“O museu que não deveria existir” mostra-nos as espécies marinhas em vias de extinção
O museu virtual dá a conhecer as seis áreas marinhas protegidas e 18 espécies portuguesas que se encontram em risco de extinção. No Museu de Extinção Marinha podem ser vistas espécies como o peixe-lua das Berlengas, o tubarão-azul dos Açores ou o cavalo-marinho da Arrábida.
Há um museu online quer mostrar as áreas marinhas protegidas (AMP) e sensibilizar para as espécies portuguesas que as habitam e se encontram em vias de extinção: o Museu de Extinção Marinha. O museu pode ser acedido através do telemóvel, com o QR code disponibilizado no site.
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Há um museu online quer mostrar as áreas marinhas protegidas (AMP) e sensibilizar para as espécies portuguesas que as habitam e se encontram em vias de extinção: o Museu de Extinção Marinha. O museu pode ser acedido através do telemóvel, com o QR code disponibilizado no site.
“Como as pessoas não vêem o que se passa no ambiente marinho, há uma falta de afectividade para com as suas espécies em vias de extinção”, diz Gonçalo Silva, responsável pelo projecto, biólogo e investigador no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) e no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE). Com a necessidade de proteger o ambiente marinho e consciencializar as pessoas para a sua importância, nasceu o Museu de Extinção Marinha.
Acedendo ao museu virtual, são visíveis vários edifícios que correspondem às seis AMP nacionais – Litoral Norte, Berlengas, Parque Natural da Arrábida, Parque Marinho do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, Reserva Natural Parcial do Garajau (Madeira) e a Área Protegida de Gestão de Recursos do Canal Faial-Pico/Sector Faial (Açores).
Em cada um dos edifícios o visitante fica a saber quais as espécies marinhas em perigo de extinção nessa zona e o que pode fazer para o evitar. São um total de 18 espécies retratadas (três por cada AMP), acompanhadas por um texto a informar sobre cada uma. Entre estas, podem-se observar o peixe-lua das Berlengas, o tubarão-azul dos Açores e o cavalo-marinho da Arrábida.
Estão também contempladas espécies “icónicas”, designa o biólogo de 40 anos, como o cachalote dos Açores e o lobo-marinho da Madeira. Há ainda o polvo ou o sargo que, “apesar de não estarem em perigo de extinção, se encontram com uma sobrecarga em termos de exploração comercial”, explica. O líder do projecto faz questão de destacar uma espécie que não está representada porque já desapareceu dos mares portugueses: o esturjão europeu.
O projecto científico é apelidado como “o museu que não deveria existir” porque, segundo Gonçalo Silva, “não o queremos ver; queremos sim que as espécies vivam no seu meio natural”. A ideia de criar um museu digital surge no âmbito do projecto BiodivAMP, financiado pelo programa Fundo Azul. O design da plataforma online ficou a cargo do arquitecto Ricardo Bak Gordon.
Tendo por base as alterações climáticas e a degradação do habitat de certos ecossistemas, o investigador acredita que todos podem ter um papel activo na conservação destes locais e espécies. “Os serviços que estes ecossistemas nos dão vão ditar, sobretudo, a qualidade de vida com que vivemos agora e no futuro”, alerta.
Texto editado por Ana Maria Henriques