Morreu o padre Vítor Feytor Pinto, o antigo coordenador nacional da Pastoral da Saúde

O padre, de 89 anos, morreu esta manhã no Hospital da Luz.

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Vítor Feytor Pinto estava doente há vários anos DR

Morreu esta quarta-feira o padre Vítor Feytor Pinto, aos 89 anos. O sacerdote já estava há vários meses a lidar com problemas de saúde e na noite passada foi transportado da Casa Sacerdotal para o Hospital da Luz, em Lisboa.

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Morreu esta quarta-feira o padre Vítor Feytor Pinto, aos 89 anos. O sacerdote já estava há vários meses a lidar com problemas de saúde e na noite passada foi transportado da Casa Sacerdotal para o Hospital da Luz, em Lisboa.

“Faleceu esta manhã o nosso querido padre Vítor Feytor Pinto, no Hospital da Luz. Foi para tantos o amigo generoso, o companheiro de caminhada, o padre profundo e feliz e um homem de pensamento que deixa um legado extraordinário. As saudades são muitas, mas sabemos que ele olha por nós, envolvido na ‘ternura maravilhosa de Deus que nos acolhe’”, indica uma nota divulgada pela Paróquia do Campo Grande, do Patriarcado de Lisboa.

O coordenador nacional da Pastoral da Saúde, padre José Manuel Pereira de Almeida, considerou o padre Vítor Feytor Pinto um “inovador”. “Foi sempre um inovador para o seu tempo” e “rasgou horizontes”, ao fazer a transformação “da pastoral do doente para a Pastoral da Saúde”, disse à agência Lusa o actual responsável pela Pastoral da Saúde em Portugal.

“Estava já muito fragilizado” pelos problemas de saúde, “mas deu um exemplo, vivendo o seu sofrimento com optimismo”, acrescentou o padre José Manuel Pereira de Almeida, destacando também a grande experiência que Feytor Pinto “adquiriu como capelão hospitalar”.

O padre esteve vários anos na paróquia do Campo Grande, mas era conhecido também por um forte envolvimento em questões de saúde: foi assistente nacional e diocesano da Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde e assistente diocesano dos Médicos Católicos e assistente diocesano da Associação Mundial da Federação dos Médicos Católicos.

Vítor Francisco Xavier Feytor Pinto nasceu em 6 de Março de 1932, na freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra. O sacerdote foi ordenado na diocese da Guarda a 10 de Julho de 1955, tendo ficado ligado à divulgação do Concílio Vaticano II no Movimento “Por um Mundo Melhor” e ao trabalho na Acção Católica e à vivência do 25 de Abril, antes de chegar à reflexão sobre a Pastoral da Saúde e a defesa dos direitos fundamentais, como explica a Ecclesia.

No livro-entrevista A Vida É sempre Um Valor, lançado pela editora Paulinas, Feytor Pinto explicava a sua fé na “vida para além da vida”. “O mistério da morte é um tempo de passagem, mas a nossa razão de ser é a vida. Aqui, temos de dá-la a conhecer, para que toda a gente sinta que não é destruída pela morte. Nem a morte nos destrói. Acredito profundamente nisto.”

"Mestre pela palavra e pelo exemplo"

O Presidente da República lamentou a morte do padre Feytor Pinto, recordando-o como “uma das figuras mais importantes da Igreja Católica Portuguesa nos últimos cinquenta anos”, e prestou homenagem ao “mestre pela palavra e pelo exemplo”.

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa “lembra, já com saudade, o padre Feytor Pinto”, considerando que com a sua morte “desaparece uma das figuras mais importantes da Igreja Católica Portuguesa nos últimos cinquenta anos”.

“E, certamente, das mais presentes em movimentos de jovens, de famílias, de comunidades sociais as mais diversas, e das mais sensíveis a todos os grandes problemas da sociedade portuguesa, da educação à saúde, da solidariedade social às migrações, da inclusão ao mundo do trabalho”, acrescenta o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa refere que Feytor Pinto “não precisou sequer de pertencer à hierarquia para ter influência decisiva em momentos essenciais da afirmação da mensagem cristã”.

“O Presidente da República homenageia ainda o homem, o mestre pela palavra e pelo exemplo, o cidadão, o português, apresenta os seus mais emocionados sentimentos aos seus familiares e recorda, em particular, uma muito antiga amizade”, lê-se na nota.

O chefe de Estado declara que “os anos mais recentes tornaram ainda mais forte” essa amizade, “com o acompanhamento próximo da 'via crucis’, feita de amor à vida e de capacidade de resistir e de se reinventar, que o padre Vítor Feytor Pinto demonstrou até ao último minuto” da sua vida.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Feytor Pinto contribuiu para a “afirmação da mensagem cristã” com “constante visão de serviço e de futuro, ou para ajudar a estabelecer diálogos ecuménicos e a aplanar caminhos em paróquias, dioceses e plataformas de partilha, em momentos cruciais da vida comunitária, desde os anos 70”.

Também o presidente da Assembleia da República manifestou “profundo pesar” pela morte do padre, salientando que ficará “na memória de todos” o seu “forte envolvimento em questões de saúde e da sociedade civil”.

Em comunicado, Eduardo Rodrigues frisa ainda que o trabalho do padre Feytor Pinto também ficaria “ligado à reflexão sobre a Pastoral da Saúde e a defesa dos direitos fundamentais, destacando-se igualmente o seu trabalho ao longo de vários anos como responsável da paróquia do Campo Grande”. “Na memória de todos nós ficará o seu forte envolvimento em questões da saúde e da sociedade civil”, lê-se na nota.

Ferro Rodrigues envia assim, em seu nome “e em nome da Assembleia da República”, “as mais sentidas condolências” à família e amigos do padre Feytor Pinto.