Metamorfose dos géneros segundo Julia Ducournau

Com Titane, algures entre o filme de género e a fábula mítica, a francesa Julia Ducournau tornou-se apenas na segunda mulher a vencer a Palma de Ouro em Cannes. Mas o que se revela é um cinema seguro, físico, pessoal e intransmissível, inspirado por Pasolini ou Cronenberg.

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Julia Ducournau, ao centro, levou a Palma de Ouro de Cannes, o mais discutido e mais simbólico dos grandes prémios de festivais de cinema; apenas a segunda mulher a receber o prémio em 74 anos de existência do certame, 28 anos depois da primeira, Jane Campion Dominique Charriau/WireImage

“Se eu sou Deus, o sapador Legrand é Jesus”, diz aos seus homens Vincent Legrand, chefe de bombeiros interpretado por Vincent Lindon, a propósito do filho que acabou de reencontrar após uma década de ausência. Esta frase aparentemente de passagem explica muito do percurso que Julia Ducournau (Paris, 1983) desenha em Titane, a sua segunda longa-metragem, quinta-feira nas salas.

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“Se eu sou Deus, o sapador Legrand é Jesus”, diz aos seus homens Vincent Legrand, chefe de bombeiros interpretado por Vincent Lindon, a propósito do filho que acabou de reencontrar após uma década de ausência. Esta frase aparentemente de passagem explica muito do percurso que Julia Ducournau (Paris, 1983) desenha em Titane, a sua segunda longa-metragem, quinta-feira nas salas.