Bairro da Graça perdeu 146 lugares de estacionamento no período de três meses
Dois parques fechados na Damasceno Monteiro põem moradores em busca de soluções. Construção de silo com 300 lugares está prometida, mas ainda não é para já.
Um parque de estacionamento automóvel que tinha aberto há quatro anos na Rua Damasceno Monteiro fechou abruptamente esta segunda-feira, apanhando de surpresa moradores e comerciantes da Graça. Com 69 lugares, o parque era de acesso público durante o dia e exclusivo para residentes no período nocturno.
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Um parque de estacionamento automóvel que tinha aberto há quatro anos na Rua Damasceno Monteiro fechou abruptamente esta segunda-feira, apanhando de surpresa moradores e comerciantes da Graça. Com 69 lugares, o parque era de acesso público durante o dia e exclusivo para residentes no período nocturno.
É o segundo parque de estacionamento que encerra naquela rua no espaço de três meses, o que levou à perda de 146 lugares numa zona em que a pressão é muito grande: o tempo de espera para conseguir avença no parque da EMEL na Rua da Verónica ronda os quatro anos.
Uma fonte oficial da Câmara de Lisboa explicou ao PÚBLICO que este encerramento, apesar de não ter sido anunciado no local previamente, estava previsto desde a criação do parque em 2017. Nesse ano, durante uma visita inaugural que fez na companhia de dois vereadores, do conselho de administração da EMEL e de membros da Junta de Freguesia de São Vicente, Fernando Medina disse que a criação de lugares para moradores naquela zona era “uma aposta de fundo” da autarquia.
Mas tal como o parque com 77 lugares que existia mesmo em frente a este, e que encerrou em meados de Julho, o espaço tinha sido cedido ao município pela GNR e foi agora devolvido ao Estado, pois vai ser necessário para a obra de transformação do antigo quartel e convento da Graça em hotel. O edifício foi concessionado, no âmbito do programa Revive, ao grupo Sana, que ali vai instalar uma unidade de cinco estrelas num investimento de 40 milhões de euros.
“Soubemos isto um dia antes de acontecer”, queixa-se Joana Bravo, uma residente da Damasceno Monteiro que enviou e-mails para a câmara, para as juntas de São Vicente e de Arroios e para a EMEL com o receio de que “tudo se complique ainda mais” num bairro em que “a situação do estacionamento já era caótica”.
Segundo a fonte municipal, está prevista a construção de um silo de estacionamento com 300 lugares naquele mesmo local, mas isso não deverá acontecer antes de estarem concluídas as obras do hotel.
Joana Bravo diz que não se desloca habitualmente de automóvel, mas quando o faz é um sofrimento para arranjar lugar perto de casa. “Na semana passada houve uma vez que ficámos 40 minutos à espera”, relata. “Isto já era difícil antes da pandemia, há muitos carros com matrícula estrangeira que ficam parados durante dias, às vezes semanas, e sentimos que não há fiscalização.”
Em 2019, a EMEL encomendou um estudo para avaliar as necessidades de estacionamento em Lisboa, mas os seus resultados permanecem desconhecidos do público. Um outro estudo, promovido pelo Observatório ACP em 2018, apurou que existe um lugar para cada quatro carros. Em Abril, numa entrevista ao PÚBLICO, disse Carlos Moedas: “Temos de ter um silo automóvel em cada freguesia, isto parece-me óbvio.”