Suspeito pelo “acto de terrorismo” com arco e flecha era conhecido da polícia norueguesa
As autoridades ainda não sabem a motivação por trás do ataque de quarta-feira que vitimou cinco pessoas. Sabe-se, ainda assim, que o suspeito é um convertido ao islamismo.
Um homem armado de arco e flecha matou cinco pessoas e feriu outras duas, na quarta-feira, em Kongsberg, na Noruega, num aparente “acto de terrorismo”. Nesta quinta-feira, as autoridades indicaram que o suspeito se convertera ao islamismo e que havia preocupações sobre a sua eventual radicalização.
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Um homem armado de arco e flecha matou cinco pessoas e feriu outras duas, na quarta-feira, em Kongsberg, na Noruega, num aparente “acto de terrorismo”. Nesta quinta-feira, as autoridades indicaram que o suspeito se convertera ao islamismo e que havia preocupações sobre a sua eventual radicalização.
“Os acontecimentos em Kongsberg parecem tratar-se um acto de terrorismo, mas a investigação (…) irá determinar com mais detalhe quais as motivações”, disse o serviço de inteligência norueguês PST.
O chefe regional da polícia, Ole Bredrup Saeverud, avançou na manhã de quinta-feira que as autoridades tinham contactado com o suspeito em 2020, confirmando ter havido “anteriormente preocupações sobre a sua radicalização”. Contudo, o chefe da polícia referiu não ter recebido informações em 2021 em relação ao seu extremismo. Questionado sobre se o agressor tinha sido influenciado por uma ideologia religiosa extremista, disse não saber.
O suspeito foi identificado esta quinta-feira pela polícia norueguesa como Espen Andersen Braathen, cidadão dinamarquês de 37 anos. Segundo o seu advogado, é filho de mãe dinamarquesa e de pai norueguês e vivia há alguns anos em Kongsberg, a 68 quilómetros da capital norueguesa, Oslo.
De acordo com a emissora norueguesa NRK, o suspeito tinha cadastro criminal por furto, posse de droga e havia-lhe sido imposta uma ordem de restrição que o proibia de se aproximar de dois familiares depois de ter ameaçado matar um deles.
Na quarta-feira, ao final da tarde, atacou com arco e flecha quatro mulheres e um homem, com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos, informou o chefe da polícia. Outras duas pessoas ficaram feridas, mas estão fora de perigo.
O primeiro alerta foi dado às 18h12 horas, o homem terá atacado em vários locais da vila até ser detido 35 minutos depois. Porém, Saeverud reconheceu ser “provável que todas as mortes tenham ocorrido depois de os primeiros polícias o terem confrontado”. Após a detenção, foi interrogado várias horas durante a noite.
As autoridades acreditam que Espen Andersen Braathen agiu sozinho e que está a cooperar e a confessar os “factos” - temos de ver se se declara culpado”, disse à televisão norueguesa TV2 a procuradora Ann Irén Svane Mathiassen, acrescentando que no ataque foram usadas outras armas, sem adiantar mais pormenores.
Na vila de Kongsberg, onde “nada acontece”, nas palavras da residente britânica Fiona Herland citada pela BBC, os acontecimentos de quarta-feira foram recebidos com especial choque, num país onde a taxa de homicídio é baixa. Em 2020, num país com mais de cinco milhões de habitantes, registaram-se 31 homicídios, a maioria envolvendo pessoas que se conheciam, escreve o New York Times.
O ataque também trouxe lembranças do atentado de 2011, quando Anders Behring Breivik, um lobo solitário da extrema-direita, matou 77 pessoas. E apesar da raridade deste tipo de crime, as autoridades norueguesas têm manifestado a sua preocupação, argumentando não estar a ser feito o suficiente para conter na raiz a extrema-direita, especialmente entre os mais novos.
Aliás, em Julho, analistas dos serviços de inteligência do país alertaram para a ascensão da extrema-direita a nível mundial. No plano nacional, avisaram para a possibilidade de a Noruega ser um alvo no futuro e chamaram a atenção para a tendência dos jovens para idolatrarem Breivik.