Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar é um filme de antes da pandemia, mas visto quase três anos depois da sua estreia parece falar na perfeição destes dias em que trabalhar em casa ganhou um outro sentido. É como se Toritama, a remota cidadezinha do Pernambuco onde Marcelo Gomes (Joaquim) filmou, fosse uma espécie de “laboratório laboral” do futuro: um local onde toda a gente, literalmente, trabalha “em casa” ou perto de casa, onde toda a gente é empresária em nome individual e ganha mais do que se fosse empregada por conta de outrem (mas quanto mais?). O quotidiano que Gomes filma, com alguma trepidação, não pouca surpresa e muita empatia, é esse conceito levado ao extremo: mesmo que toda a gente faça pausas para ir almoçar ou jantar com a família, toda a gente trabalha de sol a sol, sete dias por semana, pausando apenas no Natal, no Ano Novo — e no Carnaval, que é quando toda a gente tira férias, vai para a praia e Toritama vira cidade-fantasma.
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Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar é um filme de antes da pandemia, mas visto quase três anos depois da sua estreia parece falar na perfeição destes dias em que trabalhar em casa ganhou um outro sentido. É como se Toritama, a remota cidadezinha do Pernambuco onde Marcelo Gomes (Joaquim) filmou, fosse uma espécie de “laboratório laboral” do futuro: um local onde toda a gente, literalmente, trabalha “em casa” ou perto de casa, onde toda a gente é empresária em nome individual e ganha mais do que se fosse empregada por conta de outrem (mas quanto mais?). O quotidiano que Gomes filma, com alguma trepidação, não pouca surpresa e muita empatia, é esse conceito levado ao extremo: mesmo que toda a gente faça pausas para ir almoçar ou jantar com a família, toda a gente trabalha de sol a sol, sete dias por semana, pausando apenas no Natal, no Ano Novo — e no Carnaval, que é quando toda a gente tira férias, vai para a praia e Toritama vira cidade-fantasma.