Quantos monumentos tem Portugal e quantos estão abertos ao público?
Portugal poderá oferecer experiências culturais de excelência quer se trate de um castelo da capital, de um centro de arte contemporânea no Norte ou de um itinerário por monumentos fechados no Alentejo interior.
Pouco antes da pandemia, os monumentos e museus de Portugal receberam mais de 20 milhões de visitantes, apenas contabilizando as entradas em cerca de 200 bens e equipamentos que dispõem efectivamente de entrada controlada. O país registava, então, um total de mais de 25 milhões de hóspedes e cerca de 10 milhões de excursionistas, 2/3 destes visitantes sendo de origem estrangeira. Num recente estudo promovido pela AICEP – Portugal Global sobre a percepção do exterior do valor da marca “Portugal”, dois activos do país surgem como os mais relevantes: um deles é o “Património Cultural”.
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Pouco antes da pandemia, os monumentos e museus de Portugal receberam mais de 20 milhões de visitantes, apenas contabilizando as entradas em cerca de 200 bens e equipamentos que dispõem efectivamente de entrada controlada. O país registava, então, um total de mais de 25 milhões de hóspedes e cerca de 10 milhões de excursionistas, 2/3 destes visitantes sendo de origem estrangeira. Num recente estudo promovido pela AICEP – Portugal Global sobre a percepção do exterior do valor da marca “Portugal”, dois activos do país surgem como os mais relevantes: um deles é o “Património Cultural”.
Ora, somente o universo de monumentos existente em Portugal supera os 30.000 (excluindo museus em edifícios novos, portanto), aproximadamente 4500 sendo detentores de um dos três graus de classificação existentes. O número de cidadãos nacionais é conhecido de todos. E o número esperado para hóspedes e excursionistas em Portugal até 2027 é um pouco superior a 40 milhões, não havendo mais surpresas pandémicas no entretanto...
Parece, pois, evidente que, por um lado, Portugal dispõe de um atractivo incontornável e inimitável no quadro global: mesmo no modo de funcionamento incipiente da actualidade, tanto do ponto de vista de escala como de complementaridade, garante já consumidores e receitas consideráveis. Por outro lado, este mesmo atractivo opera num mercado com números francamente relevantes e aos quais devemos adicionar a “activação” efectiva do ainda adormecido mercado nacional de consumidores – e que a pandemia, mais uma vez, veio evidenciar quão determinantes são em matéria da sustentabilidade económica do sector.
Mas atendamos somente, para além do potencial de desenvolvimento em número de equipamentos disponibilizados, de territórios abrangidos, de massa humana profissional envolvida, aos recursos que são, à data de hoje, passíveis de serem fruídos: as experiências proporcionadas, a mediação oferecida, os serviços complementares de apoio à visitação (cafetaria, loja, wi-fi), o branding, a comunicação exterior, enfim, a qualidade, a competitividade e a eficiência da disponibilização deste activo é levada a cabo da melhor forma? É equacionada de forma estratégica? Tem em conta as melhores práticas europeias e internacionais neste campo? Antecipa as tendências futuras?
Se acrescentarmos a esta dúvida a certeza que existe um universo de novos activos válidos pelo menos 5 vezes superior ao número de monumentos e museus actualmente disponibilizados com controlo de entrada, temos de questionar políticas, mas, também temos de avaliar os recursos humanos e as formações especializadas existentes no país e que nos permitirão fazer face a esta gigantesca oportunidade.
Ora, este caminho da qualificação só se pode fazer de uma forma: orientado pelo pragmatismo, munindo os agentes das ferramentas necessárias e verdadeiramente operativas para actuar no sentido da criação de equipas sólidas, da comunicação eficiente, de estratégias de marketing adequadas, de uma opção por modelos de gestão funcionais e sustentáveis.
Urge oferecer aos profissionais no activo ou àqueles que virão a entrar no mercado de trabalho em breve, instrumentos de intervenção eficientes, adaptados à realidade do sistema português, e tendo sempre no horizonte as tendências globais do futuro. Urge igualmente atender ao universo do património cultural no seu todo, sempre destacando o quanto este activo espalhado harmoniosamente pelo país encerra em si mesmo, significativas oportunidades de desenvolvimento socioeconómico para os territórios ditos periféricos – e que, afinal, constituem, no seu todo, a maior parte daquilo que é Portugal.
Quando esta capacitação de recursos humanos estiver sedimentada, Portugal poderá oferecer experiências culturais de excelência quer se trate de um castelo da capital, de um centro de arte contemporânea no Norte ou de um itinerário por monumentos fechados no Alentejo interior, bem como construir as imperativas complementaridades entre eles.
De facto, a activação do valor estratégico deste bem colectivo contribuirá decisivamente para o desenvolvimento económico e social sustentado do país.