Estreias, testes, golos e sorrisos na vitória da selecção portuguesa
No 3-0 ao Qatar houve tempo para estreias e sorrisos, mas também para golos e sistemas tácticos diferentes, com dinâmicas, também elas, diferentes das habituais. E voltou a haver uma dupla de Ronaldo e André Silva.
O Portugal-Qatar não tinha qualquer relevância competitiva, mas, com tão pouco tempo de treino que é dado às selecções nacionais, os jogos particulares têm uma importância grande para preparar os jogos “a sério”. E “a sério” foi como Portugal olhou neste sábado para o Qatar, vencendo a frágil selecção do Médio Oriente, por 3-0, no Algarve.
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O Portugal-Qatar não tinha qualquer relevância competitiva, mas, com tão pouco tempo de treino que é dado às selecções nacionais, os jogos particulares têm uma importância grande para preparar os jogos “a sério”. E “a sério” foi como Portugal olhou neste sábado para o Qatar, vencendo a frágil selecção do Médio Oriente, por 3-0, no Algarve.
É certo que Portugal chegou aos golos fruto de duas colaborações individuais – um defesa, no primeiro, e o guarda-redes, no segundo (este último sem responsabilidade) –, mas o triunfo nunca esteve em causa. Nem poderia estar, pela falta de jogo ofensivo do adversário desta noite.
No Algarve, houve tempo para estreias (Diogo Costa, Matheus Nunes e Rafael Leão) e sorrisos, mas também para golos e sistemas tácticos diferentes, com dinâmicas também elas diferentes. A presença de André Silva no “onze” português, sempre que ela acontece, permite que Ronaldo não tenha de jogar entre os centrais, mas isso obriga o jogador do Manchester United a partir da faixa esquerda – algo em que já não é o desequilibrador que já foi.
A solução passa, portanto, por tentar criar condições para que ambos possam jogar juntos na frente, permitindo a Ronaldo soltar-se de marcações e explorar vários espaços, mas sem ficar tão longe da área.
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Neste sábado, Fernando Santos quis proporcionar isto mesmo e Portugal entrou para este jogo num sistema híbrido. O 4x3x3 no papel transformou-se quase sempre em 4x4x2 quando Ronaldo e André Silva emparelhavam na frente, deixando um corredor para Gonçalo Guedes e o outro nem sempre ocupado, permitindo a subida do lateral. Este sistema assimétrico – e por vezes até algo anárquico – contava, porém, com a colaboração de uma selecção do Qatar que jogava com 11 jogadores em 30 metros de terreno.
Aos 6’ chegou a primeira associação entre Ronaldo e André Silva – sem finalização do avançado. Aos 11’, Ronaldo arrastou um defensor em apoio frontal e permitiu a Matheus Nunes desmarcar André Silva, que voltou a não finalizar.
Em cerca de dez minutos – e mesmo tendo em conta as fragilidades do Qatar –, a dupla Ronaldo-André mostrou por que motivo pode melhorar o jogo da selecção.
A jogar sempre em ataque posicional, Portugal não teve sempre a rapidez de circulação que se exigiria. Mas do outro lado havia uma equipa em processo defensivo permanente. E se isso cansa as pernas acaba por cansar também a cabeça. E é difícil uma equipa a jogar sempre em bloco baixo conseguir nunca cometer pequenos erros – seja de ocupação de espaço, sejam erros técnicos individuais.
Aos 37’, depois de um par de lances perigosos de Portugal, uma bola longa de João Mário deu cabeceamento de Diogo Dalot ao segundo poste. O defesa Al-Rawi rematou no ar e a bola sobrou para Ronaldo, que finalizou no sítio certo – e é na área que, por estes dias, mais faz a diferença para os demais.
Aos 48’, Portugal chegou ao 2-0 após um livre. João Mário bateu, Danilo cabeceou para defesa incompleta e José Fonte fez a recarga. E fê-lo numa fase em que Fernando Santos já tinha desenhado um 4x3x3 mais declarado, com Rafael Leão a ocupar de forma evidente o corredor esquerdo.
Esta mudança colocou a linha avançada portuguesa a condicionar menos a saída do Qatar e isso não só atrasou a recuperação da bola, até então feita rapidamente em zonas adiantadas, como permitiu à selecção do Médio Oriente subir um pouco a linha defensiva. E fazer algo que ainda não tinha feito: trocar a bola durante alguns segundos.
Com tudo isto o Qatar deixou mais espaço nas costas para as “motos” Leão e Guedes – e era também para a velocidade e vertigem que o “onze” português da segunda parte estaria sempre mais preparado.
A partida entrou num ritmo lento, pausado e até algo pachorrento, com os jogadores portugueses a abdicarem de pressionar e os qataris incapazes de ferir ofensivamente. Foi uma segunda parte com um duo de grandes oportunidades de golo, por André Silva, que esteve perdulário, e ainda um golo anulado a Dalot e dois momentos de Rafael Leão: uma bola à trave e um golo falhado de forma caricata, de baliza aberta.
Já perto do final, Leão desistiu do golo, que não queria nada com ele, e cruzou para um bom cabeceamento de André Silva, que fez o 3-0. Foi um momento para colorir um pouco mais uns 45 minutos globalmente pouco interessantes de seguir.