. Rui Rio acreditasse efectivamente na ocorrência de uma crise política, não condicionaria o processo interno que o próprio iniciou. Realizaria as eleições para a liderança do partido e candidatar-se-ia a novo mandato”, afirmou, acusando o actual líder de uma “manobra táctica inaceitável”.
Pedro Rodrigues, que tem assento no conselho nacional embora sem direito de voto, pede que a proposta de adiamento das eleições internas seja rejeitada pelos conselheiros nacionais na reunião desta noite.
A direcção do partido enviou, ontem à tarde, aos membros do conselho nacional duas propostas de datas para a realização de directas e congresso (uma com eleições a 4 de Dezembro com congresso em Janeiro, outra com eleições a 8 de Janeiro e congresso no mês seguinte). Horas depois, Rui Rio apelou a que os conselheiros nacionais não marcassem as eleições na reunião desta noite, como consta da ordem de trabalhos, devido à ameaça de crise política e de legislativas antecipadas, o que apanharia o PSD “em plenas directas” e sem “condições” de disputar as eleições taco a taco.
Este argumento também não convenceu o ex-deputado José Eduardo Martins, que já foi apoiante de Rui Rio mas que se tornou um crítico da actual liderança. “Que penosa esta falta de coragem. Confesso que ainda me surpreende a maneira como se tenta agrafar à cadeira”, escreveu nas redes sociais, defendendo que “a possibilidade de uma crise política obriga o PSD à clareza desde há muito”. “O que deve acontecer é exactamente o contrário, as eleições internas devem acontecer na primeira oportunidade para que o PSD possa mesmo vir discutir o rumo do país”, sustentou este destacado apoiante de Miguel Pinto Luz, que agora está ao lado de Paulo Rangel.
Este tema promete aquecer a reunião do conselho nacional desta noite marcada para analisar as autárquicas e marcar directas e congresso. Apesar de ainda não haver candidatos assumidos à liderança do PSD, Paulo Rangel prepara-se para protagonizar uma candidatura, com apoio de Miguel Pinto Luz, que concorreu em 2020 e obteve 10% dos votos. Por seu turno, os mais próximos de Rui Rio estão convencidos de que também avançará para tentar um terceiro mandato à frente do PSD.