António Costa: “A política é como o futebol, em equipa que ganha não se deve mexer”
Primeiro-ministro aproveita dia em que o Governo diz que Portugal bateu recorde no investimento estrangeiro para destacar importância da estabilidade política.
Numa altura em que está em causa a viabilidade da aprovação do Orçamento de Estado de 2022, na Assembleia da República, o primeiro-ministro aproveitou os resultados conseguidos no investimento directo estrangeiro para avisar que a estabilidade deve ser assegurada.
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Numa altura em que está em causa a viabilidade da aprovação do Orçamento de Estado de 2022, na Assembleia da República, o primeiro-ministro aproveitou os resultados conseguidos no investimento directo estrangeiro para avisar que a estabilidade deve ser assegurada.
António Costa assistiu, esta quarta-feira, à assinatura do contrato, entre o Estado português e a Repsol para a construção de duas novas fábricas da petrolífera espanhola em Sines, num investimento de 657 milhões de euros que permite a Portugal, segundo o Governo, atingir já em Outubro o recorde anual de investimento estrangeiro, que era de 2019.
“Temos boas condições para dar continuidade às políticas que têm produzido bons resultados”, disse, acrescentando que “como se diz no futebol, ‘em equipa que ganha não se mexe’, em política podemos dizer que em políticas que ganham também não se deve mexer”.
O primeiro-ministro defende que “há que dar continuidade” e avisa que “essa continuidade implica estabilidade, para que possamos continuar, passo a passo, a construir o futuro”. O chefe do Governo deu o exemplo do emprego, referindo que “noutras crises” o desemprego atingiu os 18% e que desta vez, apesar da pandemia, o valor mais elevado que a taxa atingiu foi 8%, estando agora nos 6%.
O argumento da estabilidade política foi usado também pelo ministro de Estado e da Economia. Pedro Siza Vieira defendeu que, para continuar a manter capacidade de atracção de investimento estrangeiro, o país terá de conseguir oferecer aos investidores “a estabilidade política e fiscal que ao longo desta última década tem conseguido assegurar”.
Para Siza Vieira, “tem sido importante verificar como a confiança nessa estabilidade, na capacidade que o país tem de ter uma trajectória responsável no plano das finanças públicas, tem permitido aumentar cada vez mais o volume de investimento estrangeiro”.
O recorde de investimento estrangeiro é, no entender do ministro, “provavelmente o sinal mais tangível da confiança que os agentes económicos têm no nosso país”. Siza Vieira lembrou que “durante o ano de 2020, Portugal subiu no ranking europeu de países que são destino de investimento directo estrangeiro”, que é o nono país nessa lista, e que “tem uma quota de mercado bastante superior ao peso da sua economia”.
Tanto os governantes como os responsáveis da Repsol apresentaram o investimento em Sines como o maior feito em Portugal directamente por empresas estrangeiras nos últimos dez anos.
A petrolífera vai construir duas novas fábricas de polímeros, com capacidade de produção de 300 mil toneladas por ano, num investimento de 657 milhões de euros em que o Estado concede até 63 milhões em benefícios fiscais.
O primeiro-ministro vincou a importância destas duas novas unidades, que devem estar prontas em 2025, para a autonomia industrial da Europa, que tem sido tão afectada por falta de componentes electrónicos devido à política de deslocalização de produção seguida em anos anteriores.
Segundo António Costa, os produtos das futuras unidades, destinados a exportação em cerca de 90%, vão “dar suporte à indústria europeia e isso ajuda à autonomia” nessa área.
O presidente da Repsol, António Brufau, recordou que a multinacional espanhola, nos últimos 17 anos, investiu 1750 milhões de euros em Portugal e referiu que as duas novas fábricas, que são as primeiras do género na Península Ibérica, vão “tornar o complexo de Sines um dos mais avançados da Europa”.
Num contexto de política energética em que a Galp está em processo de encerramento da refinaria de Matosinhos, a Repsol, como disse o CEO Joseu Jon Imaz, “aposta no país e na sua capacidade produtiva”.
O director da Repsol Polímeros e o presidente da Câmara de Sines apresentaram o investimento nas duas novas fábricas como um ponto de partida para novos projectos no complexo industrial.