Derrota em Lisboa foi o fim de Medina? Mariana Vieira da Silva diz que não: “O futuro está à frente dele”

A ministra de Estado e da Presidência diz que um cenário de eleições antecipadas não seria positivo para o país e não fala de remodelações no Governo. Mas é optimista em relação ao futuro político do socialista Fernando Medina.

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Mariana Vieira da Silva, ministra do Estado e da Presidência, ganhou um papel de destaque na pandemia Diego Nery

Foi a voz que apresentou a moção sectorial do secretário-geral do PS e quem substituiu o primeiro-ministro durante as férias. Há quem diga que poderá assumir a tutela do Ministério da Educação (em caso de remodelação governamental) e quem a aponte como uma possível candidata à liderança do PS. Para já, Mariana Vieira da Silva, ministra do Estado e da Presidência, não traça o fim do futuro político de Fernando Medina, outro possível concorrente à sucessão de António Costa, nem quer falar de remodelação. Futuro? Só a discussão do Orçamento do Estado 2022.

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Foi a voz que apresentou a moção sectorial do secretário-geral do PS e quem substituiu o primeiro-ministro durante as férias. Há quem diga que poderá assumir a tutela do Ministério da Educação (em caso de remodelação governamental) e quem a aponte como uma possível candidata à liderança do PS. Para já, Mariana Vieira da Silva, ministra do Estado e da Presidência, não traça o fim do futuro político de Fernando Medina, outro possível concorrente à sucessão de António Costa, nem quer falar de remodelação. Futuro? Só a discussão do Orçamento do Estado 2022.

Como dirigente do PS, que avaliação faz do resultado das autárquicas?
Dissemos sempre qual era o critério e como é que definíamos uma vitória eleitoral. E foi sempre este o critério: quem tem mais câmaras e chega ao ponto de poder eleger a Associação Nacional de Municípios; quem tem mais freguesias e chega ao ponto de poder presidir à ANAFRE. Esses dois critérios, que são os que sempre definimos, deixaram claríssima a vitória do PS e, portanto, é nesse quadro que avalio as eleições autárquicas. Cabe-nos também olhar para os sinais, que foram dados em algumas zonas do país, de que as pessoas esperam mais respostas e é isso que nos cabe fazer. Não desvalorizo nenhum resultado. Até por formação, é preciso perceber o que é que acontece no país, quais são as preocupações dos mais jovens, dos mais velhos, como é que eles se posicionam perante esta saída da crise, e procurar as respostas. Julgo que essas são as lições que internamente cada partido tem de tirar. O PS certamente tira.

E o Governo também tirará?
Também. 

Um momento que acabou por ditar a leitura das autárquicas foi o PS ter perdido Lisboa. Acha que o futuro político de Fernando Medina fica comprometido com esta derrota?
O PS tem muitos quadros que podem desempenhar muitas funções, entre eles e entre os seus melhores está certamente o Fernando Medina. A política não é um jogo de futebol. O povo avalia em cada momento e faz as suas escolhas, e essas escolhas não menorizam todo o trabalho que eu creio que é visível e reconhecido por muitos — mesmo alguns que agora escolheram mudar o trabalho que foi feito em Lisboa e todas as capacidades que ele tem. O futuro está à frente dele certamente.

E o que é que responde a quem diz que parecemos viver um clima de fim de ciclo no Governo?
Um pós-crise é sempre um momento muito difícil. Vivemos concentrados num único assunto, agora confrontamo-nos com o resto da vida a acontecer, com os problemas que ficaram para trás, com as aprendizagens que ficaram por fazer, com as consultas que ficaram por fazer para dar dois exemplos muito na ordem do dia e isso também é verdade nas nossas vidas. Há um bocadinho essa sensação. O que importa saber é quem é que tem as respostas de que o país precisa agora. De resto, vejo muitas críticas e poucas alternativas.

Tendo em conta a situação política que vivemos, a quem poderia interessar eleições antecipadas?
Não interessa ao país ir para eleições neste momento, interessa ter uma resposta orçamental.

Fala-se também recorrentemente de uma remodelação. O primeiro-ministro diz que com o Inverno vem um “refrescamento”. Depois do OE é tempo de refrescar?
A competência da constituição do Governo é única e exclusivamente do primeiro-ministro e é a ele que cabe decidir o que fazer, se fazer, como fazer.

Num próximo ciclo, agora ou mais tarde, vê-se a assumir a pasta da Educação?
Essa conversa sobre o futuro de cada um não é uma conversa que me mova particularmente. Eu tenho um conjunto de desafios muito importantes neste Governo, até porque coordeno aqueles dois desafios estratégicos das desigualdades e da demografia, e estou muito bem nesse papel. 

E também se sentiu muito bem no papel que chegou a desempenhar de primeira-ministra em funções?
Foi uma quinzena difícil, devo dizer. Mas como em todas as organizações, há sempre um período em que todos têm o direito ao seu descanso e há sempre quem os substitua. E aquilo que espero sempre é cumprir as minhas funções e as tarefas que me cabem com qualidade e com empenho.

Vê-se a desempenhar esse cargo sem ser em regime de substituição?
Essa conversa já teve o seu tempo no passado mês de Agosto. É, para mim, claríssimo que o presente e o futuro do país e do PS é António Costa.