Afinal, diz Paul McCartney, quem acabou com os Beatles foi mesmo John Lennon

“Esta era a minha banda, este era o meu trabalho, esta era a minha vida, por isso eu queria que continuasse”, desabafou o cantor britânico, numa entrevista à BBC Radio 4.

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“Não fui eu que instiguei a separação. Foi o nosso Johnny” Reuters/Diego Vara (Arquivo)

Quando, em 1970, os quatro rapazes de Liverpool ─ George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr ─ decidiram ir cada um para seu lado, as especulações sobre o que estaria na origem da separação não tardaram, desde diferenças artísticas e disputas legais até ao casamento de Lennon com a artista Yoko Ono.

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Quando, em 1970, os quatro rapazes de Liverpool ─ George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr ─ decidiram ir cada um para seu lado, as especulações sobre o que estaria na origem da separação não tardaram, desde diferenças artísticas e disputas legais até ao casamento de Lennon com a artista Yoko Ono.

Para Paul McCartney não há dúvidas: na época, queria continuar a actuar com os Beatles quando a banda se separou, acusando agora John Lennon de ter sido o responsável por instigar a separação. A revelação é feita no próximo episódio de This Cultural Life, da BBC Radio 4, a ser transmitido no dia 23 de Outubro, ao mesmo tempo que o cantor, de 79 anos, discorre sobre o que terá sido o período mais difícil da sua vida.

O desabafo é desencadeado por uma pergunta do entrevistador, que tem curiosidade em saber por que decidiu Paul McCartney avançar sozinho. “Pare já por aí!”, interrompeu o cantautor, para depois detalhar o que terá acontecido.

“Oh não, não, não, o John entrou um dia numa sala e disse que ‘vou deixar os Beatles'”, recordou McCartney. “E ele disse: ‘É bastante emocionante, é um pouco como um divórcio’. E depois deixou-nos a apanhar os cacos.”

“Não fui eu que instiguei a separação. Foi o nosso Johnny”, afirmou. “Esta era a minha banda, este era o meu trabalho, esta era a minha vida, por isso eu queria que continuasse.” E a banda teria continuado se Lennon não tivesse ido embora. “Achava que estávamos a fazer coisas muito boas: [os álbuns] Abbey Road, Let It Be”, avaliou.

Depois de Lennon ter anunciado que queria partir, explica McCartney, dos restantes membros do grupo foram aconselhados pelo seu novo empresário, Allen Klein, a manter em segredo a sua dissolução iminente enquanto amarrava algumas pontas soltas.

“Por isso, durante alguns meses, tivemos de fingir”, disse McCartney. “Foi estranho porque todos sabíamos que era o fim dos Beatles, mas não podíamos simplesmente ir embora.”

A versão da história de McCartney contraria as afirmações do próprio Lennon, que numa entrevista à Rolling Stone, realizada em 1971, mas apenas publicada em 2009, ​sugeriu que Paul McCartney e George Harrison​ o magoaram e à mulher. “Nunca os perdoarei”, garantiu Lennon, detalhando que “eles desprezavam-na...”. “Parecia que tinha que escolher entre estar feliz casado com eles ou com a Yoko. E escolhi a Yoko.” Por outro lado, John Lennon, que viria a ser assassinado a 8 de Dezembro de 1980, em Nova Iorque,​ acusou McCartney de querer ser o líder do grupo e que os restantes membros da banda não lidavam bem com a situação. “Estávamos fartos de ser a sombra do Paul.”