G20 promete ajuda humanitária para o Afeganistão

Numa cimeira de emergência realizada através de vídeoconferência, os líderes mundiais admitiram a necessidade de coordenar os esforços com o governo dos taliban. China e Rússia não participaram na reunião.

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Jorge Silva/Reuters

O grupo das 20 principais economias mundiais está determinado a enfrentar a crise humanitária no Afeganistão, mesmo que isso signifique coordenar esforços com os taliban, disse esta terça-feira o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, após uma cimeira de emergência do G20 realizada através de videoconferência.

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O grupo das 20 principais economias mundiais está determinado a enfrentar a crise humanitária no Afeganistão, mesmo que isso signifique coordenar esforços com os taliban, disse esta terça-feira o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, após uma cimeira de emergência do G20 realizada através de videoconferência.

Desde que os taliban assumiram o poder no Afeganistão, a 15 de Agosto, o país - que já luta contra a seca e a pobreza extrema após décadas de guerra - viu a sua economia entrar em colapso, levantando o espectro de um êxodo de refugiados.

“Basicamente, houve uma convergência de pontos de vista sobre a necessidade de abordar a emergência humanitária”, disse Draghi aos repórteres no final da cimeira.

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Mario Draghi mostrou-se preocupado com a situação das mulheres afegãs RICCARDO ANTIMIANI/EPA

O Presidente dos EUA, Joe Biden, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e vários líderes europeus participaram na reunião, mas o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente russo, Vladimir Putin, decidiram ficar de fora do encontro.

Draghi desvalorizou as ausências, afirmando que não diminuiu a importância da reunião organizada pela Itália, que preside actualmente ao G20.

“Esta foi a primeira resposta multilateral à crise afegã. O multilateralismo está de volta, com dificuldades, mas está de volta”, disse o primeiro-ministro italiano.

Houve um acordo unânime entre os participantes sobre a necessidade de aliviar a crise no Afeganistão, onde os bancos estão sem dinheiro, os funcionários públicos estão sem receber salário e os preços dos alimentos dispararam, deixando milhões em risco de fome severa.

Grande parte do esforço de ajuda será canalizado através das Nações Unidas, mas também haverá assistência directa de vários países, apesar da recusa da maioria das nações em reconhecer oficialmente o governo dos taliban.

“É muito difícil ver como podemos ajudar as pessoas no Afeganistão sem envolver os taliban, mas isso não significa o reconhecimento formal”, justificou Draghi, acrescentando que os taliban serão julgados pelos seus actos, não pelas suas palavras e mostrando-se preocupado com a situação das mulheres afegãs.

Por sua vez, a Casa Branca disse que os líderes mundiais discutiram “a necessidade de manter o foco nos esforços duradouros de contraterrorismo, incluindo as ameaças do grupo Daesh-K.”

Numa declaração conjunta após a reunião, os líderes do G20 apelaram aos taliban para combater os grupos militantes que operam fora do país e vincaram que os futuros programas humanitários devem concentrar-se nas mulheres e jovens afegãs e em garantir passagem segura aos afegãos que queiram deixar o país.