Retoma do consumo coloca crescimento económico em 4,8% este ano

Previsão de crescimento económico do Banco de Portugal, mais optimista que as do Governo, Comissão Europeia e FMI, fica inalterada, com o consumo a compensar o desempenho mais fraco que o esperado de investimento e exportações.

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Consumo importante na retoma da economia,Consumo importante na retoma da economia Nuno Ferreira Santos,Nuno Ferreira Santos

Uma recuperação mais rápida do que o esperado do consumo privado compensou o desempenho abaixo das expectativas das exportações, permitindo que o Banco de Portugal mantivesse a que tem sido, até agora, a previsão mais optimista de crescimento para a economia este ano. 

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Uma recuperação mais rápida do que o esperado do consumo privado compensou o desempenho abaixo das expectativas das exportações, permitindo que o Banco de Portugal mantivesse a que tem sido, até agora, a previsão mais optimista de crescimento para a economia este ano. 

No boletim económico de Outubro divulgado esta quarta-feira, a entidade liderada por Mário Centeno estima que a economia portuguesa cresça 4,8% no decorrer deste ano, recuperando parcialmente da queda de 7,6% registada no ano passado e “aproximando-se do nível pré-pandemia no final do ano”. 

Em Junho, quando apresentou as suas últimas previsões, o Banco de Portugal já tinha sido, entre as instituições que divulgam estimativas para a evolução da economia portuguesa, a mais optimista. Em Julho, a Comissão Europeia antecipou para Portugal um crescimento de apenas 3,9%, tendo o FMI feito o mesmo um pouco antes, em Abril. 

As previsões do banco central também continuam a superar de forma clara as expectativas mais recentes do Governo, dadas a conhecer em Abril no Programa de Estabilidade. O executivo apontava nesse documento para um crescimento económico de 4% este ano.

Agora, quando já são conhecidos os dados oficiais do segundo trimestre (que mostraram um crescimento forte da economia portuguesa) e já existem indicadores que apontam para uma continuação da tendência de retoma no terceiro trimestre, o Banco de Portugal reafirma a estimativa que tinha feito em Junho para este ano. 

A poucos dias da entrega da proposta de Orçamento do Estado (agendada para a próxima segunda-feira), o Governo ganha aqui mais uma razão para acreditar que estamos perante uma conjuntura económica um pouco mais favorável, o que poderá facilitar a execução do próximo OE.

Em Abril, no Programa de Estabilidade, o executivo tinha como meta um défice de 3,2%, num cenário em que a economia crescia 4% em 2021 e 4,9% em 2022. O Banco de Portugal, para além de estimar um crescimento de 4,8% este ano, previa em Junho um crescimento de 5,6%, uma projecção que agora não actualizou. 

Mais consumo privado 

Apesar de a estimativa do PIB ter ficado inalterada, as projecções para as suas diversas componentes alteraram-se. A estimativa para o consumo privado foi a que mais melhorou entre Junho e Outubro. O banco central previa um crescimento de 3,3% e agora antecipa uma variação de 4,5%. O boletim explica que “a variação em cadeia do PIB no segundo trimestre deste ano foi também ligeiramente superior à antecipada em Junho, devido a um maior crescimento do consumo privado”, uma aceleração que não é anulada pelo abrandamento já antecipado para a segunda metade do ano.

Menos positivas do que o esperado são as variações das exportações e do investimento. O banco central fala do “agravamento das perturbações do lado da oferta a nível mundial”, algo que tem um “impacto negativo no investimento e nas exportações de bens” em Portugal. As exportações vão crescer, diz agora o banco, 9,6%, quando em Junho a previsão era de 14,5%. Já o investimento irá crescer 5,6%, em vez dos 7,6% projectados em Junho.