Ataque suicida em mesquita xiita provoca dezenas de mortos no Afeganistão
O atentado não foi reivindicado, mas a comunidade xiita é frequentemente perseguida pela maioria sunita do país e tem sido alvo de vários ataques, incluindo do Daesh-K, grupo extremista rival dos taliban.
Uma explosão suicida numa mesquita xiita matou dezenas de pessoas e feriu mais de 100 esta sexta-feira na província de Kunduz, no Norte do Afeganistão, segundo as autoridades locais.
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Uma explosão suicida numa mesquita xiita matou dezenas de pessoas e feriu mais de 100 esta sexta-feira na província de Kunduz, no Norte do Afeganistão, segundo as autoridades locais.
“Esta tarde, uma explosão eclodiu numa mesquita dos nossos compatriotas xiitas, resultando na morte e ferimento de muitos dos nossos compatriotas”, disse no Twitter o porta-voz do grupo Zabihullah Mujahid, acrescentando que uma unidade especial estava a chegar ao local para investigar o incidente.
A agência estatal fala em 46 mortos e 143 feridos, segundo os números do Ministério da Informação afegão. A agência AFP avançou que morreram pelo menos 50 pessoas. E segundo a missão das Nações Unidas para o Afeganistão (UNAMA), “as informações iniciais apontam para mais de 100 mortes e feridos”, escreveu no Twitter.
De acordo com as autoridades locais, mais de 300 pessoas estavam na mesquita durante as orações de sexta-feira quando o ataque eclodiu.
As imagens que circulam nas redes sociais mostram vários corpos dilacerados entre os destroços da mesquita frequentada pela comunidade xiita, minoria muçulmana no Afeganistão, enquanto no exterior se espalhava o pânico entre a população.
Até à data o ataque não foi reivindicado, mas a comunidade xiita tem sido perseguida e alvo de ataques por extremistas sunitas, incluindo o Daesh-K, rival dos taliban.
“O incidente desta sexta-feira faz parte de um preocupante padrão de violência. É o terceiro ataque mortal desta semana, aparentemente contra uma instituição religiosa”, disse a UNAMA no Twitter.
Nas últimas semanas têm sido registados vários ataques, alguns deles reivindicados pela ramificação do Daesh. O último ocorreu no passado domingo na capital, Cabul, um atentado bombista que também teve como alvo uma mesquita, onde decorria o funeral da mãe do porta-voz taliban, Zabihullah Mujahid.
A BBC salienta que, a verificar-se que o Daesh-K foi responsável pelo atentado, corresponderá a uma expansão das suas actividades para o Norte do país. Enquanto isso, os taliban têm afirmado ter detido dezenas de pessoas suspeitas de pertencerem ao grupo rival. Publicamente, têm negado que o Daesh-K represente uma ameaça.
O grupo extremista foi criado por combatentes paquistaneses do Daesh que, meses depois da criação do seu califado do Iraque e da Síria em 2014, resolveram sair e juntar-se a outros militantes no Afeganistão para criar um grupo regional leal ao então líder do Daesh, Abu Bakr al-Baghdadi. Foi reconhecido formalmente pela liderança central em 2015 quando já tinha instalado raízes no Nordeste do Afeganistão, principalmente nas províncias de Kunar, Nangarhar e Nuristan, além de células no Paquistão e outras partes do Afeganistão, nomeadamente Cabul, segundo monitores da ONU, citados pelo Gulf News. Khorasan é um nome histórico para uma zona que abarca partes do Paquistão, Irão, Afeganistão e da Ásia Central.